Roberto Calasso
Por Gabriel Bernal Granados Roberto Calasso. Foto: Ferdinando-Scianna. A maior parte dos textos publicados em decorrência da morte de Roberto Calasso reflete, além de seu lado criativo, o trabalho editorial que desenvolveu à frente da Adelphi por pelo menos quatro décadas. Parece-me um equívoco não compreender que sua obra editorial é um distanciamento natural da obra de escritor, que foi alimentada, do primeiro ao último dos livros publicados, por uma curiosidade intelectual insaciável. Na verdade, a vida de Calasso poderia ser dividida em dois grandes ciclos. O primeiro seria marcado pelo profundo interesse que despertou, em sua juventude, o mundo das ideias ocidentais (filosofia, psicanálise, teoria do capital); e o segundo, pela amplitude incomensurável que sua obra se desdobra diante de nossos olhos como criador de paisagens fragmentadas ou em ruínas. Desde os primeiros livros se anuncia já a vontade, tão profundamente nele enraizada, tão legítima, proveniente de uma tradiçã