Tradução de “Uma cena de Fausto”, de Aleksandr Púchkin
Por Joaquim Serra Nesta cena de Fausto , temos um exemplo do empréstimo que Aleksandr Púchkin faz da literatura mundial. O pacto selado entre Fausto e Mefisto, para o escritor russo, adquire traços do tédio que faria um longo caminho pela literatura do século XIX. E Púchkin, que não leu a segunda parte da tragédia de Goethe, já identifica no assunto fáustico a destruição que vai tomar lugar principalmente em Fausto II . Aquele fomentador, criador visionário, que ironicamente vislumbra o mundo da igualdade quando está cego, aqui está preocupado com a monotonia dos dias, ganhando aspectos da própria aristocracia ao redor de Púchkin. O leitor de Púchkin sente falta nesta Cena daquele narrador intruso, que remexe na vida e na alma de suas personagens em Eugênio Onêguin . Esse componente essencial que enforma o modo próprio do autor em narrar a vida russa, dá lugar aqui ao diálogo por vezes cínico entre Fausto e Mefisto. Para esta tradução, optamos por uma versão mais próxima da pr