Guimarães Rosa, copidesque de Mário de Andrade
Por Guilherme Mazzafera João Guimarães Rosa à máquina de escrever. Arquivo Conselheiro Guimarães. “A língua portuguesa, aqui no Brasil, está uma vergonha e uma miséria”. Esta formulação se encontra em uma carta de João Guimarães Rosa a seu tio Vicente Guimarães, datada de 11 de maio de 1947. Nela, com verbo pungente e desabrido, Rosa delineia uma poética precisa para a qual a emergência de “novos tempos” exige uma postura diversa dos escritores perante sua matéria, mudança que permitiria reabilitar a arte “depois de longo e infeliz período de relaxamento, de avacalhação da língua, de desprestígio do estilo, de primitivismo e de mau gosto” (GUIMARÃES, 2006, p. 134). Não é difícil perceber nessa enumeração algumas críticas a propostas do primeiro Modernismo, em especial à noção do primitivismo, do relaxamento e avacalhação da língua propiciada por uma atitude demasiado irreverente ao estilo. Figura central do movimento e espécie de demônio tutelar de Rosa, o acerto de contas com Mário