O Ateneu, de Raul Pompeia
Por Pedro Fernandes Há romances que sempre nos causam espanto quando reencontramos com eles tantos anos depois de sua publicação. A natureza desse sentimento é variada, mas parece que crescem por sua própria conta. No caso específico de O Ateneu , de Raul Pompeia, cujo desfecho de sua publicação coincide, qual libertação, com o dia de assinatura da Lei Áurea ― a 13 de maio de 1888 se publicava o penúltimo capítulo no folhetim da Gazeta de notícias ― é o vigor da linguagem capaz de transformar o estatismo da descrição em movimento. Esse tratamento faz do romance um livro à parte entre as criações do seu tempo e, só apenas por convenção historiográfica, tratamos de filiá-lo ao realismo quando o pensávamos melhor inscrito num naturalismo, num simbolismo ou mesmo armado com os ventos do pré-modernismo. Resulta comum essas indeterminações quando estamos diante de uma obra-prima. Outro aspecto importante do livro que ganhou essa forma em meados do mesmo ano de quando apareceu como folh