Diomedes, de Lourenço Mutarelli
Por Joaquim Serra “Sabe por que as pessoas riem de mim?”, diz um dos personagens de Diomedes , o palhaço Chupetin, enquanto o detetive ri descontroladamente. Riem porque “por trás destas vestes existe um miserável que precisa humilhar-se a tal grau para poder ganhar a vida”. O riso trágico é o traço fundamental de Diomedes , quadrinho de 1999, de Lourenço Mutarelli. Na primeira parte da “Trilogia do Acidente”, um misterioso Hermes pede para que o detetive Diomedes encontre Enigmo, um ilusionista desaparecido há vinte anos. O motivo é um apelo pessoal; trazer de volta um momento de prazer da infância, quando Hermes viu o mago do ilusionismo em ação. Diomedes aceita a proposta que o ajudaria a sair da lama financeira. Policial aposentado e tendo que trabalhar para suportar as contas que não param de chegar, Diomedes é um pícaro contemporâneo; nunca resolveu um caso — nem o caso extraconjugal da companheira com um conhecido seu —, mas exibe um Olho de Hórus na porta do escritório de d