No mar, de Toine Heijmans
Por Pedro Fernandes Toine Heijmans. Foto: Merlijn Doomernik Uma vez no mar, o tempo se divide em duas diferentes esperas cujas margens sempre se encontram no final: o de quem está a bordo e o de quem fica em terra firme. Apesar de dedicar quase toda extensão da narrativa ao último curso da viagem de Donald, os dias que se passam entre Thyborøn e Harlingen, o pequeno romance de Toine Heijmans se estabelece como margem, porto de passagem entre esses dois tempos: no desfecho do relato, convivemos com os instantes dos que aguardam os que estiveram em navegação. Em terra firme, a espera pode sempre ser preenchida ou atalhada por nossos interesses, encurtada pela pressa, o mar, por sua vez, cobra do navegante o criterioso zelo com todos os limites do tempo da espera e quaisquer alternativas fora de suas leis podem se tornar na garantia que faltava para a morte. A companheira de Donald não deposita a confiança que ele imagina possuir com um meio informe e traiçoeiro, sobretudo com alguém