A descoberta de um escritor extraordinário
Por Rafael M. Fogaça* Sadeg Hedayat Ao terminar a leitura de A coruja cega e outras histórias , do iraniano Sadegh Hedayat, fiquei com uma sensação semelhante à que me tomou depois de assistir ao filme Dançando no escuro , de Lars Von Trier, há alguns anos. Fui tomado por profunda comoção, a ponto de, por algum tempo, perder o sentido de orientação espacial. Composto pela novela que dá título ao volume e uma coletânea de 14 contos selecionados pelo tradutor, cada narrativa explora facetas diversas do lado mais obscuro da existência humana. Em “A coruja cega”, narrativa em primeira pessoa, o protagonista é um pintor viciado em ópio perseguido por alucinações que parecem advir de uma vida anterior. Incapaz de viver entre as pessoas comuns, ele passa os dias isolado em seu quarto, fumando a droga e escrevendo sobre acontecimentos terríveis em que esteve envolvido, sem que o leitor saiba se tais acontecimentos possuem ancoragem na realidade ou se não passam de delírios decorrentes dos ef