Boletim Letras 360º #482
DO EDITOR
1. No dia 29 de maio de 2022
realizamos o último sorteio incluindo Kits de livros fornecidos por editoras
parceiras que se dispuseram contribuir conosco para levantar fundos de custeio
do domínio e hospedagem do Letras aqui na web.
2. O seu apoio é ainda necessário,
continuamente. Os sorteios continuarão, com Kits de livros ou livros isolados
entre todos os apoiadores. Simplificamos os valores. Agora é possível ajudar
com valores a partir de R$10 através do PIX blogletras@yahoo.com.br.
3. Outras formas de colaborar com
o Letras estão disponíveis aqui. E, cabe não esquecer que na
aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você
tem desconto, também ajuda a manter o Letras sem pagar nada mais por
isso.
4. A todos que ajudaram, direta ou
indiretamente, reiteramos, também continuamente, nossos agradecimentos.
Yasunari Kawabata. |
LANÇAMENTOS
Pela primeira vez, o último
romance de Yasunari Kawabata ganha tradução direta do russo no Brasil.
Em Beleza e tristeza,
último romance escrito por Yasunari Kawabata, podemos acompanhar Oki Toshio, um
romancista de sucesso, que depois de ver uma foto de sua antiga amante, Otoko
Ueno, em um artigo de revista, se sente atraído a voltar para a cidade de Kyoto
e contemplar a tradicional celebração de Ano-Novo enquanto tenta se reconectar
com seu antigo caso. Sem contato há mais de vinte anos, no reencontro, ele tem
outra vida, ela não é mais uma adolescente, e novos personagens fazem com que a
relação deles seja retomada de maneira diferente e com novas complicações. O
enredo de Beleza e tristeza conta a história das consequências
duradouras de um breve caso de amor. Embora muito envolvente e difícil do
leitor largar, não dá conta da grandeza do livro. Suavemente lírico, mas feroz,
com intensidade e paixão e com uma narrativa, no estilo característico de Kawabata,
traz sutilmente à tona questões de tradição e modernidade. Com tradução de
Lídia Ivasa e prefácio de Neide Hissae Nagae, o livro é publicado pela Editora
Estação Liberdade. Você pode comprar o livro aqui.
Uma coleção da editora Cobogó
apresenta cinco peças da dramaturgia holandesa contemporânea.
1. Tudo começa com um mistério: no
bairro multicultural de Schilderswijk, em Haia, uma criança desaparece sem
deixar vestígios. Sanguessugas orbitam o drama familiar, vendo na tragédia uma
oportunidade de autopromoção. A trama se desenrola em seis episódios inspirados
em gêneros televisivos (drama policial, talk show e documentário), tal qual uma
maratona de séries numa plataforma de streaming. Em cena, policiais,
jihadistas, empresários, políticos e jornalistas lutam entre si, perdendo de
vista o mais importante: a vida de uma criança. Em A nação, vencedor do
Taalunie Toneelschrijfprijs, importante prêmio holandês de dramaturgia, Eric de
Vroedt apresenta um desfile heterogêneo e complexo de personagens, amalgamando
mídias e suportes para construir sua narrativa — o que potencializa o caleidoscópio
humano que compõe a obra. A peça tem tradução de Newton Moreno. Você pode comprar o livro aqui.
2. Num futuro distópico, a lei do
mais forte rege as relações humanas. Em cena, assistimos aos conflitos entre os
Meyerbeers e os Boumans, as duas últimas famílias brancas do mundo. Elas são
inimigas mortais, carregando um ódio que transcende gerações e, no entanto, do
qual ninguém conhece a origem. Em meio a esse cenário de desesperança e terror,
Lucien Meyerbeer enfrenta o pai para pedir Angélica Bouman em casamento — evitando,
assim, a extinção da raça branca. Também vencedor do Taalunie
Toneelschrijfprijs, importante prêmio holandês de dramaturgia, “No canal à
esquerda”, de Alex van Warmerdam, reflete sobre o mundo em que queremos viver a
partir de um texto tão duro e cruel quanto profundo e inspirador. Você pode comprar o livro aqui.
3. O espetáculo está prestes a
começar. Na coxia, uma atriz se recusa a entrar em cena: não quer mais
interpretar Medeia, personagem imortalizada pelo poeta grego Eurípides. Farta
de tudo e sentindo-se deslocada, ela reflete sobre viver no mundo do teatro e a
relação conflitante com seu ofício, desfazendo o pacto com o palco e quebrando
a expectativa de todos ao seu redor. A partir de um texto poético e hipnótico,
primorosamente construído, Eu não vou fazer Medeia, de Magne van den
Berg, vencedora do Taalunie Toneelschrijfprijs, é uma obra sobre a coragem de
questionarmos tudo aquilo em que acreditamos um dia. Você pode comprar o livro aqui.
4. No planeta Tudo tem tudo aquilo
que qualquer um poderia desejar — mas somente um item de cada. Quando algo
quebra, não existe reposição. Ou melhor, é preciso ir até esse lugar onde há
vários exemplares de coisas diferentes: um estranho planeta chamado Terra. Jan,
Sylpia e Bavo, três extraterrestres nativos de Tudo, vêm à Terra disfarçados de
humanos, em busca de peças sobressalentes. Tentando se comportar da maneira
mais terrestre possível — o que não é nada fácil — experimentam os vastos e
ambíguos sentimentos humanos. Planeta Tudo, de Esther Gerritsen, com
tradução de Ivam Cabral e Rodolfo García Vásquez, é uma comédia absurda, tão
leve quanto crítica, que faz rir e pensar a partir dos hábitos e as
peculiaridades dos seres humanos. Você pode comprar o livro aqui.
5. Num dia frio e aparentemente
insignificante de abril, na pequena cidade balneária britânica de Sheerness,
surge um homem vindo do mar. Nada se sabe sobre sua origem. Por meses, a
pequena cidade é tomada por esse mistério. Sempre calado, o forasteiro se
contenta em tocar piano por horas a fio, despertando a curiosidade de todos.
Pouco a pouco se multiplicam as hipóteses dos aldeões sobre ele. Quem é esse
homem? Por que não diz nada? Baseada numa história real, Ressaca de palavras,
de Frank Siera, com tradução de Cris Larin, é uma peça poética, com um texto
repleto de musicalidade e ritmo. Você pode comprar o livro aqui.
Uma viagem pelo Oriente, um
tratado de geografia humana, uma lúcida reflexão sob o atual subcontinente indiano.
Impérios do Indo é o
relato da ousada viagem solitária de Alice Albinia, então com vinte e nove
anos, ao longo do “Rio dos Rios”, desde a foz até a nascente: mais de três mil
quilômetros cruzando cidades, paisagens e povos, observados com empatia em uma
peregrinação aventureira entre tribos pashtun e párias das periferias,
santuários sufis e fundamentalistas islâmicos, recheada de personagens memoráveis
cujo destino está fatalmente entrelaçado com o do grande rio. As suas margens “atraíram
conquistadores sedentos. Algumas das primeiras cidades do mundo foram
construídas aqui, a literatura em sânscrito mais antiga da Índia foi escrita
sobre o rio, os santos sacerdotes do Islã vaguearam ao longo destas águas”. Um
itinerário na contracorrente do rio e na contramão do tempo — do presente
conturbado do Paquistão aos esplendores do Império Britânico, das conquistas
dos sultões afegãos a Alexandre, o Grande, da época dos Vedas à da misteriosa
civilização de Mohenjodaro —, contado com uma escrita leve e incisiva em um
livro que é ao mesmo tempo romance de viagem e investigação histórica, tratado
de geografia humana e lúcida reflexão sobre o atual subcontinente indiano. O
livro é publicado pela editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
Um vislumbre inesquecível de um
dos períodos mais artisticamente vibrantes e fascinantes de Berlim. Uma das mais importantes
escritoras alemãs do século XX, em tradução direta do original.
Considerado pela Deutsche Welle um
dos cem livros alemães mais importantes do século XX, Meu coração
situa-se no Café des Westens, o epicentro da Berlin expressionista do início do
século XX. Else Lasker-Schüler narra a morte de seu casamento em uma série de
cartas para seu marido, Herwarth Walden, editor do jornal de vanguarda Der
Sturm. Assumindo o disfarce de alter egos como Tino de Baghad ou o Príncipe de
Tebas, a autora tece uma teia de fantasias orientais para informar o marido de
suas infidelidades. Ao fazer isso, transforma uma crise pessoal em uma metáfora
para o fim de uma era. Estrelado por uma série de artistas importantes,
incluindo Karl Kraus, Alfred Döblin, Oskar Kokoschka, Karl Schmidt-Rottluff,
Emil Nolde e Arnold Schönberg, Meu coração oferece um vislumbre
inesquecível de um dos períodos mais artisticamente vibrantes e fascinantes de
Berlim. A tradução de Murilo Jardelino e Ebal Bolacio é publicada pela Editora
Rua do Sabão. Você pode comprar o livro aqui.
Ivan Junqueira inédito.
Ivan Junqueira deixou um conjunto
de poemas inéditos, boa parte escrita em sua primeira juventude (1954-58). A
Editora Lacre reuniu esses poemas — datilografados, numerados pelo autor e
cuidadosamente guardados pela viúva Cecília Costa — e preparou uma edição
especial com 22 desenhos coloridos, também inéditos e que revelam outro talento
do poeta. Estes últimos, gentilmente cedidos pela sua filha, Suzana. A primeira
tiragem do livro restrita a 250 exemplares é uma edição especial, com capa
dura, folha de guarda com manuscrito do autor e os desenhos em suas cores
originais. O livro reúne prefácio crítico literário Ricardo Vieira Lima, com o
prefácio e quarta capa do ensaísta Alexei Bueno.
Poesia de Aline Motta em edição
do Clube Círculo de Poemas.
Entre palavra e imagem, entre
arquivo e fabulação, A água é uma máquina do tempo, de Aline Motta,
reúne diversas linguagens artísticas e reconfigura memórias ao se valer de uma
percepção não-linear do tempo. Construindo um mosaico fluido de épocas a partir
de documentos históricos, a artista-escritora cruza diversos planos entre si,
num percurso que passa pelo luto por sua mãe e vai até o Rio de Janeiro de fins
do século XIX, através dos fragmentos que reconstroem as vidas de Ambrosina e
Michaela, antepassadas da autora. Ao aliar criação e pesquisa, Aline Motta
expõe as várias formas de rasura que a herança colonial impõe à nossa história.
Na orelha do livro, Ricardo Aleixo escreve: “No afã de dar corpo a esse ‘tentar
narrar’ o talvez inenarrável — as lacunas, fendas, dobras, os invisíveis
liames, os desvãos da história —, Aline nos oferta uma obra que, em suas
palavras, resulta de um processo de criação tão obsessivo e extenuante que bem
pode ser definido como uma espécie de possessão”. Comovente e contundente, A
água é uma máquina do tempo funde o poético e o documental e faz da imaginação
um ato político de transformação. O livro é do Clube Círculo de Poemas, mantido
pela editora Fósforo e Luna Parque Edições. Você pode comprar o livro aqui.
Novo romance de Xico Sá.
Neste romance do jornalista e
escritor brasileiro Xico Sá, a narração de um jogo de futebol, lance a lance e
minuto a minuto, na perspectiva de alguém em campo — o goleiro —, mesclando-se
a fragmentos de memória e inquietações desse personagem tão central em um time.
Em A falta, de Xico Sá, o protagonista é o camisa 1 de um time de
futebol. Grande fã do esporte, tendo trabalhado muito tempo como jornalista
esportivo, Xico mergulhou fundo nesse universo. No entanto, este romance
literário vai além: não se trata apenas de um belo conjunto de referências
históricas e futebolísticas, mas também conduz o leitor a temas mais humanos e
subjetivos, como a pressão sobre atletas (e todos os profissionais dos quais se
exige alta performance), a aproximação da aposentadoria, propósito, desejos e
aspirações, paternidade, os relacionamentos e as frustrações acumulados ao
longo de uma vida e, enfim, o amor. O livro é publicado pelo Selo Tusquets
Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
Uma edição fac-similar para um dos principais trabalhos de Monteiro Lobato.
Em janeiro de 1917, o escritor Monteiro Lobato lançou nas páginas do jornal O Estado de São Paulo três perguntas ao público sobre a figura folclórica do Saci. Das muitas cartas recebidas de vários pontos do país, ele retrabalhou extensa parte e publicou no ano seguinte o seu primeiro livro: O Sacy-Pererê, resultado de inquérito. O livro com três centenas de páginas foi assinado com o nome de Demonólogo Amador. O sucesso da publicação levaria o escritor a voltar sobre o tema três anos mais tarde em O Sacy, livro publicado para o público infantil com ilustrações de Voltolino. Esta edição ganha agora uma edição fac-similar pela editora Graphien com tiragem de 1.500 exemplares. A edição inclui ainda prefácio da especialista na obra de Lobato, Marisa Lajolo.
RARIDADES
Encontrado manuscrito inédito
do padre António Vieira.
Há muito o manuscrito original de Clavis
Prophetarum (Chave dos profetas), principal tratado político-filosófico de
autoria do padre António Vieira, foi localizado por um grupo de pesquisadores
de Portugal e da Itália. A obra, cujo paradeiro ficou desconhecido por mais de
três séculos, foi encontrada por Ana Travassos Valdez, especialista em
literatura apocalíptica e no trabalho do jesuíta, durante uma visita que fez à
biblioteca da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma para uma conferência.
Depois da realização de pesquisas e de restauro, processo que levou três anos,
o documento foi apresentado ao público em uma cerimônia em Lisboa. Clavis
Prophetarum foi escrita originalmente em latim e António Vieira trabalhou
na obra por mais de quatro décadas. Em seus últimos anos de vida, já com a
saúde muito debilitada, o padre chegou a ditar trechos do texto — ele morreu
sem terminá-lo. De caráter universalista, o tratado fala de justiça e paz e da
construção das condições que levariam à evolução positiva da sociedade. Com
mais de 300 páginas, divididas em três volumes, o documento era conhecido por
meio de uma série de cópias e traduções. Agora, a ideia é que o conteúdo fique
disponível em breve a outros pesquisadores, e estão previstas, ainda, a
publicação de edições comentadas em português e inglês.
OBITUÁRIO
Morreu o escritor Boris Pahor,
a voz eslovena do Holocausto.
Boris Pahor contava 108 anos; ele
nasceu em Triste a 26 de agosto de 1913, uma comunidade eslovena em território
italiano, onde viveu extensa parte da sua vida até sua morte neste 30 de maio
de 2022. Depois de se formar em Pádua, foi professor de Literatura Italiana e
Eslovena nesta cidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, depois de várias
estadias no front, colaborou com a resistência antifascista no seu país e isso
lhe valeu a deportação para o campo de concentração, experiência que marcará
integralmente sua riquíssima produção literária, trabalho que o fez aparecer
nas listas de apostas para o Prêmio Nobel de Literatura reiteradas vezes. Dessa
obra, desenvolvida entre a novela, o conto e o romance, se destacou com Necrópole
(1967), considerado um dos melhores livros sobre o holocausto, à altura da obra
de Primo Levi, Elie Wiesel ou Imre Kertész. No Brasil, o livro está publicado
pela Bertrand.
REEDIÇÕES
Nova edição em doze volumes do teatro completo do dramaturgo Bertolt Brecht, considerado
um dos mais importantes nomes da dramaturgia do século XX, e sua obra modificou e
alargou a percepção da função social do teatro.
O autor alemão acreditava que
apresentar situações estranhas poderia favorecer o distanciamento do público em
relação à realidade, e com isso seria possível transformar o modo como as
pessoas se relacionavam com o mundo, ao mesmo tempo que incentivaria o
pensamento crítico. Como consequência, a massa social se tornaria mais
consciente e politizada. Essa é apenas uma das premissas de seu teatro épico,
que, entre outras qualidades, é capaz de revelar algo sobre os indivíduos e a
sociedade — o que faz dos seus textos leitura indispensável. A edição em 12
volumes do Teatro completo de Bertolt Brecht nasceu de uma revisão crítica de
traduções existentes, feita por tradutores renomados, e tem como objetivo
fornecer um texto fidedigno, em língua portuguesa, da produção dramatúrgica do
escritor alemão. As peças são organizadas por ordem cronológica e têm como base
o texto das renomadas edições da Suhrkamp, prestigiosa editora alemã. Dois volumes já estão disponíveis. O primeiro reúne os seguintes textos: “Baal” (1918-1919), tradução de
Marcio Aurélio e Willi Bolle; “Tambores na noite” (1919), tradução de Fernando
Peixoto; “O casamento do pequeno-burguês” (1919), tradução de Luís Antônio
Martinez Corrêa, com colaboração de Wilma Rodrigues; “O mendigo ou O cachorro
morto” (1919), tradução de Fernando Peixoto; “Ele expulsa um diabo” (1919),
tradução de Erlon José Paschoal; “Luz nas trevas” (1919), tradução de Geir
Campos; e “A pescaria (1919), tradução de Erlon José Paschoal. Já o volume 2 reúne: “Na selva das cidades” (1921-1923), tradução de Fernando Peixoto,
Renato Borghi, Elisabeth Kander e Wolfgang Bader; “A vida de Eduardo II da
Inglaterra” (1923-1924), tradução de Antonieta da Silva Carvalho e Celeste Aida
Galeão; “Um homem é um homem” (1924-1925), tradução de Fernando Peixoto; e “O
filhote de elefante”, tradução de Fernando Peixoto. Os livros são publicados pelo selo Paz e Terra. Você pode comprar o volume 1 aqui; e o volume 2 aqui.
O resultado de mais de duas
décadas de entrevistas feitas pelo escritor e jornalista José Castello com
expoentes da literatura brasileira e mundial.
Nesta nova edição de Inventário das sombras, além dos retratos de grandes autores e
autoras que compunham a primeira versão do livro, há dois retratos inéditos e
um autorretrato do escritor de retratos literários. José Castello, escritor e
jornalista, sempre se impressionou com o abandono dos escritores, com a solidão
dos autores atormentados pelas leituras que os influenciam, e se interessou
especialmente pelas zonas sombrias em que esses artistas travam suas batalhas,
pelos pequenos suplícios impostos pelo mercado e pela crítica, pelas exigências
da vaidade, pela loucura, enfim, que toma conta de homens e mulheres quando
encaram o papel em branco, deixando em segundo plano as imagens sofisticadas e
cheias de elegância que a mídia constrói a respeito dos artistas. O autor traça
os retratos de Clarice Lispector, João Antônio, Caio Fernando Abreu, Allain
Robbe-Grillet, Hilda Hilst, Manoel de Barros, Nelson Rodrigues, Adolfo Bioy
Casares, Raduan Nassar, Ana Cristina Cesar, José Saramago, Dalton Trevisan,
José Cardoso Pires, João Rath e Arthur Bispo do Rosário. Somam-se a estes, dois
retratos inéditos, dedicados a Raimundo Carrero e João Gilberto Noll, bem como
o texto em que Castello dedica-se à difícil tarefa de falar de si e dos
bastidores do ato de retratar aos outros. Para além das obras dos retratados,
Castello foca em seus conflitos íntimos, nas suas decepções, nos seus
sentimento difíceis, nos horrores, a zona de penumbra do fazer literário, e não
faz isso por perversão ou porque deseja a inversão dos valores, mas sim porque
prefere se ater aos momentos difíceis e nada glamorosos da escrita, porém mais
expressivos de suas personalidades e fantasmagorias pessoais. Você pode comprar o livro aqui.
Um caixa reúne os pontos
centrais da obra de José de Alencar.
Considerado um dos romancistas
mais importantes e mais lidos do país, José de Alencar contribuiu de maneira
decisiva para dar forma ao que hoje chamamos de literatura brasileira. Não por
acaso Machado de Assis o tinha como mestre e se deixou influenciar por ele no
início da carreira. Os romances de Alencar nunca deixaram de ser lidos pelas
novas gerações e adotados em escolas, estudados em faculdades de letras e
aparecem como tema de questões em concursos, vestibulares e Enem. A Nova
Fronteira reedita os seus romances mais famosos e mais lidos por sucessivas
gerações, os chamados citadinos ou urbanos como Lucíola, Diva, A
pata da gazela e Senhora, os indianistas como Iracema, os
históricos como O guarani e O garatuja, e, por fim, aqueles
considerados regionalistas, como Til, O tronco do ipê e O
sertanejo. A caixa reúne ainda o famoso texto de cunho memorialístico,
escrito em forma de carta, Como e por que sou romancista. Você pode comprar o livro aqui.
Em poemas e contos curtos, com
novo projeto e ilustrações de Mayara Lista, A cor de cada um apresenta Drummond ao público infantil e juvenil.
Carlos Drummond de Andrade era
mestre em recontar o cotidiano. Nesta nova edição de A cor de cada
um, que contém textos adicionais e ilustrações inéditas, as histórias do
dia a dia se transformam em deliciosos tesouros literários, selecionados para
crianças e adolescentes. Na primeira parte do livro, “Mil novecentos e pouco”,
os poemas retratam a infância e as relações familiares em uma cidadezinha do
interior. A seção seguinte, “Roendo o tempo”, fala com poesia e lirismo dos
problemas típicos das primeiras fases da vida – das brincadeiras de menino ao
cotidiano dos colégios e aos amores de juventude. Por fim, a seção “A cor de
cada um” reúne ficções curtas sobre: um contador de histórias para o rei; um
jardineiro maltratado pelas flores; uma república em que os partidos políticos
se diferenciam pelas cores; um menino com fama de mentiroso; um povo distante e
com estilo de vida diferente; um futuro onde será Natal o ano inteiro; uma
cidade sem meninos; o encontro entre o porteiro Francisco e a cabra Marcolina;
os meninos que assistem a um filme de mocinho; dois gatinhos brigando na
calçada; reflexões sobre a orelha; e a visita de Pedro, o amigo, de um ano de
idade, do poeta (na verdade, seu neto Pedro Augusto). As palavras de Carlos
Drummond de Andrade transmitem encantamento, humor e sensibilidade. O livro é
parte do projeto de reedição da ora do poeta mineiro pela editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
Outro livro de Carlos Drummond que ganha nova edição projeto e ilustrações de Mayara Lista, é Criança dagora é fogo.
Nesta nova edição de Criança dagora é fogo,
com textos adicionais e ilustrações inéditas, o contador de histórias Carlos
Drummond de Andrade faz um retrato sensível e divertido da vida cotidiana. No
conto de abertura do livro, uma menina de 4 anos vai ao restaurante com o pai e
demonstra seu “poder ultrajovem”. A história seguinte, “Na delegacia”, conta a
inusitada reação da mãe ao descobrir o verdadeiro motivo de seu filho ter sido
preso. Em “Tareco, Badeco e os garotos”, duas crianças se divertem ligando para
um desconhecido — afinal, “criança dagora é fogo”! A disputa de dois irmãos que
moram em um colégio interno e vivem a expectativa de ganhar um presente com a
visita do padrinho é o tema de “Caso de escolha”. “Serás Ministro” mostra as
consequências da escolha de um nome inusitado para a criança. “Na estrada”
narra a história de um menino de pernas tortas que só queria brincar como os
outros. Em “O segredo do cofre”, um menino descobre o que havia no grande cofre
misterioso embutido na parede de sua casa. “A menininha e o gerente” acompanha
uma garotinha deixada pelo pai com o funcionário de uma loja por “quinze
minutinhos, no máximo”. “A outra senhora” mostra uma menina escrevendo a
redação por ocasião do Dia das Mães. E em “A boca, no papel”, o poeta ajuda um
pequeno amigo a falar sobre a boca, pois, afinal, “é sempre por ela que
falamos dela”. Crianças e adolescentes de hoje, como os de ontem, irão adorar a
prosa sensível de Drummond. Um escritor fino, capaz de deliciosas fabulações a
partir do dia a dia.
Nova edição de A casa da
paixão, de Nélida Piñon.
Lançado em 1972, A casa da paixão,
de Nélida Piñon, romance que marcou época pela forma como trata a sexualidade
feminina, ganha nova edição com prefácio de Sérgio Abranches e capa e projeto
gráfico novos. “Havia naquela casa uma emoção de sombra”, lê-se a dada altura
de A casa da paixão, romance lançado em 1972 e que marcou época pela forma como
trata a sexualidade feminina. Marta, a jovem protagonista, integra a formidável
galeria de mulheres poderosas que distingue a literatura de Nélida Piñon.
Vivendo entre a latência incestuosa do pai e a submissão quase animalizada de
Antônia, sua ama de criação, Marta é afirmativa, destemida e livre das culpas
tradicionalmente inculcadas pelo mundo masculino. Seu desejo é solar e,
procurando expandir-se, vive em luta surda com o ambiente sufocante da casa
paterna. O meio natural é o espaço de libertação de seu prazer. Mas grandes
mudanças se anunciam com a chegada de Jerônimo, o pretendente escolhido pelo
pai, ameaça de perpetuação do domínio masculino, com inesperado desfecho. A
linguagem do romance é de rara beleza, ao mesmo tempo forte e poética, mas
sempre carregada de sensualidade. Como diz o escritor e sociólogo Sérgio
Abranches, no prefácio feito especialmente para esta nova edição: “Nélida Piñon
é como uma abelha literária, mel e ferrão; tece seu texto com fineza e muitas
transgressões.” Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Mais Caê. Depois de publicar uma nova edição ampliada do cancioneiro de Gilberto Gil, a Companhia das Letras prepara o livro com as canções de Caetano Velloso. Trata-se do já conhecido trabalho organizado por Eucanaã Ferraz que passará a reunir as composições do disco Meu coco.
João Gilberto Noll inédito. Sairá pela editora Record Educação Natural, um livro que reúne 26 contos inéditos e um romance inacabado, sem título, do escritor falecido em 2017. Obra organizada
por Edson Migracielo, autor de um posfácio.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Poesia Completa (Vol. 2) —
Folhas soltas e perdidas, de Emily Dickinson. O primeiro volume desse longo
trabalho de fôlego conduzido por Adalberto Müller e publicado por duas editoras
universitárias, a Editora da UnB e a Editora da Unicamp saiu em novembro de 2020; em janeiro do ano seguinte, o segundo volume. E essa recomendação logo funciona
dobrada; o melhor da extensa biblioteca de pequenas coisas da poeta
estadunidense está no primeiro volume, mas aqui, está uma variedade de textos cuja
primeira tradução brasileira só agora se apresenta. Os dois volumes satisfazem
os leitores mais exigentes: reúnem a poesia de Dickinson também na língua de
origem. Um trabalho valioso, sem dúvidas. Você pode comprar o livro aqui.
2. Disjecta: escritos dispersos
e um fragmento dramático, de Samuel Beckett. Outra vez o dramaturgo
irlandês. Nesta seção, do Boletim 481, ele apareceu como personagem do
recomendado romance de Maylis Besserie, Tempo final (Nós Editora, 2022);
aproveitando outra ocasião das dicas de livros, a presença dos ensaios
compostos por escritores, talvez tenha faltado este volume que chegou por aqui
no início desse ano. É uma reunião de textos do grande dramaturgo irlandês de natureza
variada, sobretudo seus ensaios. Neles, versa sobre suas paixões
literárias, incluindo Marcel Proust e James Joyce, Dante e Vico, Ezra Pound,
entre outros. O volume reúne ainda o que restou de Desejos humanos, o
esboço de uma peça teatral inédito. A tradução é de Fábio de Souza Andrade e o
livro saiu pelo selo Biblioteca Azul/ Globo Livros. Você pode comprar o livro aqui.
3. Mestres antigos, de Thomas
Bernhard. Dois amigos se encontram diante da tela Homem de barba branca,
de Tintoretto, no Museu de História da Arte de Viena: Reger, um crítico musical
octogenário, e Atzbacher, um filósofo de meia-idade. Composto por único parágrafo
este romance examina a série de conversas dos dois que passam em revista a
própria vida, sem desconsiderar suas maneiras de ler a arte e a cultura no seu
país. Com tradução de Sergio Tellaroli, este é um dos livros mais recentes de
Bernhard entre nós; saiu pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. E lembrando Caetano Veloso,
recordamos este vídeo para o Instituto Moreira Salles em que o compositor lê “Elegia
1938”, de Carlos Drummond de Andrade. Partilhamos, o vídeo em nossa página no
Facebook a 5 de julho de 2012 e agora acrescentamos ao arquivo online. Por aqui.
2. Ana Cristina Cesar. No passado
2 de junho de 2022, foram os 70 anos da poeta. Recordamos este vídeo
acrescentado ao nosso arquivo no Facebook em março de 2015 em que ela lê o
poema “Samba-canção”.
3. A Rádio Batuta, do Instituto
Moreira Salles, reuniu trechos de uma conferência de Ana Cristina Cesar
ministrada seis meses antes da sua morte.
BAÚ DE LETRAS
Ainda Cristina Cesar. Do nosso
baú, uma série de textos dos que já passaram pelo Letras sobre a obra e
a poeta — cinco deles.
1. Em abril de 2008 reunimos algumas informações biobibliográficas sobre Ana Cristina Cesar. Incluída no rol de perfis
editados no blog, o material traz poemas da poeta editados a partir de 26
poetas de hoje e fotografias de Ana C.
2. No mesmo ano, copiamos este texto, também um perfil sobre Ana Cristina Cesar, de Caio Fernando Abreu,
figura de convívio com a poeta brasileira.
3. Quando saiu pela primeira vez
uma reunião da poesia completa de Ana Cristina Cesar, Poética (Companhia
das Letras, 2014), Pedro Fernandes escreveu sobre o livro. Por aqui. Dois anos depois, o Letras publica uma matéria sobre a prosa reunida da
autora.
4. Ana Cristina Cesar foi uma das primeiras
a publicar no Brasil traduções para a poesia de Emily Dickinson. Neste texto que
assinalava o aniversário da poeta brasileira em 2008, uma amostra desse
trabalho.
CLIQUE AQUI E SAIBA COMO COLABORAR COM A MANUTENÇÃO DESTE ESPAÇO
* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
Comentários