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Maldição e dessacralização: elogio da realidade em Angiolieri e Pasolini

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Por André Cupone Gatti Pier Paolo Pasolini. Foto: Dino Pedriali   I. O termo “poète maudit” surgiu séculos após a morte daquele que o inspirou. Aceita-se que foi Alfred de Vigny, em pleno romantismo, o primeiro a empregar a expressão, ao se referir ao poeta francês do fim da Idade Média, François Villon, na sua obra Stello . Ao discutir os problemas da relação entre os poetas e a sociedade, o romantismo conferiu um significado inflamado ao “poeta maldito”, personagem trágico, desventurado e errante, à beira da loucura. Paul Verlaine, ainda no século XIX, revitalizou o termo, ao inseri-lo no contexto dos poetas finisseculares de inclinação simbolista e decadentista. Ainda personagens desventurados, mas não tão trágicos como inicialmente, os “poètes maudits”, no entendimento de Verlaine, eram aqueles obscurecidos e incompreendidos no meio literário, provocativos no comportamento e muitas vezes herméticos no estilo. Corbière, Rimbaud e Mallarmé foram os principais paradigmas do poeta mald