Escrever de ouvido: Clarice Lispector e os romances da escuta, de Marília Librandi
Por Sérgio Bairon* Está aí... o mergulhar no labirinto de Clarice Lispector por meio do outro-mesmo labirinto, o do ouvido, que cria múltiplas e sinestésicas escutas. Inspirado pela própria Clarice, o livro de Marília Librandi poderia ter inúmeros títulos: de labirinto em labirinto: a escuta; topofilosofia da escuta; a escuta no entre a oralidade e a escrita; ruínas da linguagem como escuta; o caleidoscópio aural da escrita; a escuta dos objetos gritantes... e tantos outros, que revelam uma teoria criada pelo perpassar a literatura, jamais, estacionada nela! A teoria da escuta desenvolvida por Marília Librandi, inaugura uma profunda interlocução entre crítica literária e filosofia, provocando uma dobra em qualquer sentido que se apresente como significado literal. Quando o que se busca compreender é o que a escuta desvela, o que podemos escrever a respeito desta movediça reticularidade polifônica, nunca poderá ser expresso como sentido estático. O sentido que se desvela é a ressonân