São os russos
Por David Toscana A cavalaria vermelha . Kazimir Severinovich Malevich, 1932. Tenho em minha mesa dois livros cujas histórias começam na Ucrânia: O exército de cavalaria , de Isaac Bábel, e Kaputt , de Curzio Malaparte. O livro de Bábel começa assim: “O comdiv 6 relatou que Novograd-Volynsk tinha sido tomada hoje, ao amanhecer. O Estado-Maior saiu de Krapivno, e nosso comboio, uma barulhenta retaguarda, espalhou-se pela estrada de pedra que vai de Brest a Varsóvia, construída sobre os ossos dos camponeses por Nicolau I.” Em seguida nos descreve o ambiente fértil, que tem sido a bênção e a maldição da Ucrânia: “Campos de papoulas púrpura floresciam à nossa volta, o vento do meio-dia brinca por entre o centeio amarelado, e o virginal trigo sarraceno ergue-se no horizonte como a muralha de um mosteiro longínquo. O plácido Volýnia serpenteia. O Volýnia afasta-se de nós na bruma perolada das moitas de bétulas, infiltra-se através das colinas floridas e, com seus braços cansados, enre