Hans Fallada. Loucura e inferno
Por Fernando Clemot Meu querido filho, Uli, mamãe me disse que você não está se sentindo muito bem, que está muito abatido. Suspeito que você pode ter ouvido coisas sobre seus pais que o deixaram muito triste. Quero ser honesto com você... Algumas coisas aconteceram — por minha causa — que nunca deveriam ter acontecido. Mas nada do que se conta aconteceu como as pessoas dizem: tudo foi menos grave e, sobretudo, reina a certeza de que tudo voltará ao seu lugar. Fiquei doente por muito tempo sem saber... Estou me curando e espero... Vou escrever algumas linhas sobre mim: a casa em que moro é triste e estranha, e está cheia de homens muito doentes, dos quais sou o mais saudável. As regras da casa são muito rígidas: eles nos fazem ir para a cama às sete e meia e se levantar perto das seis. Como você entenderá, seu pai não consegue dormir tantas horas. Passo a noite acordado, olho as estrelas no céu, ouço o zumbido dos aviões, ouço o relógio bater as horas, invento histórias e pen