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Ensaio autobiográfico, de Jorge Luis Borges

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Por Jaime Siles Jorge Luis Borges. Foto:  Sophie Bassouls.   Há muitos Borges com o nome de Borges e há, especialmente em sua vida e em sua obra, dois: a série de personas poéticos a partir das quais escreveu todos os seus livros, e outro Borges, com quem o anterior coincide apenas nas limitações do espaço e do tempo, nas propriedades de sua linguagem e no acaso de sua fisicalidade. O Ensaio autobiográfico oferece um relato exato da proporcional perplexidade de ambos: de suas sobreposições e influências, de seus ensinamentos e intercâmbios.   Os dois Borges podem ser seguidos aqui na palavra escrita, que é o fio condutor deste Borges verbal, e nas imagens sucessivas com que o tempo dá forma a outro Borges icônico, no qual se reflete outro Borges não mais imaginário do que aquele condenado a viver no paraíso de uma biblioteca cujas estantes estão repletas de livros com páginas em branco e de espelhos nos quais se ouvem os passos de um tigre que caça no meio da noite o que um cego tenta