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Vidas secas: o mais árido movie

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Por Heto Sazá Vidas secas (1963) faz questão de deixar bem claro, logo no primeiro plano, com um letreiro em tela: o filme trata-se de uma nota de esclarecimento sobre a realidade sertaneja e uma chamada pública à luta. O filme, por isso, começa e termina no mesmo fatídico lugar: na seca, na penúria, na miséria; começa e termina ciclicamente, tal qual a natureza que ele desnuda: num grito, alarmante e desconcertante. Melhor preparar o estômago, pois o que virá não será fácil. O filme a seguir não é daqueles que nos alisa a cabeça, pelo contrário, parece mais interessado em nos socar a barriga. A primeira fala de Sinhá Vitoria é reveladora, diz muito sobre uma gente que mal fala e, se fala, é feito bicho, num grunhido.  Ela, exausta e esfomeada pela longa viagem, mata o papagaio de estima da família na mão e se justifica dizendo “também, (ele) não falava, não servia pra nada”. Mas, mais reveladora ainda é a sua fala final, pois agora, no desfecho de sua jornada, ela vê a si mesma enqua