O companheiro de viagem, de Gyula Krúdy
Por Pedro Fernandes Gyula Krúdy. Foto: Arquivo Entre o início e o final da narrativa de O companheiro de viagem opera-se uma lacuna interessante. Primeiro, esta novela repete um modelo recorrente na ficção: o da história dentro da história. Mas, apenas em parte seu protocolo é respeitado. Sabemos que, nesses casos, o narrador-organizador do que lhe é relatado, sempre intervém no decurso da narração, estabelecendo conclusões, oferecendo suas conjecturas e não esquece de, uma vez concluído o relato alheio, reaparecer como a autoridade acerca do que se narrou. Ora, no caso da obra de Gyula Krúdy, ainda que em pequena proporção, esse ordenador do que lhe é narrado durante uma viagem, oferece alguns esclarecimentos sobre o que registra, mas, depois que a narrativa adquire seu ritmo, ele se perde. Como um maquinista que nos dá às boas-vindas, oferece as instruções para a viagem, mas uma vez chegados ao nosso destino nada mais sabemos dele. Também pouco sabemos sobre seu companheiro de i