A crítica dos escritores
Por Kim Nguyen Baraldi Ilustração: Jungho Lee. Minha passagem pela Sorbonne foi um fiasco. Cursei letras modernas e literatura comparada e me senti decepcionado. Embora aqueles anos de universidade tenham sido até certo ponto proveitosos, deles ficou um resíduo amargo: tudo ali era demasiado acadêmico, árido e frio. Demasiadas estátuas de mármore, demasiadas mesas de madeira e nenhum bar onde pudesse conversar com os colegas. As aulas não eram estimulantes, os professores não conseguiam se conectar com os alunos, e era possível sentir que, quanto mais horas absorto em livros de crítica especializada, mais distante me achava da literatura. Estudar desse modo não tinha qualquer atrativo para mim. Hoje, sigo perguntando-me, um pouco entristecido, em que momento a universidade, desorientada pelos quatro cantos, decidiu anestesiar o prazer de ler. Por volta dessa época, registrei em um de meus cadernos esta breve anotação: “Propósito: ler como um escritor”. Não me julgava escritor, é cla