Quando Tchekhov saiu à procura do inferno
Por Andrea Calamari Anton Tchekhov, no ano quando partiu em viagem para Sacalina, 1890. Anton Tchekhov tinha trinta anos, uma credencial de jornalista, popularidade como escritor e os pulmões em parte destruídos pela tuberculose quando partiu para uma viagem à Ilha de Sacalina, uma colônia penitenciária situada no lugar mais inóspito e hostil da Rússia. “Fazia muito tempo que não bebia champanhe.” As últimas palavras de Anton Tchekhov são famosas, sua penúltima frase teria sido pronunciada em alemão: Ich sterbe , “Estou morrendo”. Cada biógrafo conta a cena de uma maneira diferente, o mesmo acontece com Olga Knipper em suas memórias, a atriz com quem ele se casou há três anos e o médico que chegou já tarde ao quarto de um hotel alemão. A versão que mais gosto é a de Raymond Carver, porque não é verdade. Carver era um admirador de Tchekhov e, num livro de contos, escreveu um — “Três rosas amarelas” — que traz o russo como protagonista e conta sobre essa noite. Com a literatura acontec