Boletim Letras 360º #484

DO EDITOR
 
1. Saudações, caro leitor! Abro esta edição do boletim, para informar que ficará disponível um exemplar da edição especial do Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago (Companhia das Letras, 2022) para sorteio entre os apoiadores do blog. Saiba mais sobre o livro aqui.
 
2. É possível ajudar ao Letras com valores a partir de R$10 através do PIX blogletras@yahoo.com.br. Mas essa é apenas uma das formas. Você pode saber mais sobre por aqui. E, cabe não esquecer que na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto, também ajuda a manter o Letras sem pagar nada mais por isso.
 
3. A todos que acompanham o trabalho do Letras, reitero os sinceros agradecimentos. Boas leituras e um fim de semana de descanso.

Virginia Woolf. Foto: National Portrait Gallery.


 
LANÇAMENTOS
 
Dois livros para marcar a edição brasileira do Dalloway Day’22, iniciativa importada pela Editora Nós.
 
1. Muito à semelhança de Orlando, a célebre biografia-romance de Vita Sackville-West escrita por Virginia Woolf, Emmanuelle Favier tece Virginia. Com audácia e talento invejáveis, Favier costura referências às obras de Woolf. Assistimos Ginia se metamorfosear em Virginia. O tempo se lança implacável e fazemos o melhor possível para acompanhá-lo, experimentando como o seu correr escorre entre os dedos. Restam apenas as folhas caídas, os rastros que recolhemos para fiar nossas narrativas — já que, como lembra Favier, o tempo presente é aquele que não se digere. A tradução de Marcela Vieira. Você pode comprar o livro aqui
 
2. Considerado uma espécie de gênese do que viria a ser um dos romances mais famosos de Virginia Woolf, a narrativa de Mrs. Dalloway em Bond Street é um daqueles textos que se sustentam com “uma existência separada e completa”, para usar uma expressão da própria autora. Por trás da aparente banalidade de um passeio para comprar luvas, vamos encontrar em potência um extraordinário chamado à vida, numa Inglaterra do pós-guerra, exausta de chorar pelos seus mortos, que em muito se assemelha ao mundo no qual estamos mergulhados exatos cem anos depois. A tradução é de Ana Carolina Mesquita. Você pode comprar o livro aqui
 
O novo livro de Antonio Carlos Secchin.
 
Ana à esquerda & outros Movimentos é o novo livro de prosa de Antonio Carlos Secchin, reunindo seus contos inéditos (incluindo o homônimo ao livro) e uma segunda parte com sua novela Movimento, publicada durante sua juventude. O volume dois da Coleção Só Prosa editada pela Martelo Casa Editorial traz a intrigante história de Ecila, que estabelece o mundo invertido por que percorrem as personagens do conto de abertura do livro, “Ana à esquerda”, e também as histórias de outras mise en abymes exploradas pela narrativa de ficção de Antonio Carlos Secchin. O livro reúne Ilustrações de Hallina Beltrão e prefácio de Flávia Amparo.
 
Ruy Castro e um romance histórico que passa em revista as conturbações do império.
 
Combinando o melhor da ficção com a reconstituição histórica, Ruy Castro cria uma trama de tirar o fôlego que faz do imperador d. Pedro II o alvo de uma conspiração antimonarquista. Em 1876, d. Pedro II embarcou num vapor rumo aos Estados Unidos para as comemorações do Centenário da Independência americana e passou três meses conhecendo o país. Em Os perigos do imperador, Ruy Castro parte desse episódio verídico e constrói um romance eletrizante, que imagina um atentado fatal contra o monarca orquestrado por republicanos brasileiros. Fazem parte dessa trama o poeta Sousândrade, que à época vivia em Nova York; James O'Kelly, repórter do New York Herald; Deoclecio de Freitas, dono de um virulento periódico antimonarquista; e Leopoldo Ferrão, a peça-chave para a execução do plano. Além, é claro, do grande elenco da corte imperial. Presente no livro está toda a versatilidade de Ruy Castro como escritor. Com a experiência de biógrafo, reconstitui habilmente a atmosfera do Brasil e dos Estados Unidos do século XIX; como romancista, tece uma narrativa intrigante que intercala a voz do narrador com diários, cartas, reportagens e editoriais, fazendo o leitor se questionar sobre o que de fato aconteceu. O livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui
 
Daniel Mella nos convida para uma viagem vertiginosa ao centro de sua neurose e de suas obsessões, com um estilo que lembra Bret Easton Ellis e J. D. Salinger.
 
A fatalidade em O irmão mais velho é habilmente transformada em uma experiência meditativa que envolve o amor, as relações familiares, o luto, as crenças e a arte. Ale é salva-vidas no litoral uruguaio. No verão de 2014, um dos mais tempestuosos já registrados naquela localidade, ele é atingido por um raio na guarita onde trabalhava, em Playa Grande. Morre eletrocutado, deixando pais e irmãos em enorme sofrimento. Dani, o irmão mais velho, é quem conta essa história, que mescla ficção e realidade, memória e invenção; e é no tempo futuro que ele nos insere no seio dessa família abalada pelo luto, como se todas as calamidades ainda estivessem por acontecer. Como narrar a dor? Podemos racionalizar a morte e conviver com ela? Como e por que continuar vivendo? Este é um romance sobre o luto, uma exploração urgente do vínculo fraterno e dos impactos que a morte pode causar em nossos círculos mais íntimos, bem como em nós mesmos. Numa prosa ágil e sensível, com pitadas de ironia e humor, o escritor Daniel Mella leva o narrador, impiedoso consigo mesmo, a enfrentar seu lado mais obscuro: suas obsessões, suas perversões, suas mesquinharias, mas também aquilo que pode redimi-lo, a literatura. O livro é publicado pelo selo Contemporânea/ Grupo Autêntica com tradução de Sérgio Karam. Você pode comprar o livro aqui
 
Uma sátira que desconstrói a apoteose do imperador romano Cláudio, morto em 54 d.C.
 
Em A Abobrificação do divo Cláudio, Cláudio, que ficou conhecido em sua época por ser um governante tirano, boçal e incapaz de sustentar seu cargo, percorre um caminho fictício até o céu, de onde, tendo sua entrada rejeitada pelos deuses, é enviado ao inferno para receber seu juízo final. O texto de Sêneca participa do gênero sátira menipeia, em que se mesclam prosa e verso, coloquialismos e formas cultas, além de possuir constantes intertextualidades com outros textos da antiguidade clássica. A obra é uma reação tanto ao exílio sofrido pelo autor nas mãos do princeps satirizado quanto aos desmandos e crueldades por ele perpetradas, e ainda uma forma de enaltecer Nero, seu sucessor, de quem Sêneca foi preceptor. Apesar da distância temporal e cultural, saltarão aos olhos do leitor diversos paralelos com a atual realidade brasileira. Pouco após a morte de Cláudio, imperador que, assim como outros, deixou marcas indeléveis de tirania na Roma antiga, o filósofo e dramaturgo Lúcio Aneu Sêneca compôs uma peça satírica que se tornou referência para os amantes do riso sarcástico. Nela Sêneca narra as peripécias por que passou o recém-defunto até chegar ao seu posto definitivo: os ínferos. Após o primeiro imperador romano, César Augusto, ter instituído a ideia da deificação, seus sucessores buscaram a mesma sorte. Contudo, segundo a sátira senequiana, no caso de Cláudio essa transformação em divindade foi malograda e, em vez da deificação, o autor sugere que tenha ocorrido uma “abobrificação”, ou seja, a conversão do imperador em abóbora, não em deus. Desde o título se nota o caráter jocoso e ridicularizante que retrata a figura do imperador tirano, o qual, sob certos aspectos, recorda tanto o atual presidente brasileiro quanto outros tiranos de nossos tempos. Não coincidentemente, o interesse pela obra cresceu nos últimos anos em todo o mundo, a julgar pelas centenas de publicações recentes ligadas a ela, bem como pelas novas traduções que vêm surgindo, tendência da qual a presente edição faz parte. Portanto, o leitor tem em mãos não só uma obra-prima da sátira menipeia, gênero poético peculiar que mistura prosa e poesia, ficção e realidade, mas também uma obra clássica que foi admirada por escritores como Boccaccio, Diderot, Machado de Assis entre outros, e que dialoga com nossa época como poucas. O livro tem tradução e notas de Luiz Henrique Milani Queriquelli, Maria Helena Felicio Adriano, Miguel Ângelo Andriolo Mangini, Pedro Falleiros Heise. Publicação da Editora Iluminuras. Você pode comprar o livro aqui
 
O novo livro de José Luis Passos mostra a face desenhista do romancista.
 
Um relato cativante sobre os desafios de se sentir estrangeiro. Do vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura. Lucy é uma brasileira que tenta levar a vida em Los Angeles. Entre os trabalhos esporádicos, ela procura escrever a biografia da mãe, uma lendária cantora e compositora, que nunca chegou a conhecer de fato. “Na fotografia de minha mãe que mais me incomoda, ela está estirada no colo de quatro homens sentados num sofá branco”, nos diz a narradora deste romance sobre identidade, amor e memória. Lucineide, ou Lucy, é uma brasileira que mora no subúrbio de Los Angeles, na Califórnia. É fã de Marilyn Monroe. Seus amigos são Hani, uma descendente de libaneses, e seu namorado Pablo, ex-boxeador mexicano que se sustenta com pequenos bicos. E Saboia, um setentão que vive preso ao passado e insiste para que Lucineide conte, em livro, a história da mãe. Lady Laet foi a musa da cena contracultural brasileira, mesclando o rock ao samba para criar um repertório muito particular. Cabe a Lucineide, agora, se aprofundar nas letras e na vida dessa mulher elusiva, e assim entender não só sua mãe, mas suas próprias raízes. Com ilustrações do próprio autor, Um álbum para Lady Laet nos traz uma experiência onírica, calcada na memória, nos desejos e nas relações fugazes de pessoas que tentam encontrar seu lugar no mundo. O livro sai pela Alfaguara. Você pode comprar o livro aqui
 
Nova edição do livro que reúne as canções de Caetano Veloso traz os trabalhos mais recentes do compositor.
 
Em Letras estão todas as canções escritas por um dos nomes centrais da música, da poesia e da cultura popular brasileira. Ler uma a uma é acompanhar as transformações de uma obra inesgotável ao longo de mais de sessenta anos. Compositor singular, Caetano Veloso é um poeta extraordinário. Nascido em 1942, o artista inaugurou sua carreira com um compacto simples, em 1965, e dois anos depois lançou o disco Domingo. Desde então, foram cerca de quarenta álbuns de estúdio, além de gravações ao vivo e coletâneas. O livro organizado por Eucanaã Ferraz reúne todas as canções escritas por Caetano Veloso, começando por sua produção mais recente — Meu coco, lançado em 2021 — e chegando às primeiras composições do artista, em meio a discos de estúdio, canções gravadas por outros cantores, parcerias e trilhas sonoras. Ainda que tenham sido escritos para ser cantados, os versos revelam aqui sua vocação verdadeira: são poemas. Ao formular sua experiência individual de modo notável, Caetano Veloso faz com que suas palavras digam respeito a todos nós, seus ouvintes — e leitores. O livro sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui
 
REEDIÇÕES
 
Um dos heterônimos mais cultuados de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro alia força, lucidez e estilo lapidar em obra que tem a natureza como eixo principal.
 
Alberto Caeiro configura uma verdadeira revolução na trajetória de Fernando Pessoa. O heterônimo, que surgiu em março de 1914, quando Pessoa tinha 26 anos, se consagrou pelo estilo singular e bucólico, capaz de aliar polos aparentemente tão opostos quanto simplicidade e profundidade. Em versos que surpreendem pela clareza, Caeiro nos conduz por um universo composto de pedras, árvores, flores e montanhas e defende que as sensações provocadas pelo contato com a natureza são indiscutivelmente superiores ao pensamento lógico e racional. A presente edição reúne toda a obra de Alberto Caeiro, composta por três conjuntos de poemas: O guardador de rebanhos, O pastor amoroso e Poemas inconjuntos. O volume conta com estabelecimento de texto de conceituados especialistas na obra de Fernando Pessoa — Richard Zenith e Fernando Cabral Martins —, autores de ensaios críticos incluídos no volume, e com posfácio inédito assinado pelo poeta Leonardo Fróes. Poesia Completa de Alberto Caeiro,  publicado pela Companhia das Letras, abre a reedição da obra completa de Fernando Pessoa. Você pode comprar o livro aqui
 
A história de luta e coragem de uma adolescente negra que sonha em ser filósofa e encontrar seu lugar no mundo.
 
Um pouco antes das eleições de 1989, a protagonista deste romance migra de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. Entre as duas cidades, entre a infância e a adolescência pobres, acompanhamos a trajetória de Estela em meio a uma sequência de violências, faltas e desamparos a que ela, a mãe e o irmão são submetidos. Manifestando suas inquietações com a vida, as perguntas da jovem perscrutam seu mundo e as dores que carrega. Na relação ambígua com a família, nos embates entre religião e liberdade: a força da escrita de Jeferson Tenório surpreende mais uma vez nesta narrativa sobre crescer num país cruel e desigual. Estela sem Deus sai pela Companhia das Letras.
 
OBITUÁRIO
 
Morreu o escritor A. B. Yehoshua.
 
A. B. Yehoshua nasceu em Jerusalém, em 9 de dezembro 1936, na quinta geração de uma família de judeus sefarditas que se radicara na cidade muito antes da criação do Estado de Israel. Formou-se em literatura e filosofia, lecionou em Paris e na Universidade de Haifa. Escreveu vastíssima obra, entre prosa (romance, ensaio) e teatro, traduzida em mais 28 idiomas. No Brasil, estão entre alguns dos títulos publicados, Shiva, Viagem ao fim do milênio, A noiva libertada, A mulher de Jerusalém, Fogo amigo, Cinco estações, O Sr. Máni e O túnel. Yehoshua recebeu diversos prêmios internacionais, incluindo o de melhor romance do ano no Reino Unido, em 1992, e o prêmio Viareggio, em 2005, na Itália, pelo conjunto da obra; além de ter sido prestigiado com o Prêmio Israel em 1995 e o Los Angeles Times em 2006. Importante voz sobre os direitos dos palestinos, o escritor morreu no dia 14 de junho de 2022 em Tel Aviv, Israel.

RAPIDINHAS

Carlos Heitor Cony inédito. Sai em julho Paixão segundo Mateus, um manuscrito encontrado entre os arquivos do escritor doados para a Academia Brasileira de Letras.

Em gesto de despedida. Nélida Piñon doa sua biblioteca particular para o Instituto Cervantes. Entre os mais de sete mil volumes, estão preciosidades, como obras assinadas por importantes nomes da literatura, de Gabriel García Márquez a Toni Morrison. 
 
DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. A morte de Virgílio, de Hermann Broch. Há muito esgotado no Brasil, este era um dos livros que os leitores mais cobravam uma reedição ou nova tradução. A obra do escritor austríaco começou a circular em reedições da extinta Benvirá (que, aliás, possuía um catálogo repleto desses títulos com circulação restrita entre nós), mas nunca chegou a reeditar o romance. Bom, aqui está o romance, em tradução de Wagner Schadeck, pela Sétimo Selo. Nada sabemos sobre esse trabalho, se está a altura do esperado, mas é sempre uma alegria reencontrar com alguma facilidade um dos títulos que integra a obra-prima de Broch. Entre sonhos, pensamentos e falas do poeta, o romance erguido em monólogo interior condensa tempos e espaços diversos que reconstitui em dezoito horas a vida e as reflexões sobre o seu trabalho maior, a Eneida. Você pode comprar o livro aqui
 
2. O túnel, de A. B. Yehoshua. A obra do escritor foi durante algum tempo bem recebida por aqui. Sua morte pode, entretanto, acentuar os vazios de reedição dos livros já publicados; isso porque todos encontram-se esgotados nas livrarias. Da lista, salva-se este porque foi publicado por esses dias pela DBA Editora. Nesse romance, Yehoshua dá vida ao engenheiro Tzvi Luria, que, aos setenta anos, aceita o desafio de construir uma estrada em pleno deserto israelense, um interesse que se soma ao de não se render à demência. Outra vez, um dos mais importantes críticos dos impasses entre palestinos e israelenses revisita o tema ao colocar este senhor em contato com uma família palestina que vive num dos territórios pelo qual passaria o sonho do grande projeto de Luria. Você pode comprar o livro aqui
 
3. Poemas, de Giuseppe Ungaretti. A Edusp reeditou essa coleção de poemas do poeta italiano que foi organizada e traduzida por Geraldo Holanda Cavalcanti. É uma edição belíssima, sobretudo, e que recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Tradução. A experiência de Cavalcanti com a poesia da terra de Dante dispensa comentários; é dele a tradução de alguns outros grandes poetas como Eugenio Montale, Salvatore Quasimodo e Umberto Saba. No livro agora recomendado, o leitor encontrará poemas dos principais títulos de Ungaretti: L’Allegria, Il Porto Sepolto, Girovago, Roma Occupata, La Fine di Crono, Sogni e Accordi, La Terra Promessa... A antologia é prefaciada por Alfredo Bosi. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
1. Por acabar de recomendar a poesia de Giuseppe Ungaretti, é que citamos esta entrada no blog da Revista 7faces que reúne três poemas do poeta italiano traduzidos por Haroldo de Campos.  
 
BAÚ DE LETRAS
 
1. Nós lembramos o Dia de Bloom em algumas das nossas redes sociais. No Facebook, por exemplo, um caminho para várias publicações já editadas neste blog sobre o romance motivador da data celebrada em vários recantos do mundo.
 
2. Ainda recente, mas já matéria para o nosso baú, publicamos este breve texto com alguma notícia biográfica sobre o escritor A. B. Yehoshua.
 
DUAS PALAVRINHAS

Toda vida é muitos dias, dia após dia. Caminhamos por nós mesmos, encontrando ladrões, fantasmas, gigantes, velhos, rapazes, esposas, viúvas, bonscunhados. Mas sempre encontrando a nós mesmos.
―De Ulysses, James Joyce

Minha alegria na escrita é tomar o material do mundo e, ao mudá-lo, tentar encontrar nuances e uma ideia contraditória.
— A. B. Yehoshua, em entrevista para a Quatro cinco um

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