Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares
Por Pedro Fernandes Gonçalo M. Tavares. Foto: Voz da Póvoa Jerusalém é um romance que lida com uma dessas antíteses irrecusáveis da existência: não existe humanidade sem horror. E a sentença é desenvolvida por reiteradas vias: do título aos movimentos biológicos e interiores das personagens, passando pelas ações e certo exercício meta-temático se considerarmos o largo esforço intelectual desenvolvido por Theodor Busbeck, uma das figuras principais da narrativa. O resultado é uma obra com diversas possibilidades de leitura, sobretudo, do que é acolhido nas vias do subtexto. Embora este trabalho se filie àquela seção das narrativas estabelecidas proximamente no tratamento convencional de narrar — e sabemos que a literatura de Gonçalo M. Tavares se interessa em sua maior parte por um tratamento desconstrutivista das formas pelo que aos olhos tradicionais se designa maneira atípica de manipulação da linguagem — nota-se um estratagema muito peculiar no que chamaríamos organismo da obra