Boletim Letras 360º #485
DO EDITOR
1. Leitores e apoiadores do
Letras, já sabem que disponibilizamos um exemplar da edição especial do Ensaio
sobre a cegueira, de José Saramago (Companhia das Letras, 2022) para sorteio
entre vocês?
2. Então. É possível ajudar ao Letras
com valores a partir de R$10 através do PIX blogletras@yahoo.com.br. Mas
essa é apenas uma das formas. Você pode saber mais sobre por aqui.
3. Cabe não esquecer que na aquisição de qualquer um dos livros pelos links
ofertados neste boletim, você ganha desconto e ajuda ao Letras sem pagar
nada mais por isso.
4. Fiquem bem. E tenham um fim de
semana de descanso.
Lídia Jorge, Dulce Maria Cardoso e Matilde Campilho. Três gerações de escritoras portuguesas chegam em simultâneo aos leitores brasileiros. |
LANÇAMENTOS
O retorno de Lídia Jorge ao Brasil?
Um memorável é alguém que merece
ser lembrado, ou guardado na memória, pelo que fez. Não é necessariamente um
herói, já que a vida e os seres humanos são bem mais complexos do que podemos
perceber tanto no dia a dia quanto nos grandes acontecimentos, mas alguém que
pode ter vários rostos. Todos eles, de algum modo marcantes. E convém que não
deixemos de encará-los. “Ninguém é apenas uma foto fixa”, diz Lídia Jorge, a
mais consagrada autora da literatura portuguesa contemporânea. E é justamente a
partir da fotografia de um grupo de homens e duas mulheres, tirada num
restaurante, em agosto de 1975, que a protagonista deste romance inicia uma
viagem de volta ao passado para entender de que país veio, de que povo faz
parte e que histórias pessoais a fizeram nascer e a constituem para sempre. Ela,
uma repórter portuguesa residente em Washington, é convidada a voltar à sua
terra natal para fazer um documentário sobre a Revolução de 25 de abril de
1974, também conhecida como a Revolução dos Cravos. Regressa a Portugal e passa
a entrevistar integrantes do movimento revolucionário e testemunhas dos
acontecimentos, revisitando os mitos da revolução. Ao fazer isso, surpreende-se
com o efeito da passagem do tempo não só sobre esses homens e mulheres e sobre
a sociedade, mas também sobre a sua própria memória, sobre seus anos de
infância e início de juventude — já muito depois de a revolução se tornar
passado — e sobre a relação que tem com os pais, um jornalista português que
antecipava o futuro em suas crônicas e uma atriz belga. Sobreviventes de um
tempo já inalcançável, as personagens de Os memoráveis tentam recriar o
que foi a ilusão revolucionária e a desilusão dos anos seguintes — ou,
simplesmente, a ilusão e a desilusão da própria vida — e o árduo caminho para a
democracia, quando se tem de lidar com a banalidade do cotidiano. Em Os
memoráveis, Lídia Jorge procura surpreender aquele espaço indefinido que
existe entre o relato das verdades históricas, às vezes difíceis de enfrentar,
e a vida em si, uma construção da imaginação e da vontade de cada um de nós e o
resultado é a literatura em sua melhor expressão: nos revelando a nós mesmos. O
livro é publicado pela Editora LeYa.
Chega ao Brasil um dos mais recentes trabalhos da escritora Dulce Maria Cardoso.
A vida familiar, de esposa e mãe dedicada, começa aos poucos a sufocar Eliete. Nascida em 1974, no ano da Revolução dos Cravos, ela sempre desejou uma vida normal, que aparenta ter conquistado quando chega aos 42 anos. Mas a percepção que tem da própria existência muda com a notícia de que a avó foi hospitalizada. Esse evento particular desencadeia uma investigação de sua vida: a infância, marcada pela morte inesperada do pai; a relação — narrada com uma crueza que poucas vezes encontramos na literatura — que estabelece com a mãe, com a avó e com a memória desse pai que lutou contra a ditadura salazarista. Aos poucos, as inquietações crescem no interior de Eliete, consumindo não só seu passado, mas também o relacionamento com o marido (com quem divide o teto mas de quem tem mais notícias pelas redes sociais) e com as filhas (das quais se sente cada vez mais distante). Em fuga desse cenário turvo, ela então decide refugiar-se no Tinder, onde finge ser outra pessoa, e os encontros que surgem transformam a vida dessa mulher e a maneira como ela se enxerga. Com uma prosa habilmente construída, Dulce Maria Cardoso maneja com precisão a linguagem e a história neste romance inquietante e sensível. Eliete sai pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
O experimental livro de Matilde Campilho, agora na prosa, chega ao Brasil.
Imagine uma flecha disparada no princípio de tudo, e voando desde então por todos os tempos e lugares do mundo. Essa Flecha é o elemento que atravessa as mais de duzentas histórias deste livro. Histórias nascidas de outras histórias, de livros, pinturas ou fotografias; histórias inventadas e histórias escutadas pela própria autora. Crônicas de animais, de objetos, mas sobretudo de pessoas, indistintamente reais ou fictícias. À maneira de Marcel Schwob, que em suas Vidas imaginárias buscou “atribuir tanto valor à vida de um pobre ator quanto à de Shakespeare”, e captar de cada personagem o detalhe particular, único, Matilde Campilho retrata tanto um imperador quanto uma vendedora de peixes, uma pétala ou um asteroide, flagrando em cada evento — grandioso ou banal — seu matiz peculiar de luz ou de sombra, seu grão de milagre ou de mistério. Microcontos, écfrases, memórias, miniaturas: neste livro múltiplo e generoso, a autora de Jóquei firma novamente — desta vez em prosa — um pacto forte com a imaginação, prestando uma verdadeira homenagem à literatura, às artes visuais, e a todos os homens e mulheres que, desde que o mundo é mundo, tecem a cada dia a grande narrativa da vida com novas histórias. Flecha sai pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
O inédito romance de Carlos Heitor Cony.
Entre a rua e o seminário, cenário da adolescência do próprio Cony, Paixão segundo Mateus começa com mortes e investigações policiais, com uma mulher estirada na calçada, de camisola rosa apresentando manchas de sangue sujas de pó e uma fita vermelha entre os dedos. Quando o delegado sai de cena, ainda nas primeiras páginas, o leitor faz um longo passeio pela infância do seminarista Mateus em Vila Isabel, pelos escuros corredores de uma igreja pobre e abandonada e pela própria Igreja como instituição; visita um hospital católico, os escritórios de uma grande empresa patrocinadora de eventos culturais e os bastidores do Theatro Municipal. Os personagens e os cenários são marcados por infortúnios e desassossegos de corpo e alma: a igreja precariamente construída, onde apodrecem sinos belgas nunca instalados, e destruída pelo fogo; o padre manco que leva no corpo cicatrizes da obra de sua igreja e entrega as hóstias com sua “mão-garra”; o seminarista que se torna um advogado liderado pela irmã; a “amante-viúva” que se envolve com um padre mergulhado em tentações, um médico de “curetagens”, devorador de bananas e galinhas, e até “um camarada magrinho, sem queixo, muito bêbado, famoso nas adjacências pelos seus sambas”. O desencanto com a vida religiosa, que permeia toda a obra, se apresenta em meio a disputas e intrigas que se desenrolam entre igrejas, hospitais e a cidade; entre profano e sagrado; entre pianos e órgãos. O livro é publicado pela editora Nova Fronteira. Você pode comprar o livro aqui.
Trânsitos pela cidade-ícone na
literatura russa.
É partindo da fascinante poeta
Anna Akhmátova, cuja postura e estilo “expressavam Petersburgo”, que o escritor
holandês Jan Brokken nos leva em sua viagem por essa cidade cujo esplendor
histórico sempre o encantou. Berço ou morada de alguns dos maiores nomes da
literatura, da música, das artes visuais e da cena política russa, São
Petersburgo é ainda o lar de majestosas edificações ao longo do rio Neva, com
sua privilegiada localização às margens do mar Báltico. Brokken visitou a
cidade em dois momentos: em 1975, quando, rebatizada durante o período
soviético, ainda se chamava Leningrado, e quarenta anos depois, quando o autor
retorna para encontrar uma Rússia pós-capitalista já sob o comando de Putin.
“Estranho, não me sinto ligado a nenhuma outra cidade como a São Petersburgo e,
ao mesmo tempo, nenhuma outra me incute tamanho temor.” Nestes ensaios breves,
povoados de citações de poetas peterburguenses, dezenas de imagens e saborosos
relatos biográficos, ele nos apresenta a diversas facetas desse lugar mítico,
bem no limite entre a Europa e a Ásia. Suas caminhadas por Petersburgo evocam
poetas e dissidentes, excêntricos e gênios: Púchkin, Óssip e Nadja Mandelstam,
Gógol, Dostoiévski, Stravinski, Turguêniev, Tchaikóvski, Malévich, Maria
Yudina, Nabokov e Tarkóvski, entre outros tantos personagens icônicos. O
esplendor de São Petersburgo faz parte da melhor tradição da literatura de
viagem, ao lado de grandes como Elias Canetti, com suas impressões de
Marrakesh, e Joseph Brodsky (também personagem deste livro) e Jean-Paul Sartre
em seus relatos sobre Veneza. O livro é publicado pela Editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
Mais alguns diálogos com Platão.
Um volume reúne quatro diálogos
pouco conhecidos de Platão (427-347 a.C.): “Alcibíades Segundo”, “Teages”, “Dois
Homens Apaixonados” e “Clitofonte”. Embora tradicionalmente tenham sido vistos
como integrantes da vasta produção do filósofo grego, a partir dos séculos XIX
e XX boa parte dos estudiosos passou a ignorá-los, considerando-os de autoria
duvidosa ou mesmo inautênticos. A presente edição, bilíngue, traz os quatro
diálogos traduzidos por André Malta, professor livre-docente da Universidade de
São Paulo, acompanhados de notas, de uma introdução e de um vigoroso ensaio
final, “Plato litteratus e o mosaico platônico: um olhar heterodoxo sobre os
Diálogos”, em que o tradutor não só justifica o resgate destes belos textos
(que tratam da ignorância, da sabedoria e da própria filosofia), como propõe
uma reorganização mais livre do corpus platonicum, valorizando o caráter
literário das obras e a figura de Sócrates como um personagem de múltiplas facetas.
Assim, ao sugerir uma nova abordagem dos Diálogos, vistos agora
sincronicamente e como um mosaico móvel centrado em torno da Apologia de
Sócrates, este livro procura reabrir o debate sobre a produção platônica, pondo
ainda mais em evidência a sua riqueza inesgotável. A edição de Quatro diálogos é da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
Um passeio por entre o imaginário
amazônico.
Uma viagem por tempos e
territórios espirituais diversos, um convite à contemplação da magia do
nascimento, vida, morte, antropofagia, pós-morte e ao respeito aos povos e à
natureza. Histórias vibrantes, alimentadas com as forças, e belezas ancestrais,
manifestadas na diversidade de povos e culturas indígenas e não indígenas, que
se entrelaçam nas tramas visíveis e invisíveis, sociais e políticas, humanas. Ficções
amazônicas, de Aparecida Vilaça e Francisco Vilaça Gaspar é publicado pela
editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Obra de um dos nomes mais
importantes da literatura alemã do século XX ganha tradução e publicação no
Brasil.
Em um casarão prussiano, a família
von Globig preserva um cotidiano ordinário. Mas o ano é 1945 — a Segunda Guerra
está chegando ao fim — e a fachada perfeita desta família não se sustentará
mais por muito tempo. Com o exército russo se aproximando, essas pessoas que
sempre buscaram se manter isentas e afastadas de questões políticas passarão
por um acerto de contas devastador, nesta narrativa tão delicada quanto
perturbadora que cimentou Walter Kempowski como um dos mais importantes
escritores alemães do pós-guerra, ao lado de W.G. Sebald e Heinrich Böll, com
quem sua obra dialoga. Com tradução de Tito Lívio Cruz Romão, Tudo em vão
é publicado pela DBA Editora. Você pode comprar o livro aqui.
Entrar pelas memórias de Hisham
Matar.
O retorno é, ao mesmo
tempo, uma história universal e profundamente pessoal. É uma meditação
primorosa a respeito de como a história e a política podem influenciar a vida
de um indivíduo. E, no entanto, as memórias de Hisham Matar não dizem respeito
apenas ao fardo do passado, mas também à consolação possível no amor, na
literatura e na arte. É uma história sobre o que significa ser humano. Hisham
Matar tinha dezenove anos quando seu pai foi sequestrado e levado para a prisão
na Líbia. Ele nunca mais o veria. Vinte e dois anos depois, a queda de Gaddafi
simbolizou que ele podia, enfim, voltar à sua terra natal. Nesse livro de
memórias comoventes, o autor nos leva a uma viagem iluminadora, tanto física
quanto psicológica; uma jornada em busca de seu pai e da redescoberta de seu
país. Um livro brilhante. Para Hilary Mantel, “lê-se O retorno com a
mesma facilidade com que se lê um thriller, mas a história permanece conosco;
uma pessoa se perde, mas a gravidade e a ressonância permanecem.” E Zadie
Smith, diz: “Sábio, angustiante e eletrizante de ler.” O livro é publicado pela
Editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
Por entre a história da Rússia
contemporânea.
Andrei mora em Nova York desde
criança, até que seu irmão o convoca a voltar a Moscou para cuidar da avó que
está à beira da demência. Ele volta. O ano é 2008 e as perspectivas não são
boas: a situação financeira é crítica e a namorada o deixou. Um país
terrível reflete com sensibilidade sobre a história da Rússia
contemporânea, um país em guerra constante com seus vizinhos e que desafia a
compreensão do Ocidente. Com tradução de Bernardo Ajzenberg e Maria Cecilia
Brandi, o livro é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Novo livro no Brasil do
escritor português Pedro Eiras.
Em Regras para a direcção do
espírito, Pedro Eiras toma o mito do livro infinito de Stéphane Mallarmé e
nos apresenta essa obra que, apesar de aparentar, enganosamente, uma linha
narrativa, não consegue se fixar em um gênero definido. Infinitamente aberta,
"Regras para a direcção do espírito", mais do que tensionar, performa
as imensas possibilidades de montagem de um livro enquanto pede uma leitura em
saltos. Possibilidades essas que são ainda mais ampliadas com as inserções em
desenhos do artista Pedro Proença, que dividem lado a lado o espaço das páginas
com os textos de Eiras. Quando Mallarmé chega à casa de Erwin Schrödinger com
seu Livre, enfim concluído após anos ininterruptos de trabalho, é surpreendido
pelo gato de seu anfitrião, o Aleph, que faz com que o poeta caia e desmonte a
ordem das páginas da invenção. Essa é a primeira entrada do livro de Pedro
Eiras, que, após essa sequência, traz no rodapé da página as possibilidades
para o leitor seguir a história. Novas possibilidades são, então, apresentadas
nas páginas seguintes, e sucessivamente, fazendo com que infinitos caminhos
sejam abertos, e diversas formas de se voltar ao início, até se cair no
indefinido, estejam disponíveis para os que se aventuram a entrar no livro, ou
no Livre. A depender do caminho escolhido pelo leitor, vários personagens são
também colocados em cena, como John Cage, Umberto Eco, Jorge Luis Borges,
Virginia Woolf e até mesmo Clarice Lispector, dando novas camadas e novos rumos
à busca de Mallarmé por uma suposta verdade, tal qual se o leitor se
encontrasse diante de portas surpresas, cabendo à sua sorte escolher a exata
para encontrar o que procura. Como em um jogo clássico de RPG, em que também
ressoa a composição característica do I-Ching, o livro nunca está
completo ou devidamente fechado, sendo preciso que se inicie de novo, e o leia
de novo, dessa vez como uma história completamente diferente. No posfácio à
edição brasileira, André Capilé, aponta que, no país, “temos uma recepção muito
marcada sobre a figura de Mallarmé e, naturalmente, sua obra. (...) A mitologia
acerca do inacabado Livre sempre se fez presente, mas pouco tocada para além de
conversas mais especializadas — o que torna Regras para a direcção do espírito,
de Pedro Eiras, uma nova fonte de graça para nós de aqui, no Brasil”. O livro
sai pelas Edições Macondo.
Uma nova tradução para uma das
obras centrais da literatura de Thomas Bernhard.
Iconoclasta, debochada, virulenta,
hipnótica: muitos foram os adjetivos usados para tentar definir a obra de
Thomas Bernhard, que mistura um humor ácido a uma diatribe selvagem contra tudo
e todos. Em Derrubar árvores, o alvo é a cena teatral e a maneira como
essa arte foi cooptada pela alta sociedade austríaca, preocupada em manter as
aparências. Nenhuma pedra é deixada de pé neste livro que o crítico Harold
Bloom considera o melhor do autor. Com tradução de Sergio Tellaroli, o livro é
publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Três textos essenciais de Aimé
Césaire reunidos pela primeira vez numa edição.
Uma das principais referências na
história da luta contra o colonialismo, ideólogo do conceito de negritude nos
anos 30, Aimé Césaire (1913-2008) produziu uma obra rica e influente a partir
de sua própria experiência. Textos escolhidos, que a editora Cobogó publica
pela coleção Encruzilhada, reúne três de suas mais emblemáticas criações: “A
tragédia do rei Cristophe”, “Discurso sobre o colonialismo” e “Discurso sobre a
negritude”, que oferecem ao leitor uma visão única dos ensaios e do teatro do
poeta, ensaísta, dramaturgo e político nascido na Martinica. Aqui traduzidos
por Sebastião Nascimento, esses textos, escritos décadas atrás, continuam a
mover e a inspirar o pensamento decolonial em todo o mundo. Publicado no início
dos anos 1950, no contexto do pós-guerra, o radical e revolucionário “Discurso
sobre o colonialismo” denuncia a civilização ocidental ao apresentar o
colonialismo e o racismo como elementos essenciais do capitalismo e da
modernidade, descrevendo a Europa como “moral e espiritualmente indefensável”. “Discurso
sobre a negritude” surge em outro contexto. Escrito para ser apresentado em uma
universidade da Flórida, nos Estados Unidos, em 1987, como parte da primeira
conferência hemisférica dos povos negros, o texto redefiniu o conceito de negritude,
incialmente desenvolvido nos anos 1930 por Césaire. Já na peça teatral “A
tragédia do rei Christophe”, escrita no início dos anos 1960, ambientada no
início do século XIX, Césaire analisa as noções de dominação colonial, nação
pós-colonial, liderança e identidade por meio da situação histórica do Haiti,
enfatizando os esforços de resistência dos africanos escravizados na América e
de seus descendentes. Para Mickaella Perina, professora associada do
departamento de Filosofia Política e Filosofia do Direito da Universidade de
Massachusetts, em Boston, nos Estados Unidos, que assina a apresentação do
volume, “os textos de Césaire têm uma relevância particularmente forte no
contexto mundial contemporâneo, em que as hierarquias sociais herdadas de
períodos anteriores persistem, enquanto outras desigualdades sociais criadas
pelo neoliberalismo e capitalismo global aumentam entre o Norte e o Sul e
dentro das próprias nações do Sul e do Norte, sem contar a mudança climática e
os riscos a ela associados.” O livro é
publicado pela editora Cobogó. Você pode comprar o livro aqui.
Entrar nos desígnios da
autocracia clássica.
Qual é a face do poder? Quem será
celebrado pela arte, e por quê? E como reagir a estátuas de governantes que
deploramos? Neste livro assombroso — escrito em meio a um questionamento global
sobre esculturas políticas —, Mary Beard conta a história de como, ao longo de
mais de 2 mil anos, os ricos, famosos e poderosos foram retratados aos moldes
dos imperadores romanos, do brutal Júlio César ao torturador de moscas
Domiciano. Doze Césares faz uma pergunta fundamental: por que esses
assassinos autocratas impactaram tanto a arte, do Renascimento aos dias de
hoje, quando líderes ainda são retratados à maneira de Nero, tocando seu
violino enquanto Roma queima? O ponto de partida é a própria importância do
retrato imperial para a sociedade romana e o que ele significava para a
política da época. Como uma detetive, Mary Beard investiga a difusão dessas
imagens ao longo de dois milênios e mostra em que medida elas se transformaram
e foram adaptadas para atender aos mais diversos desígnios. Doze Césares revela
um mundo de apropriações indevidas, identidades trocadas, falsificações e
representações ambivalentes do poder. Numa era dominada por imagens, Mary Beard
segue o fio de séculos de construção da autoridade política por meio de
retratos e esculturas. Com tradução de Stephanie Fernandes, o livro é publicado
pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Ao mesclar referências ao
universo pop e reflexões sobre cultura, religião, diáspora e identidade, os
poemas de Warsan Shire podem ser lidos como um poderoso testemunho da época que
vivemos.
Depois de participar do álbum Lemonade
(2016) e do musical Black is King (2020), de Beyoncé, e de lançar duas
festejadas plaquetes de poemas, a escritora nascida em Nairobi e radicada em
Londres finalmente publica seu primeiro e aguardado livro. Bendita seja a
filha criada por uma voz em sua cabeça nos apresenta um universo repleto de
sofrimento e beleza, luz e sombra, ruído e silêncio. A experiência de crescer
no corpo de uma jovem mulher negra em um ambiente francamente hostil marca a
escrita da poeta com força brutal e comovente. O livro é publicado pela
Companhia das Letras com tradução de Laura Assis. Você pode comprar o livro aqui.
Um livro que é uma verdadeira e rara obra de escuta.
Como encontrar a própria voz? Como
tomar a palavra? Como se fazer ouvir? Enquanto tenta escrever seu ensaio a
respeito da voz off feminina no cinema, muitas outras vozes começam a
interferir no trabalho acadêmico de Clara Schulmann, e ao mesmo tempo em sua
vida de mulher e de crítica de arte. São vozes de mulheres, de escritoras, de
feministas, vozes escutadas no rádio ou nos filmes, vozes amigas e de
desconhecidas, hesitantes, em vias de desaparecer. E é justamente dessa
intromissão da alteridade em seu próprio projeto, do imprevisto em meio ao
planejamento reconfortante, que nasce Cizânias, um livro que é uma
verdadeira e rara obra de escuta. Como ressoa a voz das mulheres na sociedade?
Onde sua palavra privada se transforma em palavra pública, em dissidência, reivindicação?
Misturando com graça e elegância os acontecimentos pessoais à história do
cinema, à teoria feminista e à literatura, Clara Schulmann vai abrindo picadas
sem se preocupar demais com seu paradeiro, entoa melodias sem transformá-las em
concerto, mas esboça uma história da voz como chave possível da emancipação
feminina, e ocasião de repensar a escrita para além daquilo que hoje
conhecemos. Cizânias vozes de mulheres é publicado pela Editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
Um novo livro de Vladímir
Sorókin no Brasil.
Bebendo tanto nas vanguardas
literárias como na cultura pop contemporânea, o russo Vladímir Sorókin é um dos
escritores mais originais da atualidade. Após ter seus livros incendiados em
praça pública, em Moscou, por partidários do governo, ele publicou em 2006 o
romance O dia de um oprítchnik, uma espécie de Um dia na vida de Ivan
Deníssovitch às avessas, pois, ao contrário de Soljenítsin, Sorókin conta
sua história do ponto de vista do carrasco. Neste livro passamos um dia em
companhia de Andrei Komiága, membro graduado da Oprítchnina ― a violenta guarda
de elite do tsar Ivã, o Terrível ―, recriada por Sorókin no ano de 2027, em uma
Rússia ao mesmo tempo soviética, medieval e futurista. Em meio a execuções
sumárias, negociações de suborno e orgias regadas a drogas, narradas em
primeira pessoa pelo miliciano, vamos conhecendo as particularidades dessa
realidade distópica, estranhamente parecida com a realidade atual, que inclui a
construção de uma gigantesca muralha isolando o país da Europa (porém mantendo
o fornecimento de gás), a dependência crescente da tecnologia chinesa e a
vigilância constante e intimidadora de um líder autocrata, cruel e moralista.
Com verve excepcional e uma imaginação sem limites, Sorókin construiu uma
narrativa ágil e enxuta, na qual cada detalhe vale por um verdadeiro mergulho
na cultura russa. A tradução de Arlete Cavaliere é publicada pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
Este fabuloso romance de
aventura, a obra-prima de Herman Melville, é também uma impressionante metáfora
da condição humana.
Um dos maiores feitos literários
da língua inglesa, Moby Dick tornou-se um emblema dos abismos da vingança e da
loucura ao descrever a perseguição obsessiva do capitão Ahab pela baleia branca
que o aleijou. Ao embarcarmos no baleeiro Pequod, conduzidos por Ismael, o
marujo narrador, somos lançados numa espiral narrativa que atravessa o globo.
Começando na costa Leste dos Estados Unidos, a viagem percorre o Atlântico e o
Índico num caminho tortuoso até o Pacífico, onde, por fim, os marinheiros
encontram o poderoso e temido cachalote. O ambiente apartado e masculino do
navio funciona como miniatura do mundo para Melville. Explorando com maestria
gêneros como os sermões bíblicos, o teatro shakespeariano, a poesia, a
filosofia e, claro, a narrativa de viagem e aventura, ele mergulha em questões
centrais da época ― a importância econômica dos cachalotes, a relação
hierarquizada dos embarcados, a questão racial refletida na tripulação
multiétnica e o nascente imperialismo norte-americano. Publicado em 1851, Moby
Dick chega aos Clássicos Zahar em tradução inédita de Bruno Gambarotto,
notório estudioso da obra, também responsável pela apresentação e as mais de
quinhentas notas do livro. Esta edição traz ainda posfácio da professora de
literatura Ligia Gonçalves Diniz e seção náutica ilustrada por Rafael Nobre,
além de cronologia de vida e obra do autor. Você pode comprar o livro aqui.
Um livro que trará uma grande
contribuição para a formação dos profissionais do teatro no Brasil.
Sobre a profissão do
ator, até agora inédito em nosso país, é um livro que vai trazer uma
grande contribuição para a formação dos profissionais do teatro no Brasil, e em
especial para as montagens de Brecht entre nós. Em mais de sessenta textos
curtos, esclarece muitos pontos sobre como um dos mais inovadores dramaturgos
da história entendia o modo de atuar no teatro épico. Sobretudo quanto ao
famoso efeito de distanciamento, que até hoje gera dúvidas em atores,
encenadores e público. Na ausência desse procedimento, as encenações podem
ficar apenas no plano moral das boas intenções e não alcançar o nível
estético-político imaginado por Brecht. Concebido por Werner Hecht, um dos
organizadores das obras completas do escritor, Sobre a profissão do ator
ganha nesta edição brasileira uma esclarecedora introdução e notas elaboradas
por Laura Brauer e Pedro Mantovani ― estudiosos que, além de lastreados pela
prática teatral, fizeram pesquisas em arquivos e bibliotecas alemães. Completa
o volume um conjunto de fotografias selecionadas a partir de Trabalho
teatral (1952), precioso documento do processo de trabalho brechtiano nas
encenações com o Berliner Ensemble. Com tradução de Laura Brauer e Pedro
Mantovani, o livro é publicado pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
Um romance de formação à
maneira indiana.
Agastya Sen é um indiano de 24
anos que inicia sua vida profissional no serviço público, seguindo os passos do
pai e de boa parte da elite de seu país. Acostumado à vida nas megalópoles de
Calcutá e Nova Delhi, ele é enviado para a provinciana Madna — cidade
quentíssima onde fará seu treinamento em administração distrital. Este é o
ponto de partida de Inglês, August, de Upamanyu Chaterjee, romance de
formação frequentemente comparado a O apanhador no campo de centeio, de
J. D. Salinger, e best-seller quando lançado na Índia, em 1988. O livro foi a
estreia de Chaterjee, e esta edição é o primeiro volume do escritor com
tradução no Brasil, feita por José Geraldo Couto. Num estilo transbordante de sarcasmo e
observação humana, Chaterjee acompanha, sem moralismo nem condescendência, os
meses de aprendizado de Agastya, marcados por desatenção ao trabalho e uma
insistente sensação de irrealidade. Colaboram para esse estado de espírito o consumo
febril de maconha e álcool, além da atividade onanista e da curiosidade
exacerbada pelos mais variados tipos de mulheres. Para espantar o tédio,
Agastya mente sobre a sua própria história. Em diferentes ocasiões, diz que é
casado com uma norueguesa muçulmana, que escalou o Everest ou que matou a
própria mãe. Em contraste com a aflição
diante da burocracia e das queixas da população nos escritórios governamentais,
Agastya tem facilidade em fazer amigos e frequentar as reuniões em torno de
jantares e do chá da tarde. Por causa de seu nome incomum, os locais preferem
chamá-lo de Inglês, dada sua habilidade no idioma dos antigos colonizadores, ou
pelo apelido de August. Ele é “um indiano não autêntico, um ocidental não
autêntico”, como observa no posfácio o premiado escritor indiano Akhil Sharma.
Num trecho do romance, Chaterjee resume a tragicomédia de Agastya: “Não havia
um único pensamento em sua cabeça sobre o qual não se sentisse confuso”. O livro, escrito em inglês como toda a obra de
Chaterjee, carrega o subtítulo “Uma história indiana”. Trata-se de uma crônica
da vida cotidiana pela qual passa uma coleção de personagens das mais diversas
extrações, todos com um toque ridiculamente desconfortável, do qual não escapam
o protagonista nem suas relações mais próximas. No quarto em que Agastya se
hospeda, os mosquitos voam para todos os lados, as lagartixas caem do teto, uma
rã faz do banheiro o seu lar. A comida é intragável e suspeita. Agastya anda
por ruas sem saneamento básico. Numa das passagens mais sérias e tristes do
livro, ele visita uma colônia de leprosos. Em outra, crianças são mergulhadas
com cordas num poço para colher em baldes a água lamacenta. O livro é publicado pela editora Carambaia.
REEDIÇÕES
Nova edição de uma peça que
ocupa um lugar de especial relevância na dramaturgia de Ariano Suassuna.
Na versão original, de 1948, ainda
sob o título Cantam as Harpas de Sião, foi esta a primeira peça do autor
a ser encenada, tendo estreado a 18 de setembro do mesmo ano, com direção de
Hermilo Borba Filho e cenários e figurinos assinados por Aloisio Magalhães. A
peça é ambientada durante a guerra de Princesa, ocorrida no Sertão da Paraíba,
movimento separatista já totalmente inserido no contexto das lutas políticas
que antecedem a Revolução de 1930. Em reescritura realizada em maio de 1958,
exatos dez anos após a conclusão da primeira versão, Suassuna substituiu o
título, mais poético, por outro, mais objetivo, mais diretamente ligado aos
fatos que constituem a trama. Do ponto de vista formal, trata-se de uma
tragédia em regra, construída a partir das clássicas unidades de lugar, tempo e
ação, e com uma ambiência trágica que paira rigorosamente sobre todo o
desenrolar da trama. Suscitada já nas estrofes que abrem a encenação, cantadas
à luz de uma vela, essa ambiência trágica intensifica-se a cada diálogo,
culminando nos versos que encerram o espetáculo, o belíssimo poema em
decassílabos heroicos que começa e termina com o mesmo verso, “alguém morreu na
estranha madrugada”. Partindo de uma guerra de proporções locais e
consequências relativamente modestas, o autor consegue fazer de sua peça um
contundente libelo contra todas as guerras, um grito, em suas próprias
palavras, contra a guerra em si mesma, num tempo em que o mundo inteiro ainda
procurava se recuperar do trauma sofrido com a Segunda Guerra Mundial, o
conflito até hoje mais violento de toda a história humana, terminada havia
apenas três anos. Encontra-se aí, sem dúvida, o elemento de supratemporalidade
que faz de O Desertor de Princesa uma peça atual e necessária. Qualquer
que seja a guerra, de um modo geral, os líderes políticos e os oficiais de alta
patente, abrigados em seus palácios, quartéis e postos de comando, limitam-se a
dar ordens, e muito provavelmente morrerão com a idade avançada e o peito cheio
de medalhas; os jovens soldados, nas frentes de batalha, matam e morrem. O
soldado que se recusa a cumprir o seu papel vira um desertor, e logo será
condenado à pena capital, para que seu mau exemplo não contamine a tropa. O
livro é publicado pela editora Nova Fronteira. Você pode comprar o livro aqui.
Após décadas fora de catálogo,
a saga em torno da diva Melinha Marchiotti retorna agora em nova edição.
Lançado pela primeira vez nos anos
1980, este livro dá mostras definitivas de que João Silvério Trevisan é um de
nossos prosadores mais ousados e inventivos. Escrito com extraordinária
liberdade criativa, Vagas notícias de Melinha Marchiotti representa um
terremoto de inventividade e transgressão, tanto linguística e estilística,
quanto estrutural e temática. Ousado, polêmico e esfuziante, este romance
mistura ficção romanesca, poemas, diários reais, cartas apócrifas, fragmentos
narrativos, memórias cinematográficas, boatos obscenos, entre outros gêneros e
subversões textuais possíveis. É uma deliciosa ficção que instiga e confunde as
barreiras entre vida real e literatura ficcional, lucidez e desregramento.
Publicado originalmente em 1984, período da redemocratização, do auge da
epidemia do HIV e de intensa perseguição às sexualidades e aos gêneros
dissidentes, Vagas notícias de Melinha Marchiotti é, sem dúvida, uma
narrativa anárquica que celebra a liberdade de ser e de criar, com direito ao
escracho próprio de quem está bem vivo. Após décadas fora de catálogo, a saga
em torno da diva Marchiotti retorna agora à cena acompanhada de um instigante
ensaio de Fábio Figueiredo Camargo, doutor em literaturas de língua portuguesa
e pesquisador de literatura homoerótica na Universidade Federal de Uberlândia,
que insere este clássico brasileiro da sexualidade transgressiva na mesma
linhagem do pensador transgênero Paul B. Preciado. O livro é publicado pela
Editora Record.
RAPIDINHAS
De Gabriel García Márquez para Mario Vargas Llosa. A Editora Record publicará dois livros que
unem Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa: Duas solidões: um
diálogo sobre o romance na América Latina, produto de uma longa conversa entre os dois escritores em 1967; e História de um deicídio, ensaio sobre a obra do escritor colombiano que foi produto da tese de doutorado de Llosa, em 1971.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Mais pontas que pés, de Samuel
Beckett. O catálogo da Biblioteca Azul reúne algumas preciosidades da obra do
dramaturgo e uma delas foi apresentada no início deste ano com tradução de Ana Helena
Souza. Trata-se do primeiro livro de Beckett. Concebido para ser um romance e
tornado um livro de contos, a edição reúne dez narrativas que tratam sobre uma
mesma personagem desde os seus dias como estudante à sua morte: a fragmentar
vida de Belacuqa Shuah, um preguiço, mulherengo e ávido leitor da Divina
Comédia, de Dante. Você pode comprar o livro aqui.
2. Os abismos, de Pilar
Quintana. Neste romance, a solidão feminina e as imposições sociais na vida da
mulher são entrevistas pelos olhos de uma criança — Claudia, que mora com os
pais em Cáli, na Colômbia. O epicentro da narrativa e o que favorece os
questionamentos e implicações da personagem é uma crise familiar; os possíveis contornos
de tudo, por sua vez, será entremeado pelos relatos de uma mãe obcecada por revistas
de celebridades e figuras femininas com finais trágicos com as quais a criança
estabelece correspondências para estudar as escolhas e o destino de sua progenitora.
Com tradução de Elisa Menezes, o livro está publicado pela editora Intrínseca. Você pode comprar o livro aqui.
3. O diário de um louco. Contos
completos de Lu Xun. O livro é daqueles raros e importantes acontecimentos no emperrado
mercado editorial brasileiro. Pela primeira vez se publica por aqui a
contística completa de um dos principais nomes da literatura chinesa no século
XX. Com tradução de um coletivo formado por Beatriz Henriques, Cesar Matiusso,
Marcelo Medeiros, Marina Silva e Pedro Cabral, o livro editado pela Carambaia reúne
os três títulos publicados em vida por Lu Xun: O grito, Hesitação
e Histórias antigas recontadas. São narrativas que se destacam pela
sutil maneira de mostrar os modos de ser e pensar dos chineses, aliando esse
tratamento ao elemento fantástico das fábulas do seu imaginário. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. O ano de 2022 é o dos 100 anos de nascimento de José Saramago. A data é marcada pela revista acadêmica dedicada à publicação de estudos sobre a obra do escritor português com dois volumes emblemáticos. O primeiro deles, reunindo textos de pesquisadores do Brasil, Colômbia e Portugal foi apresentado durante esta semana. Você pode acessar esta e outras edições por aqui.
2. Os cadernos de rascunhos de Mary Shelley para a escrita de Frankenstein. Sabe-se que a escritora inglesa redigiu pelo menos dois rascunhos para o seu famoso romance. O designado Caderno A também está agora disponível online. Data de entre o agosto e início de dezembro de 1816; são 77 folhas. Você pode apreciar este e os outros manuscritos aqui.
3. O Google homenageia o 75.º
aniversário da publicação do diário de Anne Frank. O Doodle inclui trechos
descrevendo as experiências dela e de seus amigos e familiares enquanto esteve
escondida por mais de dois anos no sótão de uma casa na Holanda. Veja e saiba mais aqui.
BAÚ DE LETRAS
1. Pouco tempo depois da publicação
em Portugal, o blog apresentou uma resenha sobre Eliete, de Dulce Maria
Cardoso, livro que só agora, quase quatro anos depois, chega aos leitores brasileiros.
O texto de Pedro Fernandes está disponível aqui.
2. Outro inédito de Samuel Beckett que saiu por aqui na Biblioteca Azul foi Ossos de eco, comentado nesta matéria do Letras em 2016.
3. Neste texto de 2015, o leitor pode ler algo mais sobre o diário de Anne Frank.
DUAS PALAVRINHAS
“As pessoas podem dizer para você ficar calado, mas isso não o impede de ter sua própria opinião.”
— Anne Frank em seu diário
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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