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Mostrando postagens de novembro 18, 2021

Autobiografia, de José Luís Peixoto

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Por Pedro Fernandes José Luís Peixoto. Foto: Reinaldo Rodrigues.   No discurso de recepção do Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago estabelece um jogo cuja prática exerceu ao longo dos romances que escreveu. Ao se reconhecer mestre e aprendiz de suas criaturas de tinta e papel — aliás, o título desse texto de dezembro de 1998 é “De como a personagem foi mestre e o autor seu aprendiz” — o escritor viola propositalmente o lugar do leitor ao lhe atribuir um papel participativo na conformação da obra literária. Trata-se de uma dialética capaz de renovar ainda o estatuto do ficcional; não é o caso de um retorno ao infinito debate acerca dos limites entre o imaginado e o vivido, estirando-se para o primeiro polo dessa relação — até porque entre um e outro, a compreensão do escritor se apresenta indistinta. É, sim, a renovação de uma leitura sobre a existência enquanto aprendizagem constituída no limiar da fabulação e da ação.   O itinerário do protagonista deste romance de José Luís Peix