A resistência ao espírito absoluto em “Vozes d’África”, de Castro Alves
Por Wagner Silva Gomes © Carla Accardi. Em “Vozes d’África”, poema de Castro Alves da segunda metade do século XIX (1868), tem-se a reconstrução do cenário da diáspora africana. Isso fica evidente na segunda estrofe em que o eu-lírico, a África em forma humana, ou seja, personificada, é comparada a Prometeu, numa cena cheia de metáforas, onde, como o deus que concedeu ao ser humano a luz do conhecimento, sendo castigado por Zeus, é a própria África presa por correntes à região litorânea de Suez, na Itália. É importante atentar para o fato de que até o ano de 1859, quando o engenheiro Ferdinand de Lesseps construiu o Canal de Suez, o Oriente Médio era considerado parte do território da África (Cf. SILVA, 2016). Só então houve a separação, não só geográfica, mas também cultural. No entanto, mal sabe o opressor, não se separam, nas culturas africanas, o homem de sua terra. Como coloca Hampaté Bâ: “Uma vez que se liga ao comportamento cotidiano do homem e da comunidade, a ‘cultura’ af