Uma passagem pelos infernos políticos de Dante
Por Raúl Rojas Dante e Virgílio no inferno. Gustave Doré. A divina comédia é um livro alucinante. O famoso florentino Dante Alighieri levou décadas para retrabalhar a história alegórica que terminou, pouco antes de sua morte em 1321. A obra é difícil de ler, pois em seus versos Dante faz referências veladas a uma infinidade de motivos religiosos e da mitologia grega. Além disso, passa em revista muito dos seus muitos inimigos colocados nos níveis apropriados de punição no inferno. Para ler a obra sem as anotações necessárias, seria preciso ter vivido naquela época e estudado história e teologia. Hoje é altamente recomendável usar uma versão anotada, talvez com a versão italiana contraposta a tradução, e incluindo as fabulosas ilustrações de Gustave Doré. Dante foi um homem político: exilado de Florença no calor das disputas públicas das quais participou, aí viveu até sua morte. Talvez seja por isso que Dante reservou a antessala do inferno para os indecisos e para aqueles que não tom