Dante e a experiência
Por Marco Perilli Gustave Doré. Dante. Ilustração para o Canto I de A divina Comédia , 1861. Embora o rosto meu, qual por um calo, agora pelo frio, qualquer evento estivesse impedido de afetá-lo, ainda me pareceu sentir um vento¹ Assim é como o peregrino, chegado ao centro da Terra, percebe a presença de um limite tenebroso, algo que atemoriza e o enche de terror. Não ignoro o que acontecerá. Encontro-me a poucos metros de profundidade. Dante, por sua vez, suspeita, deduz, pergunta ao seu guia; seguramente teme alguma coisa. Tem medo, muito medo. Viu alguns gigantes que distante pareciam torres: um deles lhe acenou com a mão, junto com Virgílio, para descer até ao fundo do abismo. Agora sopra um vento frio, que lembra o inefável. Ou algo tão físico e concreto como o espasmo do homem que encara o possível. pelo que eu: “Mestre, eu sinto algo mover; não é isto aqui de todo sopro isento?” E ele a mim: “Poderás logo saber; teu próprio olhar vai te dar a resposta […] A resposta