Christopher Isherwood, a memória alegre
Por Manuel Hidalgo Christopher Isherwood. Foto: Peter Schlesinger. Os gêneros literários, como se sabe, não se configuram segundo a sexualidade, hétero ou homossexual, dos escritores, embora se fale da literatura gay ou da poesia sáfica, o que seria, antes, identificar rótulos de uma predileção temática, obviamente ligada à um ponto de vista que sem dúvida parte de identidades outras. Uma certa classificação de Christopher Isherwood (1904-1986) — e de outros — como autor gay tem muito a ver, é claro, com a ênfase das manifestações literárias e pessoais do escritor britânico em relação à sua sexualidade. Não apenas seu olhar e conteúdo homossexual são explícitos em seus livros, mas ele foi um dos primeiros escritores do século XX a reconhecer publicamente sua posição sexual em entrevistas, em militar abertamente a favor dela e, isso é importante, em dotar seus livros de uma farta e franca carga autobiográfica relacionada às suas experiências sexuais. Sem pertencer originalmente a ne