Dois ensaios de Louise Glück e um comentário
Por João Arthur Macieira William Scott. Sem título , 1970. A persistência da poesia estadunidense Como coloca Gilles Deleuze, há uma espécie de sonho traído na literatura estadunidense. Sua definição é de uma “sociedade dos camaradas” e seu sentido é a produção de uma linha de fuga para fora dos horizontes europeus constituídos até o século XIX. Quando pensamos numa poesia como a de Walt Whitman, principalmente na construção do narrador de Folhas de Relva , isso é bastante evidente. Também a literatura e o cinema do século XX — os romances de Jack Kerouac ou os filmes de Jim Jamusch — revisitam os temas que essencialmente já estavam lá em Whitman. Mas o que dizer do século XXI ou mesmo das últimas décadas do século XX? Ainda é possível, depois da tomada de consciência dos Estados Unidos como um império capitalista em franco declínio diante do presente, ler aquelas ideias a sério? Não só as “massas” — se é que ainda pode-se usar esse termo pouco razoável sociologicamente falando —