Oito (está bem, nove) poemas de António Osório
Por Pedro Belo Clara António Osório. Foto: Arquivo do jornal Público . (Reprodução). IN MEMORIAM Ao lado do corpo de meu Pai chorava esta pobre carne. E de repente chegou a tua e minha felicidade: A teu lado estou sorrindo a chamar-te, espero que regresses a casa, ansiosamente corro para a porta. E ao colo sinto o teu calor, contigo passeio pela mão, pergunto, pergunto e tu respondes ocultando o fim da vida. Ver-te dormir, alegria igual à tua quando de noite tranquilo eu respirava. Tenho três anos e tu, Pai, és jovem, grande, senhor do mundo, deus docemente temido desde o início. Assim te amo agora sem lágrimas. Que deste modo teus netos um dia se recordem de mim, na tua, minha e deles pura ignorância da morte. A MEUS FILHOS A meus filhos desejo a curva do horizonte. E todavia deles tudo em mim desejo: o felino gosto de ver, o brilho chuvoso da pele, as mãos que desvendam e amam. Marga, meu fermento, neles caminho e me procuro, a corpo igual regresso: ao