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Mostrando postagens de outubro, 2022

Oscar Wilde, a verdade de máscara

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Por Juan Arnau Oscar Wilde, Nova York, 1882. Foto: Estúdio Napoleon Sarony.   A origem está sempre presente. A origem não faz parte do tempo, nem das máscaras, e, no entanto, está lá, à espreita, à espera de reconhecimento. A origem é o que está por trás da máscara. Há pessoas desesperadas por outro tipo de reconhecimento, social, teatral, que é basicamente o mesmo. Oscar Wilde foi uma delas. Toda a sua vida foi rebocada por essa necessidade. Ele sabe que o teatro purifica e espiritualiza, que inicia sentimentos nobres. É sua droga e seu veneno. E a literatura, porque as palavras também são máscaras, disfarce, cor, música que anuncia o invisível. Ele mesmo disse isso várias vezes. A emoção por si mesma é o fim da arte, enquanto a emoção pela ação é o fim da vida e dessa organização prática da vida que chamamos de sociedade. A sociedade pode perdoar o criminoso, mas não o sonhador. “As belas emoções estéreis que a arte provoca em nós são abomináveis ​​aos olhos da sociedade.” A contempl

Boletim Letras 360º #503

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  DO EDITOR   1. Caro leitor, até o mês de novembro, lembrarei aqui sobre o sorteio que agora o blog realiza com o apoio da Editora Trajes Lunares. A casa disponibilizou dois Kits de livros para sorteio entre os participantes do nosso clube. Este clube de apoios é uma das alternativas para ajudar este blog com o pagamento das despesas anuais de hospedagem na web e domínio.   2. Para participar dos sorteios é simples. Envia um PIX a partir de R$15 a blogletras@yahoo.com.br; para saber mais sobre os livros da Trajes Lunares disponíveis, sobre outras formas de apoiar, visite aqui . E lembro que: a aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste Boletim garante a você desconto e ajuda ao blog sem pagar nada mais por isso .   3. Boas leituras! Vinicius de Moraes. Arquivo Portal Terra.   LANÇAMENTOS   Livro reúne mais de uma centena de textos inéditos de Vinicius de Moraes .   Nome central da poesia e do cancioneiro brasileiro, Vinicius de Moraes foi um cronista notável. Tu

Decálogo para contistas segundo Julio Ramón Ribeyro

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Julio Ramón Ribeyro. Foto: Baldomero Pestana   O conto é um gênero literário que sempre me cativou. Desde a infância, para ser exato. Jamais esquecerei a impressão que “Riquet”, de Anatole France, me causou quando eu tinha onze ou doze anos: quando cheguei ao final senti uma espécie de sufocamento ou vertigem pelo desfecho inesperado. Mais tarde, outras histórias me seduziram, mas por motivos diferentes: “Os olhos de Judas”, de Valdelomar, pelo seu tom nostálgico e melancólico; “A jarra” de Pirandello, pela graça da situação; “Carta roubada”, de Poe, pelo engenho de sua intriga; “Bola de sebo” de Maupassant, pela revoltante crueldade da história; “José Matias” de Eça de Queirós, pela sua delicada ironia, ou “Um coração simples” de Flaubert, pela concisão do seu estilo. E mais tarde ainda, ao ler os contos de Kafka, Joyce, James, Hemingway e Borges, para citar alguns autores, descobri novas probabilidades e alegrias na narrativa breve; a lógica do absurdo, a habilidade técnica, a arte d

Gótico nordestino, de Cristhiano Aguiar

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Por Pedro Fernandes Cristhiano Aguiar.  Foto: Mateus Lopes Quirino   Fabular é universal e nos acompanha desde a imemorial origem da comunicação. Contamos histórias para atualizar para o outro o conteúdo da nossa ausência, para recordar um passado distante presenciado ou já contado pelos nossos antepassados ou para aclarar alguma incerteza individual ou coletiva. Isto é, não somos apenas cercados por narrativas, somos propriamente feitos dessa tessitura. Foi muito tardiamente, na formação dos nossos interesses classificatórios que começamos a justificar os usos e com eles os valores do que contamos; é o primeiro instante de uma crise sobre a fábula: o que aos olhos de uns foi rebaixado ao estamento do inventado, da mentira, do falso, aos olhos de outros foi elevado ao plano do livre ensinamento, do belo, da fruição.   Toda essa pequena e simplificada história sobre o ofício de narrar — um tanto óbvia para uns — serve aqui para duas coisas: a imprescindibilidade da fábula, reiterando qu