Saul Bellow em Boston
Por Jeffrey Mehlman Saul Bellow. Foto: Giovanni Giovannetti Para o mundo ele era a encarnação de Chicago, uma sensibilidade filosófica cuja linguagem preferida era a indiferença urbana e das ruas. Seu amigo Allan Bloom afirmava que ele era para Chicago o que Balzac era para Paris. E, em certo sentido, Chicago era para ele o oposto de Paris. Havia viajado para a capital francesa em 1948 na esperança de escrever o que era conhecido em seu ambiente pela sigla “G.N.A.”: o “grande romance americano”. E ele mais ou menos fez com As aventuras de Augie March . Mas nas margens do Sena, a inspiração lhe veio como uma aparição que viera visitá-lo do Meio Oeste estadunidense. De repente, ele percebeu que a voz de seu amigo esquecido Chucky, de Chicago, um “charlatão que não parava de anunciar que tinha algum super plano”, seria a voz de seu romance. E a voz não parava. “Tudo o que eu tinha que fazer era ficar recolhendo-a a baldes.” Por mais nativo de Chicago que parecesse, não havia nascido