Boletim Letras 360º #494
DO EDITOR
1. Caro leitor, no sábado, 20, foi
anunciado nas redes sociais do Letras quais os novos títulos que
substituíram o sorteio da edição especial do Ensaio sobre a cegueira: As
convidadas (Silvina Ocampo); Outono (Karl Ove Knausgård) e A
intuição da ilha (Pilar del Río).
2. Aproveito essa ocasião para estabelecer
uma nova data para sorteio; ao invés de ser hoje, 27, ser no próximo sábado, o
primeiro do mês de setembro. É uma maneira de divulgar melhor entre os demais leitores
e entre os novos possíveis interessados.
3. Para se inscrever e participar
dos sorteios basta apoiar o Letras — todas as informações aqui. E, não
esqueça, outra das possibilidades de apoio é na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados aqui; você ganha desconto e ainda ajuda ao Letras
com as despesas de domínio e hospedagem na web sem pagar nada mais por
isso.
4. Bom final de semana com
descanso e boas leituras!
Enzo Maqueira. Foto: Paula Moneta. |
LANÇAMENTOS
A PontoEdita faz chegar aos
leitores brasileiros um segundo romance do escritor argentino Enzo Maqueira.
O jornal Clarín classificou
este livro como “O romance necessário de uma geração”; o uruguaio En
Perspectiva, como “o Trainspotting deste lado do mundo”. Lançado em
2014, o romance já vendeu mais de 10 mil cópias na Argentina. Electronica
é um sismo entre o passado da geração dos anos 2000 e o presente, duas décadas
adiante: de quando a vida se resumia às baladas, raves e ao sonho de mundo sem
fronteiras e agora é uma realidade pejotizada, de perda de direitos e à beira
de uma catástrofe climática. Em Electronica, a realidade da protagonista
sem nome definida apenas por sua profissão (a professora) e de seu amigo, que o
leitor também só conhece pelo apelido (o ninja), é composta por amizades
esfareladas, empregos mal remunerados e amores que desassossegam. Os
personagens convivem com as drogas, levam o sexo ao limite e experimentam,
entre “a erva, a coca, a keta e a bala”, uma angústia claustrofóbica que
transborda na linguagem. Em alguns momentos, o leitor tem a sensação de estar
diante de um videoclipe. Há passagens que lembram o acelerado “Ray of Light”,
de Madonna, e o delirante “Raspberry Swirl”, de Tori Amos; outras,
especialmente quando o autor explora a cisão do narrador, lembram o multifocal
“Hyperballad”, de Björk, e o turvo “The Wilhelm Scream”, de James Blake. A
técnica narrativa empregada por Maqueira produz uma vertiginosa mudança de foco
(muitas vezes na mesma frase) que deixa tudo meio embaçado. A edição da
PontoEdita tem projeto gráfico inovador de Luís Fernando Protásio a partir de
fotografia de Andreia Zakime: a capa extrapola a ideia de aberração cromática
para traduzir graficamente o efeito de dupla visão e a sensação de vertigem e
entorpecimento; a serigrafia com tinta fotoluminescente (que brilha no escuro)
resgata o efeito da luz negra das discotecas ao mesmo tempo em que remete à
cultura clubber dos anos 90/2000 e às tintas neon usadas nas grandes
baladas eletrônicas dos anos 2010. A experiência de leitura se completa com a
intervenção artística Gaía Passarelli. A tradução é de Mauricio Tamboni. Você pode comprar o livro aqui.
A Editora 34 publica três
livros da crítica hispano-americana Sylvia Molloy.
1. Autora de dois romances, Molloy
criou em seus últimos livros — Desarticulações e Vária imaginação
— uma forma breve e singularíssima, capaz de pôr em curto-circuito os
territórios do factual e do ficcional, da memória e da invenção. Em Vária
imaginação, de 2003, os fragmentos rememorados vão aos poucos formando um
vívido “léxico familiar”, um sintético romance de formação na Argentina dos
anos de guerra e pós-guerra que dá a ver a parte do imaginário em toda
constituição pessoal e coletiva. Com Desarticulações, de 2010, a escrita
de Molloy aventura-se em território oposto, o de uma separação amorosa que se
desdobra num lento e trágico divórcio entre o corpo e as ficções — literárias,
amorosas — de uma vida vivida em comum. Nessa breve obra-prima (verdadeira
versão às avessas do “Funes, o memorioso” de Borges), Molloy conduz a narrativa
a um encontro com tudo que a nega, a um lugar belo e terrível em que brilham o
fato mais duro e o afeto mais puro. A tradução é de Paloma Vidal. Você pode comprar o livro aqui.
2. Figurações reúne uma
amostra generosa de seus ensaios sobre literatura, cobrindo o essencial de suas
paixões e indagações de leitora. Capaz de afeição e distância, de admiração e
ironia diante das autoras e dos autores que a ocuparam ao longo da vida, Molloy
sabia reler como ninguém, isto é, ler deslocando, ler por meio de variações de
foco e de ângulo que tornavam mais ricas as obras que lhe caíam nas mãos. O
resultado é uma visão original dos textos literários em sua complexa capacidade
de revelar e ocultar, de figurar e transfigurar, como se vê nestes ensaios
sobre seus temas de predileção: os “pais fundadores” argentinos e
hispano-americanos, a começar por Sarmiento, Martí e Darío; a tradição das
mulheres de letras, num arco que vai de Teresa de la Parra e Victoria Ocampo a
Alejandra Pizarnik (de quem foi amiga) e à própria Molloy ficcionista; a
questão do gênero, vinculada com vigor à questão do sujeito moderno; e por fim
a obra de Jorge Luis Borges, objeto de seu primeiro grande livro e inspiração
para alguns dos mais belos textos de Figurações. O livro tem tradução de
Gênese Andrade e posfácio de Adriana Kanzepolsky. Você pode comprar o livro aqui.
Um registro histórico
excepcional do século XX, indispensável para compreender a psicodinâmica da
dominação fascista, e, ao mesmo tempo, um belo retrato da subjetividade humana
em meio ao terror.
Assombrados por espectros dos
líderes nazistas, como Hitler e Göring, os sonhos refletem — em chave ao mesmo
tempo trágica e absurda — o medo que se disseminava no cotidiano da sociedade
alemã e a angústia experimentada por indivíduos dilacerados entre o impulso
premente da recusa ao nazismo e a suposta segurança conferida pela atitude
conformista. Em um dos relatos, uma mulher sonha que é presa por pensar em
Hitler ao ouvir a palavra “diabo”, o que só foi possível saber graças a uma
máquina da polícia que lê pensamentos. Em outro, cartazes com as palavras
“Deus” e “eu” são substituídos nas ruas porque ambas foram publicamente
banidas. Medo, suspeita, culpa e terror espalham-se pelos sonhos coletados nas
entrevistas conduzidas por Beradt, compondo um retrato humano do horror íntimo
comumente vívido em tempos de grandes conflitos sociais. Consciente do alto
potencial subversivo do material que tinha em mãos, após completar as
entrevistas, Charlotte Beradt tratou de enviá-las a diferentes correspondentes
fora do território alemão, e só pôde reunir o material em seu exílio nos
Estados Unidos anos depois, momento em que estreitou laços com leitores
confiáveis como Hannah Arendt, de quem se tornaria amiga e tradutora. Um
registro histórico excepcional do século XX, indispensável para compreender a
psicodinâmica da dominação fascista, e, ao mesmo tempo, um belo retrato da
subjetividade humana em meio ao terror, esta reedição de Sonhos no Terceiro
Reich conta com dois novos posfácios, além do texto de apresentação de
Christian Dunker atualizado. A tradução é Silvia Bittencourt. O livro sai pela
editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
Uma amostra do vanguardismo de
Hans Bellmer.
O ensaio Pequena anatomia da
imagem, de Hans Bellmer, é acompanhado de imagens sobre as imagens do corpo
humano e de desenhos de sua autoria. O artista alemão (1902-1975), deu início à
redação do texto em 1941, depois de sua prisão na França durante a Segunda
Guerra Mundial, onde começou a criar desenhos anatômicos, motivos de corrosão,
objetos e decomposição corporal. “O corpo é comparável a uma frase que
convidaria você a desarticulá-la, para que se recomponham, mediante uma série
de anagramas sem fim, seus verdadeiros conteúdos”, escreve Bellmer no livro,
publicado originalmente em edição francesa em 1957. A publicação das edições
100/cabeças que chega às livrarias brasileiras é complementada pelo caderno de
notas e imagens de um corpo no abismo, onde Marcus Rogério Salgado, responsável
pela revisão técnica e pela tradução em parceria com Graziela Dantas, comenta
as escolhas realizadas durante o processo, tendo como base os originais em
francês e alemão. Você pode comprar o livro aqui.
Livro reúne mais de duas
dezenas de ensaios da crítica e ensaísta Flora Süssekind.
Em meio ao estilhaçamento do pacto
social formulado na Constituição de 1988 e ao crescimento da intolerância, com
a sedimentação de grupos neofascistas, a crítica literária e ensaísta Flora
Süssekind analisa manifestações corais no Brasil neste seu livro, que reúne 21
ensaios. Coros contrários, massa sai pela CEPE Editora.
A última empreitada editorial
de J. Guinsburg.
Dentre os nomes dos grandes
renovadores do fazer teatral do início do século XX, que impulsionaram a arte
da encenação para a modernidade, Adolphe Appia é presença tão marcante quanto
Gordon Craig, Stanislávski ou Meierhold. As propostas de uma organização cênica
em múltiplos planos e especialmente a concepção do espetáculo com a iluminação
atuante e a composição musical como elemento organizador fizeram — e fazem —
deste arquiteto e coreógrafo um dos mais influentes dos últimos cem anos. Appia
foi também um filósofo do fazer teatral, e se seus escritos trazem um olhar
perspicaz sobre o futuro do teatro, revelam ainda um autor capaz de expor
conceitualmente com clareza e exatidão suas ideias sobre a natureza de todas as
artes que tomam parte em uma encenação: a música, a luz, a pintura, a
escultura, a literatura, a arte do ator. A obra de arte viva e outros textos
traz escritos realizados ao longo de três décadas, selecionados e traduzidos
por J. Guinsburg, sua última empreitada editorial, em um recorte que busca dar
ao leitor uma visão a um só tempo ampla e profunda do pensamento que lançou as
bases da cena moderna. O livro sai pela editora Perspectiva. Você pode comprar o livro aqui.
Os percursos de leitura da escritora
argentina María Negroni.
Mapa, de María Negroni apresenta
16 textos que norteiam os percursos de leitura da premiada escritora argentina;
um mapa de leitura que passa por Arthur Rimbaud (1854-1891), Emily Dickinson
(1830-1886) e Walter Benjamin (1892-1940) além de trazer à luz com o devido
relevo nomes da literatura argentina como Xul Solar (1887-1963), H. A. Murena
(1923-1975) e Juan Gelman (1930-2014). Os autores que interessam Negroni “nem
sempre acessam os circuitos internacionais” e “seus livros não figuram nas
mesas mais visíveis das livrarias”, aponta a autora. Para além da escrita, a
autora também retrata artistas que se dedicaram às artes visuais. Aborda com
suas tintas o papel das gravuras que acompanham os textos do polonês Bruno
Schulz (1892-1942), o trabalho da fotógrafa inglesa Julia Margaret Cameron
(1815-1879) e o filme Afinador de piano de terremotos (2005) — longa
metragem dos irmãos Stephen e Timothy Quay. Steven Milhauser (1943-1997), Yves
Bonnefoy (1923-2016), Robert Walser (1878-1956), Étienne-Gaspard Robert, Juan
Carlos Bustriazo Ortiz e Edward Gorey também recebem o olhar da autora nesta
coletânea que traz, ainda, uma reflexão sobre a arte da tradução, ofício que
rendeu a María Negroni o prêmio de melhor livro de poesia traduzido do ano pelo
PEN American Center (Nova York, 2002) por sua versão em inglês de “Islandia”
(Station Hill Press, 2001). Com tradução de Diogo Cardoso e Aylén Medail, o
livro é publicado pelas edições 100/cabeças. Você pode comprar o livro aqui.
O novo livro de António Carlos
Cortez no Brasil.
António Carlos Cortez é professor
de literatura portuguesa, poeta, crítico literário e ensaísta. Uma certa
poesia é o seu primeiro livro de ensaios editado no Brasil. Com textos
produzidos ao longo de vinte anos, o poeta, ensaísta e crítico literário e
professor António Carlos Cortez chama atenção para urgência da leitura e para o
valor da literatura por meio do resgate de críticos e autores. Na primeira
parte da obra, o autor dedica-se aos grandes ensaístas portugueses — Eduardo
Lourenço, Paula Morão, Vasco Graça Moura e muitos outros — e à importância da
crítica literária na consolidação de textos fundamentais na formação de um
leitor pensante. Na segunda parte da obra, o autor investiga os escritos de
mais de vinte poetas portugueses de relevância inquestionável, entre eles,
Sophia de Mello Breyner, Mário Cesariny, Herberto Helder, Manuel António Pina.
Figuras como Nuno Júdice, Ruy Belo e Gastão Cruz recebem dupla homenagem de
Cortez, pois situam-se nos dois grupos. Além de uma leitura revigorante e
sólida, Uma certa poesia é um amplo convite de António Carlos Cortez a
pais, professores, alunos, pesquisadores e todos que desejam participar de uma
rede para fortalecer o hábito de leitura em sua comunidade. E atrai os leitores
mergulhando-os em textos saborosos ao mesmo tempo em que apresenta novas e
interessantíssimas camadas de interpretação literária para o que já se conhece.
O livro sai pela editora Jaguatirica.
Paul Lafargue entre Marx,
Engels e Darwin.
Paul Lafargue (1842-1911) é um
escritor e militante socialista francês nascido em Cuba, filho de uma família
de latifundiários do Caribe que se estabeleceram em Bordeaux após o retorno
para a França. Em 1861 se mudou para Paris a fim de estudar Medicina, curso do
qual acabou expulso em 1865 pelo seu ativismo socialista. Concluiu seus estudos
em Londres, onde casa e vive com Laura Marx, filha do autor de O capital.
Após a Comuna de Paris de 1871, Lafargue se muda para Madri, onde entra em
contato com membros da internacional espanhola, de forte influência anarquista,
mas se mantém na minoria marxista. De volta a Londres, abre uma oficina de
fotolitografia e, a partir de 1880, passa a trabalhar como editor do jornal L’
égalité, de Paris, onde publica a primeira versão de seu livro mais famoso, O
direito à preguiça (1883). Também em 1880, funda, com Jules Guesde, o
primeiro partido marxista, o Parti Ouvrier Français, que existirá até 1902. Em
1886, publica a sátira A religião do capital. Além de dialogar com a
obra de Karl Marx e Friedrich Engels, os textos de Lafargue fazem também
conexão com o pensamento de Charles Darwin e antecipam Capitalismo como
religião (1921) de Walter Benjamin. O livro é traduzido por Iná Camargo e
publicado pelas edições 100/cabeças. Você pode comprar o livro aqui.
A editora Trajes Lunares
publica o novo livro de Milton Rosendo.
Gérmens, vertigem, escuridão —
essas palavras de algum modo definem o que o leitor pode encontrar nos três
primeiros livros de poemas de Milton Rosendo. Não que não haja de tudo um pouco
em cada um deles, mas uma dessas coisas termina por prevalecer. Em Spin,
o amarelo toma o lugar do preto e do azul como um rottweiler, pois, podemos
dizer isto, este é o livro mais acessível e solar da obra do poeta. Mudam-se
então as cores, mas permanecem os gérmens, permanece a vertigem. Num movimento
centrípeto e centrífugo, o eu lírico, aqui, absorve o mundo que nos cerca,
lançando para dentro de si o que há de admirável e terrível, para depois
expeli-lo na forma de uma beleza raramente encontrada e que nos dá o ontem, o
hoje, o que ainda não é — pois seu movimento de absorção não tem limite de
tempo e nem de espaço, engolindo tudo como um grande vilão intergaláctico. A
boa notícia é que o poeta não destrói mundos, mas os transfigura, germina-os. Você pode comprar o livro aqui.
Bernanos e a luta entre o
natural e o sobrenatural.
Em meio a uma sociedade devorada
pelo mal, Padre Donissan conduz o seu ministério em uma humilde paróquia,
provando a vontade ao mesmo tempo heroica e desesperada de salvar almas. Neste
drama terrestre e celeste, o pobre padre é tocado no coração pelo desespero de
Mouchette, uma adolescente que, assolada pelo mal, decidiu-se pelo abismo. Por
reconhecer na jovem uma alma fraterna, compromete sua vida e salvação para
tentar redimi-la. Essa luta sobrenatural e cheia de angústias o levará ao
caminho estreito da santidade. Em Sob o sol de Satã, Bernanos manifesta
o seu “magnífico dom de tornar natural o sobrenatural”, como disse Mauriac:
captura o leitor, tão afeito ao cotidiano e a desviar o olhar dos verdadeiros
mistérios da vida, e o coloca diante da presença do “invisível inimigo”, da
luta travada entre o mal e a santidade. É o primeiro romance de um dos grandes
escritores do século XX. A tradução de Roberto Mallet é publicada pela editora
Sétimo Selo. Você pode comprar o livro aqui.
Uma coleção para apresentar
personalidades da cultura brasileira aos novos leitores.
Vida-Nova Brasileira e Outros
Textos em Prosa e Verso inaugura a coleção Jovem Leitor, dedicada aos leitores
em formação, mas também a todos que queiram conhecer outras facetas e façanhas
de autores clássicos da nossa literatura. A partir de uma significativa seleção
dos vários gêneros a que se dedicou Ariano Suassuna, apresenta-se uma visão
panorâmica de toda a sua produção literária, desde o texto que dá título à
antologia, um misto de prosa e poesia, passando por dois contos, uma seleção de
poemas, uma peça teatral inteiramente escrita em versos, até o cordel inédito
“Romance de João e Maria”. Organizada por Carlos Newton Júnior, maior
especialista na obra de Ariano, sem dúvida esta é uma excelente porta de
entrada para a riquíssima produção do renomado escritor paraibano. O livro Ariano
Suassuna e a coleção são da Editora Nova Fronteira. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição da tradução de
Bernardina da Silveira Pinheiro para Ulisses, de James Joyce.
Com o romance Ulisses,
James Joyce mudou totalmente os rumos do romance moderno ao transformar Dublin,
sua cidade natal, em personagem. O enredo se passa num único dia de junho de
1904, em que o leitor passa a vivenciar por meio de figuras como Leopold Bloom,
Stephen Dedalus e Molly Bloom, um turbilhão de emoções que revelam o mundo.
Esse que é o mais importante romance de James Joyce, teve origem num conto do
livro Dublinenses desdobrado em paralelo com a Odisseia de
Homero. Uma epopeia planetária que influenciou de maneira definitiva e crescente
toda a literatura moderna. Esta tradução brasileira de Ulisses, primorosamente
realizada pela professora Bernardina da Silveira Pinheiro ao longo de sete anos
de trabalho, restitui o grande feito literário do século XX a quem de direito:
o leitor. Com o mesmo registro coloquial do inglês usado por Joyce, mas sem
abrir mão da riqueza linguística que o consagrou, a linguagem empregada nesta
edição privilegia uma dimensão mais humana da obra-prima de Joyce, tornando-a
mais acessível ao público. A nova edição é da editora Nova Fronteira. Você pode comprar o livro aqui.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Canto eu e a montanha dança,
de Irene Solà. Este é o primeiro romance da escritora catalã publicado no
Brasil. Nele, a partir de uma perspectiva alheia ao antropocentrismo e aos
dramas e angústias cotidianos, o que permite uma ruptura entre o real e o fabular,
se processam histórias com a da trágica morte de Domènec e do luto de sua
família numa região montanhosa da Catalunha ou a de uma jovem corça em
descoberta dos motivos para correr e como sobreviver na floresta. A tradução de
Luis Reys Gil está publicada pela editora Mundaréu. Você pode comprar o livro aqui.
2. As convidadas, de
Silvina Ocampo. A obra da escritora argentina, diga-se, chegou um pouco
atrasada entre nós brasileiros. Basta saber que apenas em 2022 acessamos em
nossa língua o segundo livro de Ocampo.
Uma reunião de 44 contos breves que solidificam a maturidade estilística
e inventiva de um dos nomes essenciais para a literatura do século XX na
Argentina. O humor e o absurdo que insólitos perturbam o leitor emerge em toda
a parte neste livro em que fantasmas emergem de fotos, crianças surdas criam asas,
ou o cotidiano se levanta contra o marasmo dos convívios familiares. O livro
está no Kit de agosto que será sorteado entre os apoiadores do Letras;
saiba como participar aqui. Você pode comprar o livro aqui.
3. Os Malaquias, de Andrea
del Fuego. A nova edição do romance que deu o Prêmio José Saramago à escritora
brasileira é um bom motivo para, quem ainda não leu, ler. É um livro de
estreia, mas que aponta a seriedade de Del Fuego para o ofício da literatura. Três irmãos,
depois da morte dos pais, passam a enfrentar um mundo assaz e cruel que os empurra
cada qual para lugares e contextos diferentes ao ponto de modificar para o
sempre o que biologicamente demonstrava ser um destino em-comum. As divisas e
divisões atestam o êxodo e a errância como a marca distintiva de nós mesmos. A
nova edição ainda está na pré-venda com previsão de entrega para a primeira
semana de outubro. Vale reservar. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. A revista Quatro Cinco Um
publicou a tradução de um texto de Salman Rushdie que é um ato de defesa ao romance
como espaço de transcendência e excepcionalidade. Trata-se de uma conferência
que o escritor proferiu no Institute of Contemporary Arts, em Londres, a 6 de
fevereiro de 1990, em memória de Herbert Read. Leia aqui.
BAÚ DE LETRAS
1. A cada último domingo do mês, um
poeta e um conjunto de poemas são apresentados pelo nosso colunista Pedro Belo
Clara. O projeto De Versos se mantém há mais de um ano e, por isso, destacamos
a seguir três das mais acessadas entradas — é um convite a conhecer o restante das
publicações e a acompanhar as próximas: a) a seleção com cinco poemas de W. B. Yeats, apresentada a 25 de abril de 2021, é até agora a mais acessada; b) segue-se com os dez poemas e fragmentos de Safo, editados em 30 de maio de 2021; c) e os seis poemas de American Primitive, de Mary Oliver, publicados a 27
de março de 2022.
2. O primeiro romance de Enzo Maqueira publicado no Brasil foi Faça-se você mesmo. Saiu também pela PontoEdita. Neste endereço, você acessa um texto de Pedro Fernandes sobre o romance do escritor argentino que já regressa aos leitores brasileiros com Electronica.
DUAS PALAVRINHAS
A esperança pertence à vida, é a própria vida se defendendo.
― Julio Cortázar.
...
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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