Fim de uma viagem, de Heinrich Böll
Por Pedro Fernandes Heinrich Böll. Foto: Alain Mingam O nome é novo, a prática nem tanta. O debate ético, o de sempre, ainda que agora novamente o que antes era pura expressão ganhe o estatuto de produto, como tudo na geringonça do consumo. Em julho de 2021, um desenho original de Pablo Picasso foi queimado. O que poderia ser uma performance, irrepetível, interessada em chamar atenção para algum aspecto como a fragilidade da noção de valor ou a natureza implacável do tempo sobre o fim de tudo, se tornou recorrente e integra um sistema que envolve tecnologia, certo exibicionismo e, claro, muito dinheiro. De toda maneira, a palavra que sintetiza essa experiência é singularidade . Tomemos o caso do rascunho “Fumeur V”, de Picasso. Alguém adquiriu a peça sabendo que seu direito de exclusividade será transferido para o mundo digital — para isso, o objeto precisa deixar de existir enquanto matéria física. Os non-fungible tokens (NFTs) permitem a validação do produto no novo formato; atravé