A ausência, de Peter Handke
Por Pedro Fernandes Peter Handke. Foto: Franck Ferville A convencionada literatura de invenção, constituída das alternativas de fuga dos protocolos realistas, alberga uma lista de criadores que, centrados na dinâmica da linguagem e da enunciação, almejam quase sempre justificar seus objetos não como extensões dialogantes com o mundo exterior, mas mundos autênticos. Uma dessas maneiras criativas é a de se apropriar de recursos possíveis noutras expressões que lidam com a mimesis, tais como o teatro e o cinema. No caso do Peter Handke autor de A ausência , romance que se situa entre os últimos da sua primeira fase literária, o que verificamos é o contínuo exercício de adiamento do enredo e o acurado interesse pela imagem, duas técnicas, podemos assim dizer, derivadas dos modos ficcionais dramáticos. O resultado é uma sintaxe narrativa bastante específica voltada não para o interesse de contar uma história mas propor histórias possíveis. Se comumente se associa um recurso dessa natur