Boletim Letras 360º #480
DO EDITOR
1. A primeira temporada de
sorteios com Kit de livros entre os apoiadores do Letras finda agora no próximo
dia 29 de maio. A possibilidade de ajuda continuará aberta e os sorteios de
livros continuarão sempre que possível.
2. Quem ainda se interessar pelo
próximo sorteio, fica registrado o convite! O ganhador receberá três livros da
literatura brasileira em curso publicados pela editora-parceira Companhia das
Letras: o romance O avesso da pele, de Jeferson Tenório; o livro de
contos Gótico nordestino, de Cristhiano Aguiar; e o romance Ossos
secos escrito pelo coletivo formado por Luisa Geisler, Marcelo Ferroni,
Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado.
3. Para se inscrever é simples.
Envia R$25 através do PIX blogletras@yahoo.com.br; finalizada a
operação, envia neste mesmo endereço (nosso e-mail) o comprovante.
4. Outras formas de colaborar com o
Letras estão disponíveis aqui. E, cabe não esquecer que na aquisição
de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem
desconto, também ajuda a manter o Letras sem pagar nada mais por isso.
5. Um abraço a todos.
Ana Cristina Cesar em Bariloche, 1977. Arquivo IMS. |
LANÇAMENTOS
As apaixonadas cartas de Ana C.
reunidas em livro.
Ana Cristina Cesar tinha dezessete
anos quando viajou para a Inglaterra, onde passou um ano letivo como
intercambista. Num período marcado pela efervescente contracultura, a futura
autora de A teus pés manteve uma arrebatadora correspondência com seu
namorado, Luiz Ramalho, que por sua vez havia partido para Aachen, na Alemanha,
como exilado político. As cartas de Ana jogam luz sobre as expectativas e os
anseios de um jovem casal cheio de planos e ao mesmo tempo sem pistas do que o
futuro lhe reservaria. Tendo como pano de fundo discos de Beatles, Caetano
Veloso, Chico Buarque e Elizeth Cardoso e livros de Clarice Lispector, George
Orwell, Albert Camus, Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade, a
correspondência traz declarações de amor rasgadas ao mesmo tempo em que revela
a mente inquieta, questionadora e extremamente culta de uma poeta que marcaria
para sempre as gerações seguintes. O estabelecimento de texto foi feito por
Rachel Valença, do Instituto Moreira Salles e Amor mais que maiúsculo:
cartas a Luiz Augusto sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
O romance de estreia de Leandro
Rafael Perez.
Numa São Paulo anterior à Linha
Amarela do metrô, o jovem Baldomero — cujo maior desejo é se chamar Valdomiro —
transita entre o Centro, a Divisa Diadema e a Cidade Universitária nesta
narrativa repleta de desencontros, desordem e solidão que o escritor Bernardo
Carvalho chamou de “uma bem-vinda e libertária insensatez”. Operador de
telemarketing e afeito às noitadas gays que acontecem entre o baixo Augusta e o
Largo do Arouche, este quase anti-herói, em uma eterna crise de identidade
expressa no próprio nome, tenta cursar a faculdade de geografia na Universidade
de São Paulo, mas acaba caindo nas estatísticas de evasão universitária
enquanto mal consegue pagar o aluguel. Fernanda, sua colega de apartamento e
figura de autoridade temerosa, insiste para que Baldomero — Babá, para os
íntimos — lhe dê um tempo sozinha em casa para comemorar o aniversário com as
amigas. O protagonista não consegue cumprir o pedido; nem ouvir com atenção as confidências
de seu melhor amigo, Henrique; ou ainda ter um relacionamento afetivo
satisfatório com a família ou com os homens que deseja. Inábil e autocentrado,
frágil como qualquer masculinidade, o que Baldomero realmente consegue é se
complicar cada vez mais. Em uma linguagem experimental que alia prosa, poesia e
bom humor, Leandro Rafael Perez estreia na ficção com uma pequena ode ao Ulysses
de Joyce que tem um pé na viadagem e outro nos problemas do século XXI. Ao
discutir a funesta interseção entre o desejo dos homens gays pelo másculo e a
pressão geral para que eles sejam apenas e exatamente isso em toda sua carga de
misoginia e apatia, o autor dá à luz um personagem inesquecível em sua
insignificância. Não é à toa que Baldomero deambula por toda a cidade, mas o
que predomina neste romance é a inação, a sensação de paralisia que é tentar
viver e pensar enquanto se trabalha e sobrevive na era do consumo. Baldomero
(ou Babá, para os íntimos, inexistentes) é publicado pela editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
Obra de vanguarda da literatura
alemã ganha ousada tradução para o português.
“Uma tradução de Papa Hamlet?
Impossível! Como traduzir esse texto costurado por fragmentos de diálogo em
dialeto berlinense, repleto de interjeições e atravessado por dezenas de
citações de Hamlet, um texto que mesmo o público leitor alemão precisa ‘ler
com atenção redobrada’ (Moritz Baßler), até mesmo para entender o que está
acontecendo, afinal, em sua trama? Difícil de acreditar que, em 1889, críticos
literários se deixaram levar pela ficção de que esse desvario de linguagem
seria de uma tradução do norueguês feita por um Bruno Franzius, sem desconfiar
que, por detrás dos nomes de um autor inventado, Bjarne P. Holmsen, e do seu
tradutor fictício, estampados na capa do livro, ocultavam-se dois jovens
autores alemães vanguardistas, Arno Holz e Johannes Schlaf.” Assim se lê no
posfácio de Helmut Galle para Papa Hamlet; Douglas Pompeu e Mário Gomes
se desafiaram à tradução e o livro de Holz e Schalf sai pelas Edições
Jabuticaba.
Mariana Salomão Carrara e um
romance que se desenvolve por entre os meandros de uma vida familiar.
Depois da morte de André, o lar de
Ana fica dolorido. Sem o marido, ela passa a gestar a filha órfã e a lidar com
Francisca, a babá que intervém com seus tentáculos de ajuda, e Madalena, a
vizinha, viúva do outro homem envolvido no absurdo acidente que vitimou André. Não
fossem as sílabas do sábado, com sua narrativa íntima que assombra pela
concretude, a autora se consolida como uma das vozes mais urgentes da
literatura brasileira de hoje. O livro é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
O resgate de Ercilia Nogueira
Cobra.
Pouco lembrada atualmente, Ercilia
Nogueira Cobra foi uma das mais corajosas e avançadas vozes da literatura
brasileira nas primeiras décadas do século XX. Sem meias palavras já a partir
do título, sua única obra de ficção, Virgindade inútil, é, como define a
autora, a “novela de uma revoltada”. E é exatamente isso que o leitor
encontrará em suas páginas vigorosas. Mistura originalíssima de sátira,
drama e argumentação naturalista, o livro é um libelo feminista contra a
dominação patriarcal em todos os aspectos da vida, e principalmente sobre o
corpo da mulher. “O amor físico é tão necessário à mulher como o comer e o
beber”, afirma a autora, partidária do amor livre, logo no segundo parágrafo da
“observação” que antecede a novela. Nas páginas que se seguem, encontra-se uma
defensora da legalização do aborto e simpatizante do lesbianismo. Ercilia,
nascida em 1891, publicou Virgindade inútil em 1927 — três anos depois
do ensaio “Virgindade anti-higiênica” —, provocando escândalo e proibição,
primeiro pela própria família da autora, depois pela Igreja e pelo Estado Novo
(1937-1945). Detalhes sobre esses episódios e outros estão em uma alentada
biografia escrita pela pesquisadora Maria Lúcia de Barros Mott incluída na
edição. O enredo de Virgindade inútil se passa num país chamado
Bocolândia, cujos habitantes são os bocós. Nele, “o analfabetismo é mantido de
propósito a fim de que o povo se conserve em permanente estado de estupidez”. A
protagonista é Cláudia, moça de “uma dessas famílias do interior que aparentam fortuna
e onde o valor da mulher é igual a zero”. Recebe educação apenas para se tornar
“o anjo do lar”, aguardando ser “colhida” por um marido. No entanto, com o fim
da fortuna familiar e a consequência ausência de dote, ela se vê fadada à vida
de solteirona. Depois de ver uma amiga seduzida, abandonada e levada à
prostituição, em seguida expulsa da sociedade, Cláudia se cansa do papel
relegado às mulheres — “fazer papel de idiota a vida inteira” — e decide partir
para Flumen, a capital da Bocolândia. Começa então uma trajetória em que se
alternam humilhações e o desfrute dos prazeres da vida. O livro que sai pela
Carambaia conta ainda com um posfácio da historiadora Gabriela Simonetti
Trevisan. Você pode comprar o livro aqui.
O acutilante pensamento de Fran
Lebowitz.
Quando a Netflix exibiu a série Faz
de conta que NY é uma cidade, de Martin Scorsese, muita gente no Brasil foi
apresentada pela primeira vez a Fran Lebowitz. Artista brilhante com humor
ácido, publicou pouquíssimo, apenas três livros, e nenhum no Brasil. A obra
reúne textos de dois desses livros: Metropolitan Life e Social
Studies, originalmente publicados em 1978 e 1981 a partir da coluna que ela
assinava na Interview, revista fundada por Andy Warhol. O almanaque
de Fran Lebowitz tem tradução de André Czarnobai e sai pela editora
Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
O romance de estreia de Jarid
Arraes.
Em uma cidade do interior do
Ceará, uma família vive uma sequência de abusos: avó, mãe e neta estão presas
em uma teia complexa e violenta de abuso e negligência. A dureza das
expectativas criadas e não cumpridas, do ciúme doentio e do desejo de absoluto
controle estão presentes neste primeiro romance de Jarid Arraes. Ao retratar o
cotidiano de Amanda, jovem de doze anos que mora sozinha com a avó desde a
morte da mãe e do avô, Arraes cria uma narrativa envolvente e brutal sobre os
traumas vivenciados e passados adiante. Amanda vai enfrentar desafios cruéis e
dolorosos pelas mãos daquela que devia ser seu porto seguro, mas é também lá
que a menina descobrirá o poder do primeiro amor e a força necessária para
superar qualquer obstáculo. Corpo desfeito sai pela Alfaguara Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
O mais bem-sucedido livro de Ivan
Klíma, marco na literatura tcheca ganha tradução no Brasil.
Censurado pelo regime comunista e
com o passaporte confiscado, um escritor é obrigado a se empregar como gari nas
ruas de Praga. Com esse ponto de partida, Ivan Klíma constrói Amor e lixo,
agora em tradução direta do tcheco por Aleksandar Jovanović. Não sem boa dose
de melancolia, o narrador anônimo do romance evoca a razão de ter começado a
dar seus primeiros passos na literatura, aos 18 anos: “O sofrimento decorrente
de uma vida privada de liberdade parecia-me o mais importante de todos os temas
a respeito dos quais cabia refletir e escrever.” Como seu personagem, Klíma,
que completou 90 anos em 2021, viveu mais de duas décadas sem poder publicar —
desde o silenciamento da Primavera de Praga pela ocupação soviética, em 1968,
até a Revolução de Veludo, que encerrou o regime de partido único, em 1989. O
escritor não chegou a recorrer à profissão de gari, mas trabalhou durante
alguns dias na varrição de ruas como preparação para escrever o romance. O
livro se inicia no primeiro dia de trabalho, quando o protagonista conhece o
grupo excêntrico de pessoas com quem compartilhará o ofício e mesas de bar.
Como tarefa paralela, ele está às voltas com um ensaio sobre Franz Kafka que
não terá chances de publicar tão cedo. Sua vida sentimental vive um impasse,
dividindo-se entre a esposa, uma médica humanista com quem tem dois filhos, e a
amante, uma temperamental escultora casada. Além disso, seu pai agoniza num
hospital. A narrativa se desenvolve no
formato de uma colagem reflexiva — os dias de trabalho e amor são entremeados
por alguns sonhos, lembranças de infância e muitas reflexões sobre Kafka, seu
gênio, sua integridade artística e seus fracassos amorosos. Escrito entre 1983
e 1986, Amor e lixo foi publicado em 1990, logo depois da queda do
comunismo no Leste Europeu e foi o mais bem recebido dos livros de Klíma,
vendendo 100 mil exemplares da primeira edição. Não há nada de ultrapassado em
sua essência. Além de tratar de temas atemporais, o romance aborda questões das
mais atuais, como o conflito Leste-Oeste, a ameaça das armas nucleares, o
acúmulo de lixo intratável e até o derretimento das calotas polares. No
panorama da literatura tcheca, Klíma pertence a uma geração excepcional. Foi
contemporâneo e companheiro de luta política dos dois escritores tchecos mais
conhecidos internacionalmente, Milan Kundera e Václav Havel, que se tornou o
primeiro presidente pós-comunista do país. A Revolução de Veludo significou um
triunfo para esse grupo de intelectuais. O livro que sai agora no Brasil pela
Carambaia copia ainda uma longa entrevista concedida pelo autor ao
estadunidense Philip Roth em 1990, com tradução de Paulo Henriques Britto. Você pode comprar o livro aqui.
Outro resgate. O da artista
plástica Aurora Cursino dos Santos.
“A loucura se fez obra em Aurora.
Seus quadros resultam da sua luta, com unhas e dentes, para afirmar a vida” —
Joel Birman Nascida em 1896 em São José dos Campos, Aurora Cursino dos Santos
foi prostituta, tentou ser doméstica, viveu em albergues até ser internada no
Complexo Psiquiátrico do Juquery, em 1944. Lá, ela criou uma obra pictórica de
mais de 200 quadros. Frequentadora da Escola Livre de Artes Plásticas do
Juquery, criada na instituição pelo psiquiatra Osório César — que, ao lado de
Nise da Silveira, foi um dos principais autores de estudos sobre arte e saúde
mental no Brasil — Aurora pintou sua história. A partir de 1950, teve
seus quadros em exposições sobre arte e loucura em Paris, no Masp, no MAM/ SP,
na Bienal de Arte Contemporânea de Berlim e na exposição O raio que o parta,
em cartaz no SESC 24 de Maio. No mesmo período que desenvolveu seu trabalho
artístico, foi submetida a eletrochoques e, finalmente, lobotomizada. Morreu em
1959. Família, sexo, drogas, revolta contra a violência e a opressão sofridas
pelas mulheres são alguns de seus temas. Seus quadros gritam. A historiadora
Silvana Jeha e o psicanalista Joel Birman a ouviram, e o resultado é esse livro
que traz dezenas de suas pinturas, um esforço para que ela seja incluída na
história da arte brasileira, não apenas como uma narrativa paralela.
Transitando entre os campos da história, da história da arte, da psicanálise e
da literatura feminista, Aurora — Memórias e delírios de uma mulher da vida
é também um importante documento sobre a condição da mulher no Brasil no século
XX. Como observam os autores na apresentação do livro: “Puta, louca e,
finalmente artista, ela condensa em sua obra algo que diz respeito a todas as
mulheres”. Com projeto gráfico de Gustavo Piqueira, do estúdio Casa Rex, o
livro traz prefácio-poema de Edimilson de Almeida Pereira, ganhador dos prêmios
São Paulo de Literatura e Oceanos, em 2021. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição do principal livro
de Pauline Chiziane.
Marco da literatura moçambicana, Niketche
é uma obra que questiona as tradições e debate, como nunca antes, a condição
feminina na sociedade. Esta é a obra-prima de Paulina Chiziane, vencedora do
prêmio Camões 2021. “Ninguém pode entender os homens. Como é que o Tony me
despreza assim, se não tenho nada de errado em mim? [...] Dei-lhe amor, dei-lhe
filhos com que ele se afirmou nesta vida. Sacrifiquei os meus sonhos pelos
sonhos dele. Dei-lhe a minha juventude, a minha vida. Por isso afirmo e
reafirmo, mulher como eu, na sua vida, não há nenhuma! Mesmo assim, sou a
mulher mais infeliz do mundo.” Esse é o desabafo de Rami, protagonista de
Niketche, que depois de vinte anos de casamento descobre que seu marido está
vivendo uma vida dupla — ou melhor, quíntupla. Em uma tentativa de salvar seu
relacionamento e seguindo os moldes da sociedade em que vive, Rami se une às amantes
de Tony e exige que ele se case também com as outras quatro mulheres, seguindo
o costume da poligamia — somente assim os direitos e a honra das cinco estaria
garantido. Mas essa união provoca desdobramentos até então inimagináveis. Nesta
crítica ao mesmo tempo divertida e mordaz, Paulina Chiziane, vencedora do
prêmio Camões de 2021, explora a cultura e os valores do seu país, a hipocrisia
da sociedade em geral e a sujeição das mulheres em todo o mundo. A nova edição
sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
A continuidade do projeto de reedição
da obra de José Lins do Rego.
Publicado pela primeira vez em
1938, seis anos após o lançamento de Menino de engenho, a obra de
estreia de José Lins do Rego, Pedra Bonita dá início ao que ficou
conhecido como o Ciclo do cangaço. Se nas obras que compõem o Ciclo da
Cana-de-Açúcar o escritor mostrou um Brasil em transição e declínio, com o fim
dos engenhos de açúcar tradicionais e a chegada das máquinas, aqui ele explora
um Nordeste profundamente marcado pela seca e pelo movimento do cangaço, no
qual o próprio presenciou no começo da sua infância. Para isso, usa os mesmos
recursos narrativos e explora personagens complexos, que são sempre
profundamente marcados pelo pano de fundo social no qual estão inseridos. O
protagonista da obra é Antônio Bento, também conhecido como Bentinho, uma criança
que, por causa da seca, é deixado pela mãe aos cuidados do tio, o padre
Amâncio. Os dois vivem na Vila do Açu, que fica bem próximo a Pedra Bonita,
lugar onde ele nasceu. Tentando passar um pouco dos seus ensinamentos para o
sobrinho, Amâncio coloca Bentinho em um seminário, onde ele acaba sendo mal
visto por causa do local do seu nascimento e envolvimento do seu irmão no
cangaço. Assim, Bentinho tem que decidir seguir os ensinamentos do seu tio e
aguentar as implicâncias da vila, ou seguir os passos do irmão. Com uma
história que fala sobre amadurecer, achar seu lugar no mundo e lidar com
preconceitos, sempre com um forte teor histórico e social, Pedra Bonita
reforça o melhor de José Lins do Rego: consciente, imersivo e complexo. A nova
edição da Global conta ainda texto de apresentação da jornalista e escritora
Adriana Negreiros. Você pode comprar o livro aqui.
Gilberto Gil em todas as letras.
A obra de Gilberto Gil contribuiu
para a transformação do conceito estético da letra de música ao lhe dar status
de poesia — cantada e popular. Ex-ministro da Cultura, membro da Academia
Brasileira de Letras, Gil é um dos mais sensíveis e inventivos artistas em
atividade, reconhecido e admirado no mundo inteiro. Com organização de Carlos
Rennó, ilustrações inéditas de Alberto Pitta e textos de Arnaldo Antunes e José
Miguel Wisnik, esta terceira edição de Todas as letras reúne o conjunto
das canções compostas por Gil, uma cronologia e centenas de comentários do
autor a respeito de suas composições. Você pode comprar o livro aqui.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. A porta da viagem sem retorno,
de David Diop. Parece que o primeiro romance do escritor francês publicado por
aqui foi bem recebido; cedo a editora Nós publicou o livro agora recomendado.
Neste romance, o escritor inventaria uma tentativa de reaver os laços entre a
África e a Europa num dos eventos mais traumáticos na história dos povos: a
colonização. Isso se faz pela revisitação ao leito de morte do naturalista
Michel Adanson que ao passar em revista suas memórias escritas em África e o
seu tratado de botânica descobre que faltou tornar pública a mais relevante de
suas experiências. A tradução é de Raquel Camargo. Você pode comprar o livro
aqui.
2. Aulas sobre Shakespeare, de W. H. Auden. Já se
tornou um lugar-comum a ideia de que os escritores sempre são os
melhores críticos. Bom, é esta uma dessas verdades facilmente questionáveis; a profissão
escritor não o converte em leitor de excelência. O que talvez vigore seja uma
sensibilidade mais acurada capaz de atentar para determinadas nuances que um
crítico profissional de olhos embaçados pelas lentes teóricas não consegue
alcançar. Neste livro, o poeta W. H. Auden, raro entre nós, revisita com seu
olhar aguçado a obra do gênio incontornável. Está publicado pela editora Âyiné,
com tradução de Pedro Sette-Câmara. Uma joia! Você pode comprar o livro aqui.
3. O marinheiro que perdeu as
graças do mar, de Yukio Mishima. Este é um dos romances principais de um escritor
com vários romances nessa categoria. Traduzido no Brasil pela primeira vez diretamente
do japonês por Jefferson José Teixeira, neste romance, Mishima propõe uma
engenhosa história sobre o marinheiro Ryuji Tsukazaki, da tripulação Rakuyo e
alguém que entre a terra e o mar parece predestinado a algum tipo de glória,
ainda que estas sejam apenas sombrias aspirações que o atormentam. O livro saiu
recentemente pela editora Estação Liberdade que tem ampliado no seu catálogo a presença
do escritor japonês. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. Olga Savary nasceu no dia 21 de
maio de 1933. Nas livrarias o leitor encontra a antologia Coração
subterrâneo (Todavia, 2021) e no blog da parceira revista 7faces, esta amostra com três dos poemas da poeta paraense. É possível que esta tenha sido
uma recomendação já passada por aqui, mas não é problema dizê-la outra vez.
2. Nos vídeos partilhados no arquivo do blog na página do Facebook, este registro em que Ana Cristina César lê o poema “Samba canção”, do livro mais conhecido da poeta, A teus pés.
BAÚ DE LETRAS
1. W. H. Auden, o autor das aulas
sobre Shakespeare agora publicadas no Brasil, já passou outras vezes aqui pelo Letras.
Recomendamos este perfil composto em 2013 — é um texto que o levará a outros
caminhos, como o de conhecer alguns dos seus poemas; e este ensaio de Emily
Temple que conta como J. R. R. Tolkien impediu o poeta a escrever um livro
sobre ele.
DUAS PALAVRINHAS
O romance é o companheiro do
homem, e terá a sua duração, porque é uma segunda vida que ele tem, que o
consola e engana a ponto de poder suportar o peso enorme do mundo sobre os seus
ombros.
— Cornélio Penna
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