Boletim Letras 360º #470
DO EDITOR
1. Caro leitor, nos próximos dias
de março de 2022, o Letras alcançará a marca de 4 milhões de visitas. A alegria por esse número é tamanha que chegamos a prevê-lo erroneamente no nosso Twitter em meados de fevereiro. Mas, agora sim.
2. Todo
número é opaco porque não sabemos quem foi e que se fez por aqui o leitor nessas
passagens. Mas, de qualquer forma, para um projeto conduzido com a garra da boa
coragem e o amor a um objeto cada vez mais colocado à distância dos leitores
neste país de rapinagem e inflação, 4 milhões de visitas tem um grandioso significado.
3. Bom, ao visitante que lê este Boletim, fica avisado sobre o próximo sorteio entre os apoiadores do blog. Uma ideia nascida de um de
vocês e que tem ajudado a levantar os custos anuais deste projeto com domínio e
hospedagem na web. Saiba tudo aqui, incluindo outras formas de ajudar. E
não esqueça: na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados
neste boletim, você tem desconto e também ajuda a manter o Letras.
4. Em nome do Letras, obrigado
pelo convívio e pelo apoio!
Adolfo Bioy Casares. Foto: Ulf Andersen |
LANÇAMENTOS
O aguardado terceiro e último volume das obras
completas de Adolfo Bioy Casares.
Um clássico da literatura
latino-americana que reúne pela primeira vez os textos do autor escritos entre
1972 e 1999 Um dos grandes mestres da literatura mundial, Adolfo Bioy Casares
(1914-1999) foi um escritor de extraordinária originalidade e sutileza, marcado
pela fluidez de sua prosa e por uma serena perfeição que nunca deixa de exaltar
o amor como paixão suprema. Este volume inclui seus textos escritos entre 1972
e 1999, e contém romances, contos e textos diversos do terço final da vida do
grande escritor argentino. Neste livro, constam também as anotações de diários
do período em que Bioy Casares esteve no Brasil, o registro de suas impressões
e de seus encontros com personalidades como Alberto Moravia, Graham Greene e
Cecília Meireles. Mesmo em um texto notadamente pessoal, há nesses diários um
fio que perpassa a trama: a história de um amor perdido, que Bioy, como uma
personagem criada por si mesmo, buscava encontrar no período em que esteve
entre Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O volume C se encerra com textos
esparsos, prefácios, escritos de encomenda a periódicos e depoimentos a
veículos diversos, em que discorre sobre o tango, seus livros prediletos e sua
amizade com Jorge Luis Borges. O livro é publicado pela Biblioteca Azul/ Globo
Livros. Você pode comprar o livro aqui.
Primeira antologia poética de
Lezama Lima no Brasil.
Dupla noite reúne
quarenta poemas, entre as mais de mil páginas da poesia completa do autor, numa
seleta afetiva que traz para o leitor brasileiro alguns dos elementos mais
recorrentes do repertório simbólico do poeta cubano, assim como poemas da
admiração e da amizade, dedicados a pessoas de seu convívio íntimo, intelectual
e literário. Surgido em 2017, esse projeto de tradução buscou desde o início
manter vivo e visível o “sistema poético do mundo” lezamiano, sem eliminar, no
trânsito entre o espanhol e o português, a inerente complexidade dessa poesia,
com suas repetições e ambiguidades. Dos versos de juventude a inéditos em
livro, estão aí contemplados cinquenta anos de criação em poemas
representativos da densa trajetória de Lezama Lima, coligidos dos livros Inicio
y escape, Enemigo Rumor, Aventuras sigilosas, La fijeza,
Dador, Fragmentos a su imán, entre outros. A antologia também
conta com um posfácio do cineasta e artista cubano Marcel Beltrán, além de um
texto introdutório de Adriana Lisboa e Mariana Ianelli, que assinam a seleção e
tradução dos poemas deste volume. O livro é publicado pelo selo Demônio Negro.
O novo livro no catálogo da Macondo.
A primeira coisa que diz o
narrador deste romance é uma pergunta: Quantas imagens são necessárias para
contar esta história? Em uma procura de imagens para se lembrar e para se
esquecer, conhecemos Eduardo, que, alguns anos depois de deixar sua cidade
natal como quem planeja uma fuga, se prepara para voltar a Andradas, levando na
mochila um envelope cheio de fotografias. Sismógrafo é a história desse
retorno, assim como das memórias que ficaram marcadas, aquelas dos lugares por
onde ele passa, e aquelas indeléveis da chapa fotográfica. Enquanto acompanha o
narrador em um movimento de reencontro com seu passado, somos apresentados
também à história de Eduardo, seu amadurecimento numa pequena cidade do
interior brasileiro, a criação católica e as experimentações da sexualidade. A
narrativa de formação tem seu ponto de virada quando o protagonista conhece
Tomás, um ano à frente no colégio, e uma fotografia coloca essa relação em
xeque. Entre o dilema de Eduardo de se entender pela imagem e, ao mesmo tempo,
tentar ultrapassá-la, vemos a construção de um painel de personagens que se
chocam e se cruzam em uma trama lírica que, antes de caminhar para uma
reconciliação entre aqueles que partiram e os que ficaram, é sobretudo um
elogio ao tremor. As linhas que o sismógrafo desenha neste livro não são as dos
movimentos do solo, mas sim as dos corpos que vibram no ritmo incerto do desejo.
Partindo de uma experiência íntima, Leonardo Piana propõe uma leitura cortante
e delicada da culpa e da violência associadas aos corpos dos homens gays. Livro
vencedor do Prêmio Cidade de Belo Horizonte, Sismógrafo é também sobre
uma geração que, nascida nos anos 90, enfrenta os horrores da vida adulta ao
mesmo tempo que se depara com uma renovação do mundo tecnológico, com sua
profusão de imagens a borrar as fronteiras entre o público e o privado. E essas
imagens para sempre marcadas sobrevivem às distorções da memória, criando um
tipo de memória infinita — a qual, mais do que construir zonas confortáveis de
lembranças, impede violentamente que alguma coisa seja esquecida. O livro é
publicado pelas Edições Macondo.
Nova edição revista e ampliada
de um dos livros mais completos sobre a literatura em ídiche.
O ídiche foi a língua franca
falada pelos judeus da Europa do Leste e Central durante séculos até o
genocídio perpetrado pelo Holocausto eliminar 90% de seus falantes. Àquela
altura, o idioma já não era apenas usado em trocas do dia a dia, mas também
ditava outras áreas da cultura, colaborando em uma enorme atividade literária e
teatral, disseminada principalmente nas Américas (EEUU, Brasil, Argentina).
Nessa diáspora, como em qualquer outra, em que a consciência coletiva do
imigrante está sempre em vias de desagregação, como ressalta Kafka, o idioma e
sua literatura adquirem a função de ser a voz de um povo, uma voz muitas vezes
revolucionária. Em Aventuras de uma língua errante: ensaios de literatura e teatro
ídiche, J. Guinsburg, um dos maiores estudiosos do ídiche entre nós,
recupera essa rica tradição e nos apresenta a história arrebatadora da
trajetória do ídiche, de sua formação na Idade Média até a vigorosa produção
cultural e ideológica contemporâneas. Para tanto, visita as realizações
singulares da literatura e do movimento teatral judaico e de sua arte da
encenação, em suas múltiplas correntes, desde a disputa entre os iluministas da
Haskalá e os religiosos do hassidismo no século XIX até a conflitante
convivência entre comunistas e sionistas. Trata-se de um roteiro de viagem
pessoal que resgata para o leitor brasileiro aspectos ainda pouco conhecidos de
uma cultura a um só tempo ancestral e moderna. Publicada pela Perspectiva, a
nova edição revista e ampliada inclui prefácio de Peter Pál Pélbart. Você pode comprar o livro aqui.
Uma visita às obras menos discutidas
de Maquiavel.
Em Maquiavelianas: lições de
política republicana, Sérgio Cardoso, professor livre-docente do
Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, recupera a
surpreendente atualidade das ideias de Nicolau Maquiavel (1469-1527).
Estruturado em três partes, o volume se debruça inicialmente sobre as rupturas
operadas pelo secretário florentino no entendimento da tradição política em seu
tempo, numa chave de leitura em que a aspiração popular por liberdade
constituiria o esteio das instituições republicanas. Num segundo momento, sem
deixar de lado O príncipe, o autor concentra suas análises em duas obras
menos estudadas de Maquiavel: os Discursos sobre a primeira década de
Tito Lívio e as Histórias florentinas, com seus entrelaçamentos
entre história e política. Por fim, o volume é arrematado, na terceira parte,
com um ensaio que relaciona Maquiavel e Montaigne, autores que inauguram a
modernidade do pensamento republicano. O livro é publicado pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
O sentimento de culpa e a
raiva; os laços biológicos e os escolhidos, a amizade, a paixão; o corpo, suas
cicatrizes, os medos e a maternidade que os ensina e transmite.
Aixa de la Cruz tomou todos esses
elementos que por hábito consideramos um componente dado, ou pelo menos já
adquirido, das nossas histórias, e transformou-os em material para uma acusação
ora intransigente, impiedosa, ora bem-humorada e docemente naïve; porém,
sempre honesta, beirando a brutalidade. Pode-se permitir: este indócil memoir
é o livro de uma escritora que quer se libertar, e libertar quem a lê, do
domínio das paixões tristes, das escolhas nunca escolhidas e, portanto, apenas
sofridas. Demonstrando, com uma voz irônica, pungente, arejada, que a
autoficção pode até parecer “coisa de gente chata e presunçosa”; mas que,
quando mais do que brincar com as fronteiras entre realidade e ficção a escrita
se lança a exibir uma intimidade sem máscaras, a revelar que não existem
identidades fixas nem estáveis e que nossos corpos, com todas as suas
cicatrizes, são a única prova material de que temos algo parecido com uma
história, ela se torna uma brincadeira muito séria. Uma brincadeira que também
o leitor é chamado a participar, a responder a narrativa verdadeira de uma vida
– aquela da autora, de origem basca, que no limiar dos seus trinta anos decide
prestar contas com um passado breve mas já denso — com a sua própria história:
um ato de libertação que transforma, e nos obriga a interpelar as palavras com
a cabeça aberta e o coração preparado. Mudar de ideia é publicado pela
editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
A Editora Moinhos amplia seu
catálogo com a presença da literatura chinesa e publica três títulos do Oriente inéditos no Brasil.
1. Há muito considerado uma
obra-prima do fantástico e do misterioso, Contos de fantasia chineses é
uma coleção de contos sobrenaturais compilados de antigas histórias folclóricas
chinesas por Pu Songling no século XVIII. Esses contos de fantasmas, magia e
outras coisas bizarras e fantásticas são um verdadeiro clássico da literatura
chinesa e dos contos sobrenaturais em geral. Esta primeira edição brasileira
contou com organização de Yao Feng e tradutores e tradutoras que converteram a
obra ao português brasileiro pela primeira vez. De preferência, pedimos ao
leitor e à leitora que aproveite a leitura desses contos de arrepiar com as
luzes apagadas em uma noite tranquila. Organizado por Yao Feng, o livro tem
tradução de Ana Cardoso, Zhang Mengyao, Chen Qu, Xiong Xueying e Lou Zhichang.
2. A poesia de Bei Dao, um dos
escritores mais influentes da China pós-Revolução Cultural, autor de vários
livros de poesia, ensaios e contos. Seu trabalho foi traduzido para mais de
trinta idiomas. É por isso e pela sua obra considerado o poeta chinês mais
eminente da atualidade e uma voz incontornável e a mais representativa da
poesia contemporânea chinesa. Com tradução de Yao Feng, Huang Lin, Manuela
Carvalho e José Luis Peixoto a editora Moinhos publica uma antologia de seus
poemas, intitulada Não acredito no eco dos trovões, com organização de
Yao Feng.
3. O além da montanha, um
novo livro do poeta chinês Yao Feng. Nascido em Pequim, em 1958, Feng é
atualmente professor catedrático na Universidade de Macau, poeta, tradutor,
artista e curador, tendo publicado, em chinês e em português, mais de vinte
livros de poesia, crônica e ensaio. De acordo com Régis Bonvicinio “Yao Feng é
um poeta original, atento à vida contemporânea”. Para Nuno Júdice, “lemos os
poemas de Yao Feng com o fascínio do encontro com uma tradição poética em que a
imagem cristaliza na palavra, e aí ganha a pulsação que reduz ao essencial o
gesto e o verso, e também com a surpresa de uma modernidade que nos faz ver o
nosso mundo numa outra perspectiva.” Já, para José Luís Peixoto, “A obra de Yao
Feng parece colocar esta questão de um modo radical. A especificidade da sua
origem e condição é extraordinariamente expressiva: Yao Feng nasceu na China e
desenvolveu o domínio da língua portuguesa ao ponto de ser hoje um dos
principais tradutores entre estes idiomas e, caso único entre os poetas
chineses, produzir poesia diretamente em português.”
Um romance feito com os temas
caros a Rachel Cusk, como maternidade, arte, relacionamentos amorosos e a vida
profissional da mulher.
M, escritora de meia-idade e de pouca expressão, está em chamas. É o fogo, pelo
menos, uma das imagens a que ela recorre para tentar explicar os acontecimentos
que abalaram a vida pacata que leva ao lado do marido na propriedade em que
moram, às margens de um pântano. Quem incendiou a rotina familiar foi L, um
artista plástico que se hospeda na cabana em que o casal costuma receber
artistas — a segunda casa. M está obcecada por L, e deposita nele expectativas
diversas. A relação intrincada dos dois se desenvolve durante essa espécie de
residência artística, compartilhada também por Brett, moça que L leva consigo,
e pela família de M. Num relato retrospectivo e por vezes lacunar, M conta
episódios da estadia de L no pântano, temperando a narrativa com reflexões e
experiências do passado. Temas caros a Rachel Cusk, como maternidade, arte,
relacionamentos amorosos e a vida profissional da mulher reaparecem em Segunda
casa. No lugar da observação atenta de Faye, narradora da trilogia que
garantiu a Cusk lugar de destaque na prosa contemporânea, vemos neste romance
uma mulher se contorcendo com sua subjetividade, lançando faíscas de dúvida
sobre si mesma. O livro tem tradução de Mariana Delfini e é publicado pela
editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
Um romance impressionante sobre os
efeitos da pandemia e sobre uma família que, à beira do fim, permanece unida.
Internado com uma grave infecção
de Covid-19, Ricardo Lísias fala do delírio e da dor, da angústia dos médicos e
dos pacientes, e da possibilidade de nunca mais rever o filho, em uma narrativa
impactante e emocional. “Um leve mal-estar. Estou com aquela variante que não
faz nada”, diz o narrador neste romance, momentos antes de ser internado na
unidade de tratamento intensivo para covid-19 de um hospital em São Paulo. Nos
instantes seguintes, ele irá sofrer um colapso pulmonar que o levará ao
delírio, à dor, e ao medo diante da morte. Em Uma dor perfeita, Ricardo
Lísias narra o período em que esteve de fato internado, oscilando entre a
consciência e o devaneio. Ele descreve a luta de médicos e enfermeiros, e a
angústia pelos pacientes que não sobreviveram. Fala das dificuldades de
recuperação e mostra como, mesmo depois do trauma, a doença deixa marcas
profundas na relação com os outros. Mas o livro é, acima de tudo, a narrativa
de um pai. Um pai que, em seu delírio, vê a esposa com os olhos “de pedra”, o
filho com o rosto “embaçado”, e teme nunca mais encontrá-los. O livro é
publicado pela editora Alfaguara. Você pode comprar o livro aqui.
Um romance redescoberto da
autora que é uma das influências de Elena Ferrante e central da literatura
italiana moderna.
Valeria Cossati queria apenas buscar cigarros para o marido na tabacaria, mas
acaba comprando ilegalmente um caderno preto — um item que não poderia ser
comercializado aos domingos —, e faz dele seu diário. Estamos na Roma dos anos
1950, e Valeria leva a vida entediante de uma mulher de classe média,
dividindo-se entre os papéis de mãe, esposa e funcionária de escritório. Há
anos ela não ouve o próprio nome — o marido só a chama de “mamãe” —, e sua
relação com os filhos é marcada por conflitos geracionais. Porém, conforme
alimenta aquelas páginas proibidas, Valeria começa a notar uma profunda
transformação em si mesma — cujas consequências ela ainda não sabe prever. Alba
de Céspedes foi uma das grandes autoras de língua italiana do século XX, com
uma obra que se destaca pela profundidade das personagens femininas. Em Caderno
proibido, a autora demonstra todo seu talento ao retratar a intimidade de
uma mulher comum e as mudanças da sociedade italiana no pós-guerra. Com
tradução de Joana Angélica d’Avila Melo, o livro é publicado pela Companhia das
Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Um romance sutil e delicado,
que aborda a dor da separação e a passagem do tempo na planície — morada e
metáfora, inclusive para o cultivo da própria escrita.
“Na cidade, perde-se a noção das horas, da passagem do tempo. No campo isso é
impossível.” Esse é o começo da história de um homem que muda de endereço, da
cidade para o campo, em busca de seu passado e de seu futuro. Após o fim da
relação com o namorado, o protagonista e narrador sai à procura de isolamento
num lugar onde o tempo é quase palpável e é possível cultivar a memória, viver
o luto e se reestruturar para uma nova vida. Em Planícies, o espaço é a
província, o interior da Argentina e suas paisagens, em contraponto à vida na
metrópole. As reflexões desse personagem, também escritor, aproximam a
elaboração das perdas, o luto e os processos da escrita dos cuidados com uma
horta, sem deixar de recorrer à infância, à memória e ao amadurecimento. Prosa
carregada de poesia e precisão, entre silêncios e aprendizagens, que aponta
para a importância de contarmos nossas histórias. O livro do argentino Federico
Falco é publicado pela editora Autêntica no selo Contemporânea com tradução de
Sérgio Karam. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Dois inéditos Cormac McCarthy ainda em
2022. Dezesseis anos depois do último romance, o escritor estadunidense
regressa com The Passenger e Stella Maris. Os dois livros saem nos
Estados Unidos, Canadá e Reino Unido entre outubro de novembro. A Alfaguara
Brasil, casa que publica a obra de McCarthy, noticiou o acontecimento e prevê
que esses inéditos logo chegarão também por aqui.
Um filme a partir de A cabeça
do santo. Socorro Acioli, que publicará em breve um novo romance pela Companhia
das Letras — Oração para desaparecer sai no segundo semestre de 2022 —, escreveu esta semana que o seu romance mais conhecido
ganhará as telas da sétima arte.
Novos títulos na Coleção Acervo. A
editora Carambaia reedita agora no formato popular os romances Enervadas,
de Chrysanthème e Senhores do orvalho, de Jacques Roumain. Os dois
livros saíram antes na seleção Edição Numerada.
Chamada para envio de originais. A
editora Bandeirola recebe originais de escritoras (mulheres cis e pessoas trans)
de ficção científica e mistério. A casa publicará uma novela, uma seleção de
contos ou poemas. Isso até o dia 10 de abril de 2022. Saiba mais por aqui.
Brasileiro entre os finalistas do
prêmio Man Booker. Publicado em língua inglesa como Phenotypes (trad. de
Daniel Hahn, And Other Stories, 2022), o romance do escritor gaúcho Paulo Scott
aparece entre os finalistas do Man Booker deste ano. Marrom e amarelo
saiu em 2019 pela Alfaguara Brasil.
Inédito de Pier Paolo Pasolini. A
Editora 34 noticiou que publicará em breve Petróleo. Trata-se de um
romance no qual o multicriador italiano trabalhava no ano da sua morte. O livro
póstumo ganhou edição em 1992 e é inédito no Brasil. Do mesmo escritor, a casa
publicou em 2020, Escritos corsários, um conjunto de textos políticos
também publicado em 1975, mas ainda organizada por Pasolini.
REEDIÇÕES
Nova edição do romance de
estreia de Caio Fernando Abreu.
Escrito quando Caio Fernando tinha apenas dezenove anos e publicado pouco tempo
depois, em 1971, Limite branco inaugura a trajetória de uma das vozes
mais apaixonantes da nossa literatura. Ao longo da trama, acompanhamos as
descobertas, os anseios e os temores de Maurício num período intenso e
angustiante, quando a infância fica para trás e o caminho que leva à vida
adulta não passa de uma incógnita. Para a escritora Natalia Borges Polesso, que
assina o posfácio da presente edição, neste livro “há um limite branco, que uma
pessoa cruza para amadurecer, no qual as emoções se borram e se sobrepõem e não
se tem muito uma ideia de onde começa um sentimento e o outro termina.” O livro
é reeditado pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1. Morrer sozinho em Berlim,
de Hans Fallada. Mas também Cada um morre por si. Iniciamos a semana com
uma matéria de corte biobibliográfico sobre o escritor alemão. Até 2018 sua obra era totalmente desconhecida no Brasil. É curiosa a publicação em
tempos muito próximos do seu romance mais longo e não o mais importante dos
seus trabalhos. De toda maneira, é uma obra essencial para se conhecer algo do seu
universo criativo. Publicado originalmente em 1947, o romance se desenvolve em
forma de thriller a partir de uma história verídica de um casal de operários durante
a resistência aos terríveis anos da ditadura nazista; isso a partir de quando
Anna e Otto recebem a notícia da morte do filho na guerra. A narrativa
testemunha a transição entre a postura apolítica do casal e a descoberta sobre
as entranhas de um regime de horror. O primeiro título é o da Editora Estação
Liberdade, com tradução de Claudia Abeling. Você pode comprar o livro aqui.
Caso o leitor tenha interesse por edições diferenciadas, eis o segundo título,
publicado pela editora Carambaia e com tradução e posfácio de Sonali Bertuol. Você pode comprar o livro aqui.
2. Poemas humanos, de César
Vallejo. A obra do poeta peruano vez por outra reaparece entre nós. Nos anos
oitenta, inclusive, chegou a circular uma edição com a sua poesia
completa traduzida por outra figura importante da literatura latino-americana,
o brasileiro Tiago de Mello, um livro que nunca mais alcançou uma nova tiragem.
E, nos últimos anos, exceto por Tungstênio (Iluminuras), um livro de prosa,
era escassa alguma obra sua entre nós. Dos seus poemas, principalmente. Em
dezembro passado, saiu este livro que é descrito como um dos pontos altos da poesia
de Vallejo. Com tradução de Fabrício Corsaletti e de Gustavo Pacheco, a
publicação é da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
3. Os urubus sem penas, de
Julio Ramón Ribeyro. Foi com esta obra que o escritor peruano fez sua estreia
na literatura em 1955. Até agora inédito no Brasil, o livro publicado pela
editora Moinhos com tradução de Silvia Massimini Felix reúne oito contos nos quais figuram personagens marginalizados e esquecidos. Além do texto que intitula a coletânea, o leitor
encontra “Interior L”, “Mar afora”, “Enquanto a vela arde”, “Na delegacia”, “A
teia de aranha”, “O primeiro passo” e “Reunião de credores”. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. Neste 12 de março de 2022, celebramos
o centenário de Jack Kerouac. Aproveitamos a efeméride para recuperar este vídeo
com os escritores da Beat Generation, entre eles Jack Kerouac, Allen Ginsberg,
Lucien Carr, sua companheira Francesca e seus três filhos, Simon, Caleb e
Ethan, e Mary Frank e seus filhos Pablo e Andrea. Gravado no bairro de East
Village de Nova York, no verão de 1959, no Harmony Bar & Restaurant na E
9th Street e 3rd Avenue.
2. Além da prosa, Kerouac também
escreveu poesia. Em julho de 2013, o blog da revista 7faces publicou dois textos nesse gênero, traduzidos por Cláudio Willer. O tradutor foi quem apresentou
a obra poética do escritor estadunidense entre nós.
BAÚ DE LETRAS
1. Ainda entre as celebrações pelo
centenário de Jack Kerouac, abrimos baú de Letras para levar o leitor a várias publicações
por aqui sobre a obra e o escritor estadunidense:
a) Jack Kerouac chegou por aqui sempre por via
terceira, como na lista que fizemos em 2008 com dez livros marcados pela bebedeira
ou o texto que publicamos de Pedro Fernandes sobre a experiência de ver a adaptação
do principal romance do escritor adaptado para o cinema em 2012.
b) Um ano depois, passando por
várias outras matérias em que o nome de Kerouac se apresenta, publicamos uma matéria
acerca do então publicado Livro de haicais.
c) Em 2014, uma matéria sobre os desenhos dos mapas e dos itinerários da longa travessia dos Estados Unidos que
deu origem a, entre outras coisas, On the road.
d) Mais tarde, Rafael Kafka
escreve sobre o livro Anjos da desolação; nosso colunista voltará ainda
outras vezes ao autor e à obra: em “Jack Kerouac, modernismos e o desvairismo beat”; e na resenha sobre Cidade pequena.
e) Outra matéria, foi esta sobre o primeiro amor de Jack Kerouac, a base de Maggie Cassidy, livro escrito
em 1953, mas só publicado pela primeira vez seis anos mais tarde.
2. Enervadas, de Chrysanthème, aparece entre as obras citadas na pequena biblioteca modernista, uma lista que publicamos com alguns títulos marcados pelo fulgor da Semana de 1922. Descubra aqui quais outros títulos integram as recomendações.
3. Outro romance citado neste boletim, Senhores do orvalho, de Jacques Roumain, foi lido e comentado aqui no Letras em março de 2021; o livro também foi incluído entre as melhores leituras do ano, de acordo com o nosso editor.
DUAS PALAVRINHAS
As únicas pessoas que me interessam são as que estão loucas: loucas por viver, loucas por falar, loucas por salvarem-se.
― Jack Kerouac
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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