Boletim Letras 360º #500
DO EDITOR
1. Caro leitor, até o mês de
novembro, lembrarei aqui sobre o sorteio que agora o blog realiza com o apoio
da Editora Trajes Lunares. A casa disponibilizou dois Kits de livros para
sorteio entre os participantes do nosso clube. Este clube de apoios é uma das
alternativas para ajudar este blog com o pagamento das despesas anuais de
hospedagem na web e domínio.
2. Para participar dos sorteios é
simples. Envia um PIX a partir de R$15 a blogletras@yahoo.com.br; para saber
mais sobre os livros da Trajes Lunares disponíveis, sobre outras formas de
apoiar, visite aqui. E lembro que: a aquisição de qualquer um dos livros
pelos links ofertados neste Boletim garante a você desconto e ajuda ao blog sem
pagar nada mais por isso.
3. Bom descanso e boas leituras!
Annie Ernaux. Foto: Ed Alcock. |
LANÇAMENTOS
Depois do Prêmio Nobel, o livro
seguinte de Annie Ernaux no Brasil.
Se a capacidade de dizer muito com
poucas palavras é um traço característico de Annie Ernaux, ela parece ter
atingido um dos pontos mais altos de sua produção literária em O jovem.
Nas breves páginas deste livro magistral, a escritora dá conta de uma miríade
de temas e afetos ao rememorar o relacionamento que teve, aos 54 anos, com um
estudante trinta anos mais novo. Como de costume, Ernaux nunca fala de uma só
coisa ao escrever. Para além da diferença de idade dos amantes, estão presentes
em O jovem reflexões sobre o desejo feminino, o relacionamento entre pessoas de
classes sociais diversas, a passagem do tempo, a memória ― individual e
coletiva ―, a escrita e o papel da mulher na sociedade francesa dos anos 1990,
que pouco difere da nossa em certos aspectos. Absorta pelo romance, Ernaux
descreve: “Meu corpo não tinha mais idade. Era necessário o olhar pesado e
reprovador de clientes ao nosso lado num restaurante para que eu me desse conta
desse corpo. Olhar que, longe de me envergonhar, reforçava minha determinação
de não esconder meu relacionamento com um homem ‘que poderia ser meu filho’,
enquanto qualquer sujeito de cinquenta anos podia se exibir com uma moça que
claramente não era sua filha sem nenhuma reprovação”. Quando reflete sobre o
papel do jovem em sua vida, Ernaux se dá conta de que não é tanto pelo que
trouxe de novo, mas justamente pela repetição, que ele deixou sua marca: essa
dimensão filosófica dos relacionamentos ― que já havia sido citada pela autora
em Os anos com o nome de “sentimento palimpsesto” ― é destrinchada aqui
com a maestria de uma escritora para quem a passagem do tempo acrescenta novas
camadas àquilo que ela tem a dizer e à qualidade de sua escrita. O livro sai
pela Editora Fósforo com tradução de Marília Garcia. Você pode comprar o livro aqui.
O segundo livro no Brasil do
conceituado Benjamín Labatut.
A realidade está além do nosso
alcance? A verdade e a loucura são sintomas da mesma doença? Benjamín Labatut,
autor do cultuado Quando deixamos de entender o mundo, lança mão de uma
pintura de Hieronymus Bosch, o terror atávico de H. P. Lovecraft, a lógica
radical de David Hilbert e a iluminação delirante do escritor de ficção
científica Philip K. Dick para falar sobre estranhas mudanças na experiência
humana. Seguindo os caminhos da desrazão, e a partir de teorias científicas,
obras literárias, experiências pessoais (como uma acusação de plágio que
Labatut recebeu de uma leitora) e a história recente do Chile e do mundo
(passando pelos horrores da ditadura de Pinochet, a ascensão mundial de uma
extrema direita e chegando aos protestos que levaram a população chilena às
ruas em 2019), o autor mergulha na descoberta do caos numa tentativa de remover
a pedra da loucura que cresce como um bulbo em nossa testa, enquanto o mundo
toma formas nas quais não podemos mais acreditar. Nos dois ensaios que compõem
esta fascinante obra (“A extração da pedra da loucura” e “A cura da loucura”),
Benjamín Labatut enfim nos lembra que, às vezes, enlouquecer pode ser uma
resposta adequada à realidade, e que o preço que pagamos pelo conhecimento é a
perda da compreensão. A tradução de Mariana Sanchez é publicada pela Editora
Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
O livro de Virginia Woolf
marcado por sutis e desvios estilísticos e narrativos que o tornam uma das peças
mais admiráveis do modernismo britânico.
Entre os atos narra o
desenvolvimento da encenação de uma peça teatral de tema histórico, num
lugarejo da Inglaterra num dia indefinido de junho de 1939. O livro não é
dividido em capítulos, mas em seções ou episódios sem títulos que são separados
apenas por um espaço maior entre parágrafos. Virginia começou a escrevê-lo em
abril de 1938, já sob a ameaça do início da Segunda Guerra Mundial,
concluindo-o em março de 1941, um pouco antes de suicidar-se por afogamento no
Rio Ouse (28 de março). Em geral, mesmo após ter dado o livro como pronto, ela
costumava fazer uma série de novas revisões antes de enviá-lo para a impressão.
Nesse caso, a decisão de imprimi-lo, ainda que sem suas revisões finais, coube
ao marido, Leonard Woolf. O livro saiu a público, pela Hogarth Press, a editora
do casal, em 17 de julho de 1941. A narrativa de Entre os atos se divide
entre, de um lado, os episódios da peça encenada ao ar livre, que percorre, em
seus diferentes atos, a história da Inglaterra, desde os seus primórdios até a
época em que se desenrolam os episódios do romance e, de outro, os dramas e as
paixões dos habitantes do povoado em que a representação teatral se desenvolve.
Embora não seja tão radicalmente experimental quanto As ondas, seu
último livro está repleto de minúsculos mas sutis e delicados desvios
estilísticos e narrativos que o tornam uma das peças mais admiráveis do
repertório do modernismo literário britânico. Com tradução de Tomaz Tadeu, o
livro é publicado pela Editora Autêntica. Você pode comprar o livro aqui.
Um ensaio iluminador sobre Pier
Paolo Pasolini e suas alternativas no interior de uma sociedade de acentuada
degradação.
Pasolini – o fantasma da
origem é a tentativa de trazer à tona a complexidade daquele que talvez
tenha sido um dos últimos intelectuais públicos, uma complexidade que emerge
banhada não só de antíteses, como vida individual e coletiva, mas também de
aparentes contradições entre conservadorismo e o mais alto grau de subversão,
entre uma sacralização do milagre do mundo e um ateísmo marxista –
“cristianismo ateu”, como diz Recalcati. Pasolini critica o conluio entre um
Novo Fascismo e a então crescente civilização do consumo, e sonha com um tempo
mítico, onde o mistério do mundo se expressa, por exemplo, no desaparecimento
dos vaga-lumes. Assim, se o “Novo fascismo não se funda sobre um regime
policialesco que nega a liberdade individual, mas sobre um regime
paradoxalmente permissivo que retira todo o sentido mitológico e religioso da
vida em nome de uma ilimitada promessa hedonista”, o desaparecimento dos
vaga-lumes é o “símbolo de um tempo em que o mistério ainda habitava o mundo”.
Pasolini é o retrato de um conflito não resolvido entre vida e história, corpo
e razão, indivíduo e comunidade, mito e desmitização; as metamorfoses do poder
e a resistência da palavra. O livro é publicado pela Editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
O novo livro de Eduardo Halfon
no Brasil.
Cidade da Guatemala, uma manhã
fria de janeiro de 1967. Em um evento da guerra civil guatemalteca, o
comerciante judeu libanês Eduardo Halfon é sequestrado próximo a sua casa. Anos
depois, o escritor guatemalteco Eduardo Halfon, disfarçado de libanês em
Tóquio, repassa sua infância na Guatemala dos anos 1970, a emigração de seu avô
materno do Oriente Médio, o fato de ele próprio não ser mais sequestrável e a
participação de um açougueiro na guerrilha para elucidar passagens da vida de
seu avô e da história recente de seu país, em que vítimas e carrascos se
confundem. Com Canción, Halfon dá continuidade a seu projeto literário
envolvendo memória e identidade, em um romance no qual o eu é apenas uma peça
de um quebra-cabeça. Traduzido por Joca Reiners Terron, o livro é publicado
pela Editora Mundaréu. Você pode comprar o livro aqui.
Nova tradução de uma tragédia
que refigura um dos heróis da Guerra de Troia.
A figura de Ájax, um dos heróis da
Guerra de Troia, tem fascinado o público desde a mais remota Antiguidade. Na Ilíada
ele já era retratado como um personagem arcaico, um indômito guerreiro que
portava um enorme escudo e eventualmente atirava pedras nos inimigos. Nesta
tragédia de Sófocles (496-406 a.C.), um dos pontos altos da dramaturgia
mundial, o foco volta-se para a sua derrocada. Após o julgamento que destinou
as armas de Aquiles a Odisseu, e não a ele, que tinha sido o responsável por
deter as forças troianas na ausência do maior herói grego, Ájax se revolta e
decide matar Agamêmnon, Menelau e o próprio Odisseu. Nesse momento intervém a
deusa Atena, que faz com que Ájax massacre os rebanhos de seu exército
acreditando se tratar do contingente grego. A partir desse evento, Sófocles vai
discutir uma das questões centrais de sua época: como as tradições das antigas
aristocracias, representadas na peça por Ájax, poderiam ser medidas em face dos
novos valores da democracia ateniense? Ou mais amplamente: como as convicções
mais profundas de uma sociedade são afetadas pela passagem do tempo? A nova
edição da peça de Sófocles Ájax, bilíngue, inclui o clássico ensaio de
Bernard Knox sobre a tragédia, em que o eminente helenista discute esse e
outros temas, e a brilhante tradução de Trajano Vieira, na qual toda a riqueza
de registros do texto sofocliano foi recriada com talento e esmero em nossa
língua. O livro é publicado pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
Ricardo Aleixo e as tessituras da memória.
É tarefa instigante delimitar os
usos que Ricardo Aleixo faz da palavra, esteja ela escrita no papel ou “jogada
no vento”, como diz um de seus mais conhecidos poemas. “Vidapoesia” é o exato
neologismo usado pelo autor para descrever uma relação situada nos limites da
linguagem e da existência — dinâmica incomum que, numa bem-vinda aproximação
com a prosa, recebe neste livro contornos afetivos específicos. Mas as memórias
que compõem este volume não são apenas reminiscências. Vão além do
memorialismo, injetando novas tensões ao gênero que outros grandes poetas
brasileiros, como Manuel Bandeira e Murilo Mendes, praticaram em seus anos de
maturidade. Descrevendo desde os primeiros contatos com as letras, ainda
criança em Belo Horizonte, a lembrança puxa a crítica, desvela o comentário,
anuncia rápidos arranjos ensaísticos e abre alas para a poesia. A prosa
memorialística de Aleixo, híbrida por si só, deixa evidente uma inseparável
ligação sua com as bordas da literatura, numa constante reinvenção do passado
pela palavra escrita e avoada, a todo tempo distendida. Não por acaso, suas
lembranças também são testemunhos da afirmação contra os privilégios, a
condescendência e o preconceito que atravessam a trajetória de um artista que
faz desses temas motivos recorrentes em sua obra. Sonhei com o anjo da
guarda o resto da noite é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Os contos de ficção científica
de Dinah Silveira de Queiroz.
Dinah Fantástica: Contos de
ficção científica reunidos — Eles herdarão a Terra e Comba Malina é a
reunião de duas obras, publicadas ao longo da década de 1960, em que vemos
Dinah exercitar sem medo o maior alcance de sua inventividade: o estranho e o
insólito característicos da ficção científica. Ao se referir a Dinah Silveira
de Queiroz, é impossível não apontar sua versatilidade, a maneira como explorou
gêneros, temas, épocas, cenários. E aqui cumpre dizer: Dinah foi também uma
pioneira da ficção científica brasileira. Nos mistérios do gênero, foi iniciada
aos seis anos pelo pai, Alarico Silveira, ouvindo-o narrar, e às vezes até
recriar, clássicos de Júlio Verne e H.G. Wells. Neste volume, estão reunidos
dez contos em que a autora explora elementos do gênero, reproduzidos de Eles
herdarão a Terra, originalmente publicado em 1960, e de Comba Malina,
de 1969. Na carta aos leitores que abre o primeiro livro, diz: “Receba,
portanto, a minha procissão fantástica, como as mil e uma faces do autor num
espelho partido”. E não se deve pensar que a incursão de Dinah na ficção
científica se restringe a cenários intergalácticos e criaturas extraterrenas
(embora os construa com maestria), mas aborda temas urgentes a seu momento
histórico, sem soar datados ao público contemporâneo, e profundas questões
universais: a perseguição aos marginalizados, os descabimentos nas disputas da
política partidária, o terror colonialista e sua profunda relação com a maneira
de subjugar a mulher e outras minorias e a busca para uma resposta ao que nos
faz humanos. Ora divertidos e marcados por refinada ironia, ora tensos e
sombrios, os contos deste volume nos provocam, inquietam, enternecem. No
posfácio para esta nova edição, a pesquisadora Ana Rüsche se refere a um
questionamento lançado por Dinah: “Que destino terá a obra de um escritor de
nossa época quando raiar o século XXI?”. Hoje, nós, os leitores do famigerado
século XXI, estamos certos de que sua literatura inventiva, elegante e
resistente aos modismos perdurará e, quiçá, conforme seus exercícios de
futurologia, alcançará outros mundos e seres. O livro é publicado pela Editora
Instante. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Rubião online. Foi aberto ao
público nesta semana um site que reúne vasto material de arquivo de Murilo
Rubião. O novo espaço online conta ainda com podcast, biografia, cronologia e
textos de depoimentos de escritores contemporâneos sobre o escritor mineiro. Você pode acessar aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição de Judas, o
obscuro, de Thomas Hardy.
Jovem de origem camponesa, Judas
tem uma única ambição: educar-se. Por toda a infância, sonha com o dia em que
abandonaria sua aldeia no Wessex rumo à Universidade de Christminster. Para
tanto, empenha-se nos estudos de letras clássicas e, mesmo quando deve abafar
seus altos desígnios sob o peso das necessidades materiais, domina
brilhantemente o ofício de pedreiro. Seu destino, no entanto, será afetado por
seus relacionamentos: primeiro, com a frívola Arabella e, mais tarde, com Sue,
sua prima alegre e inteligente. Apesar de seu esforço, a sombra de um mau
presságio se estende ameaçadoramente sobre seu futuro, e um destino trágico,
inevitável e cruel, não demora muito para se revelar. Publicado em 1895, Judas,
o obscuro é o último romance do autor e uma das grandes obras da literatura
mundial. É considerado um dos livros que refletem mais fielmente o drama da
nossa civilização. O leitor verá aqui toda a problemática do homem moderno na
sua vida íntima, graças à extraordinária sensibilidade e ao poder criador de
Thomas Hardy. A tradução de Octavio de Faria é reeditada pela Editora Sétimo
Selo. Você pode comprar o livro aqui.
O aclamado Best-seller de
Patrick Süskind, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos no mundo, ganha
nova edição.
França, século XVIII. O
recém-nascido Jean-Baptiste Grenouille é abandonado pela mãe junto a restos de
peixes em um mercado parisiense. Desprovido do cheiro que todo ser humano exala
e rejeitado pela sociedade que o considera um ser abominável, o menino
Grenouille cresce sobrevivendo ao repúdio, a acidentes e a doenças. Durante a
juventude, ele descobre ser dotado de um dom sublime ― uma extraordinária
sensibilidade olfativa ― e passa a buscar a essência perfeita, o perfume que
lhe falta para atingir o que mais almeja: tornar-se um homem completo e amado.
Mas há um preço lúgubre para alcançar a perfeição ― esta essência precisa ser
usurpada de outros corpos, e, para isso, a vida deve ser extraída deles. Nesta
obra incrível, Patrick Süskind promove um malabarismo de palavras que inquieta
o leitor. Ao usar uma linguagem densa e impetuosa, O perfume combina
tons envolventes, construindo uma metáfora da morte que celebra a vida neste
que já é um clássico contemporâneo. A nova edição com tradução revista de
Flávio R. Kothe é publicada pela Editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
Nova edição do principal
romance de Dyonelio Machado.
Em 28 capítulos curtos, escritos
numa prosa descarnada, acompanhamos a perambulação do pobre homem por uma então
provinciana Porto Alegre. De bonde ou a pé, Naziazeno atravessa ruas mergulhado
em um estado de angústia existencial. Uma série de desencontros e rejeições
reforça o cenário de vulnerabilidades, tanto sociais quanto psicológicas, que
servem de motor para o romance. Publicado em 1935, Os ratos só foi
instigar a crítica algumas décadas depois. O romance é publicado pela Editora
Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
PREMIAÇÕES
Annie Ernaux é o Prêmio Nobel
de Literatura em 2022.
Annine Ernaux nasceu em
Lillebonne, na França, no dia 1.º de setembro de 1940. Estudou nas
universidades de Rouen e Bordeaux; trabalhou como professora de literatura
moderna; e estreou na literatura em 1974 com o romance autobiográfico Les
Armoires Vides. No Brasil, a obra da escritora começa a ser publicada em 1992
com Paixão simples, mas só será retomada em 2019 com uma série de livros
que passa em revista vários episódios marcantes de sua vida: são os livros Os
anos, O lugar, O acontecimento, A vergonha e O
jovem. Desde 1977, quando recebeu o Prêmio de Honra pelo romance Ce
qu'ils disent ou rien, o nome da escritora francesa sempre se nota entre os
principais reconhecimentos no seu país. Com Os anos, por exemplo,
recebeu os prêmios Marguerite-Duras e François-Mauriac (em 2008) e o Strega (em
2016). Agora, “pela coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, os
estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal”, recebe o
Prêmio Nobel de Literatura da Academia Sueca.
DICAS DE LEITURA
Com o Prêmio Nobel de Literatura
para Annie Ernaux em 2022, são agora dezessete mulheres que compõem a lista das
premiadas pela Academia Sueca. Selma Lagerlöf, Grazia Deledda, Pearl S. Buck, Toni
Morrison, Wislawa Szymborska, Louise Glück, Svetlana Aleksiévitch, Herta Müller
e a própria Annie Ernaux são algumas das que já apareceram em recomendações de
leituras desde que esta seção passou a compor o Boletim Letras 360.º; agora,
revisitamos nosso arquivo de dicas para acrescentar novos livros escritos por
premiadas com este galardão e que ainda não compareceram por aqui. E não
esqueça: na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste
boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
1. O engate, de Nadine
Gordimer. Apesar da obra da escritora sul-africana ter entrado no limbo para os
editores brasileiros, ainda é possível até agora encontrar uma boa mostra de
várias faces da sua literatura: conto, ensaio, romance. Este livro agora recomendado
é um romance cuja narrativa está situada na África do Sul pós-apartheid. Acompanhamos
um casal de amantes de culturas bastante distintas: ela, filha de um banqueiro
de Johannesburgo; ele, um mecânico emigrado de forma ilegal no país. Trata-se
de uma narrativa que eleva ao máximo limite matizes diversas dos conflitos e
impasses de uma sociedade cuja cultura reserva complexidades nem sempre vistas
a olho nu. Publicado pela Companhia das Letras e traduzido por Beth Vieira. Você pode comprar o livro aqui.
2. Desejo, de Elfriede
Jelinek. A obra da escritora austríaca está entre na lista das autoras
semiesquecidas no Brasil, porque quase nada se publicou entre nós. Um dos mais
recentes foi este. A narrativa acompanha o casal Gerti e Hermann, com atenção
para o filho que, ainda criança é predisposto ao consumismo e a certa
perversidade, completando o quadro de uma família disfuncional. Com tradução de
Marcelo Rondinelli, o livro foi publicado pela Editora Tordesilhas. Você pode comprar o livro aqui.
3. O progresso do amor, de
Alice Munro. A simplicidade e o interesse pelas coisas comuns fazem a obra da
escritora canadense manter algum contato com o universo criativo de Annie
Ernaux. Neste livro, uma mulher divorciada regressa à casa da infância, se
expõem as frágeis relações entre pais e filhos, a memória de um passado latente
que afeta o convívio entre irmãos... Onze contos para entrar no universo delicado
da obra de Munro. A tradução é de Pedro Sette Câmara e o livro saiu pelo selo
Biblioteca Azul, da Globo Livros. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. A reedição de Os ratos não é o primeiro movimento do mercado editorial tentando resgatar a obra de Dyonelio Machado; ainda em 2021, noticiamos numa edição deste Boletim a publicação pela editora Zouk do último romance publicado pelo escritor gaúcho, Fada (você pode comprar o livro aqui). Parece oportuno, então, conhecermos melhor do universo ficcional de Dyonelio. Apesar de acadêmico, está acessível a todo público uma boa fala do professor Fernando Simplício dos Santos, da Unicamp, sobre, com atenção para o desenvolvimento psicológico das personagens. Aqui, no YouTube.
BAÚ DE LETRAS
1. Em 2019, a editora Três
Estrelas reiniciou a publicação da obra de Annie Ernaux no Brasil, projeto que
foi continuado pela editora Fósforo. Na ocasião, foi editado o principal
romance da escritora francesa: Os anos. O blog apresentou texto sobre.
2. Ainda na superfície do baú, ao
primeiro alcance, dois outros que envolvem a escritora Prêmio Nobel de Literatura
2022: este sobre a comentada adaptação para o cinema do seu livro O
acontecimento; e este breve perfil.
DUAS PALAVRINHAS
A escrita não substituiu o amor
para mim, mas algo maior que o amor ou a vida.
― Annie Ernaux, Écrire la vie
...
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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