As divagações existenciais de um português pós-moderno. Análise crítica da obra “As intermitências da morte”, de José Saramago
Por Lucas Pinheiro José Saramago. Foto: Leonardo Cendamo. Seria simples vir aqui e comentar sobre as características técnicas e estilísticas de Saramago, mas você, leitor instruído, com certeza já sabe, e entende, que ele foi um autor de apostas ousadas em sua literatura. Quem diabos deixaria toda uma população cega em um de seus romances? Apenas um autor demiurgo de veemente agilidade, é claro. Ora, primeiro ganhador português do Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, de modo irreverente, neste livro que resenho, propõe reflexões sobre a morte e outras instâncias da vida humana, sendo esta a protagonista absoluta da narrativa, enquanto constrói críticas à sociedade, revelando sua hipocrisia, sem intermitências, à luz da morte — desafiando a própria mortalidade enquanto subverte, ironicamente, o tema desgastado da imortalidade. Eis que, no primeiro dia do ano, em um país sem nome, a morte resolve tirar férias e, inicialmente, isso é motivo de festa! Em pouco tempo, entretanto,