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Mostrando postagens de fevereiro 10, 2022

Louise Glück, poeta crepuscular

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Por John Freeman Louise Glück. Foto: Katherine Wolkoff   Na poesia estadunidense não crescem muitas plantas noturnas. Para cada Emily Dickinson, com seus interiores brocados e sintaxe peculiar, há dez mil poetas ensolarados. Numa nação de extremos, por que existem tão poucas estrelas obscuras? Talvez seja a desconfiança que temos em relação ao pensamento do que não se exterioriza. Ou a hostilidade nos Estados Unidos em relação aos estados mandarins de ser. Seja qual for a razão, por mais de um século, Dickinson ficou sozinho em sua obscuridade laqueada, em sua estranheza, em sua capacidade de virar o mito de cabeça para baixo e nele costurar uma nova linguagem. Até Louise Glück aparecer.   Descarnada, brilhante e intimamente mítica, Glück parece ter despencado para a Terra vindo de um planeta de gelo distante. Algum em que “há uma fissura na alma humana / que não foi construída para pertencer / inteiramente à vida” 1 . Se Dickinson chegou perto da morte, Glück escreve como sua amante g