O amor e o mundo: tensões entre a permanência e o efêmero em Emily L., de Marguerite Duras
Por André Cupone Gatti Marguerite Duras (1914 - 1996), seja em seus filmes, seja em seus livros de ficção, tematizou o amor como uma dolorosa resistência ao mundo. Escrevendo quase sempre a partir do universo sentimental feminino, a autora soube construir uma obra ficcional fortemente influenciada por sua biografia e pelas ideias do nouveau roman ; soube, porém, acima de tudo, valendo-se de voz particular, imergir no limbo dos relacionamentos amorosos e representá-lo em relação à sua contraparte caótica, o mundo, a História. Inquieta quanto à busca das possibilidades representativas, formalizou tanto no cinema quanto na literatura os signos da passagem, da memória e da melancolia. Certa vez me disseram que o cinema de Duras é muito literário, e a sua literatura é muito cinematográfica. Apesar de ser uma visão superficial e generalista, há nisso alguma verdade: o formalismo extremo dos seus filmes carrega como contrapeso a fluidez das narrações em off ou das contínuas conversações; por