Brasília 5.5, de Tatiana Nascimento — corte e montagem
Por Wagner Silva Gomes BRASÍLIA 5.5 sujo demais novo demais escuro demais feridas demais na pele quase ultimato um corpo a mais no vagão errado no século errado no continente errado presença quase desacato incomoda demais a polícia as pessoas de bem o ar metropolitan chic a pressa do trem “Brasília 5.5” é um poema da escritora Tatiana Nascimento, do livro Lundu (2016), que remete ao tempo psicológico da figura dos candangos, trabalhadores que construíram Brasília de 1956 a 1960 no contexto do governo de Juscelino Kubitschek, presidente que prometeu para a construção da capital federal o avanço temporal de 50 anos em 5 de governo (daí o título 5.5, de 50+5 = 55; e 5 + 0 (vazio temporal) em simetria com o outro 5 (dois tempos simétricos); e o zero que, em 5.5, ganha através do ponto — o zero diminuído — um preenchimento de cor). Os três primeiros ve