Monterroso em movimento
Por Enrique Vila-Matas Augusto Monterroso. Foto: Basso Cannarsa / Alamy (Reprodução) 1. Naquela época eu não tinha ideia que o escritor de textos breves realmente não quer nada mais no mundo do que escrever incessantemente textos longos em que a imaginação não tenha que trabalhar, em que nos acontecimentos, coisas, animais e homens se cruzem, se busquem ou fujam, vivam, convivam, amem-se ou derramem livremente seu sangue sem sujeição ao ponto-e-vírgula, ao ponto. E acreditava nisso a tal ponto que achava que o certo a fazer era ser breve e não cansar, narrar histórias rápidas de finais fulminantes, tão fechados quanto definitivos, e que não prolongassem o às vezes fingido olhar de expectativa do companheiro de mesa ou interlocutor, ou seja, ser muito educadamente sintético e diáfano com quem, ao meu lado, fingia escutar, ou de fato me escutava, embora nesse caso sempre me esperasse para ser rápido na minha apresentação. — Tive um sonho. Estava voltando a conhecer Monterroso — co