Ricardo Piglia em busca do tempo perdido
Por Patricio Pron Ricardo Piglia. Fotograma do documentário 327 Cuadernos , de Andrés Di Tella “Gostaria de editar este diário em sequências que sigam as séries de acontecimentos”, escreve Ricardo Piglia: “todas as vezes que me encontrei com amigos em um bar, todas as vezes que fui visitar minha mãe. [...] Não uma situação despois da outra, senão uma situação igual a outra”. A doença degenerativa que foi diagnosticada três anos antes de sua morte em 2017 impediu o escritor argentino de dar forma a esta tentativa pereciana de esgotar a experiência; porém, alterar o que seu autor denomina “a causalidade cronológica” é um dos propósitos mais habitualmente repetidos ao longo de Los diarios de Emilio Renzi , cujo terceiro e último volume permite agora vislumbrar o que Piglia poderia ter feito com seus diários se tivesse obtido um adiamento da sentença: em sua segunda seção, “Un día en la vida” [“Um dia na vida”], o autor ordena as situações narradas ao longo de vários anos em uma s