Boletim Letras 360º #453

DO EDITOR
 
1. Caro leitor, aqui estamos com outra edição desta post fixada aos sábados desde há 453 semanas. Reúnem-se a seguir todas as notícias que correram a semana em nossa página no Facebook e outras que ainda não chegaram por lá. Também estão as demais seções com dicas de leitura — com atenção para o bicentenário de Fiódor Dostoiévski. 
 
2. Lembro que no dia 26 de novembro, o Letras sorteia o primeiro ganhador do nosso pequeno clube de apoios à manutenção do blog. Levará um kit com três livros ofertado pela Editora Mundaréu. Você pode saber tudo sobre como participar aqui. Se estiver numa das redes do blog, pode consultar mais detalhes no Instagram, no Facebook ou no Twitter.
 
3. Muito obrigado por sua presença, pelo apoio e seguimos! Boas leituras!


José Saramago. Uma variedade de atividades abre e organiza o ano para o centenário
do escritor: uma delas é o 2.º Colóquio de Estudos Saramaguianos.


 
LANÇAMENTOS
 
Em um dos testemunhos mais impressionantes do Holocausto já publicados, Delbo mostra os horrores nazistas sob a ótica de uma mulher comunista

“Tentem olhar. Tentem para ver como é.” Charlotte Delbo (1913-1985) diz isso a nós, leitores de outros lugares e outros tempos, ao descrever algumas das cenas terríveis presenciadas no campo de concentração de Auschwitz, num dos testemunhos mais impressionantes do Holocausto já publicados em livro. Em sua primeira edição no Brasil (com versão também em e-book), a obra se distingue de outros relatos célebres sobre os campos de concentração por pelo menos dois motivos: ter sido escrito por uma mulher e a razão pela qual a autora foi presa, a atividade política — era militante comunista e membro da Resistência durante a ocupação da França pela Alemanha nazista. É uma leitura desafiadora, que quase recusa o status de documento histórico ao adotar uma narrativa do presente, entremeada de textos em versos e vinhetas sem título. Auschwitz e depois reúne três livros escritos em tempos diferentes e em ordem diversa, mas que compõem uma unidade perfeita: “Nenhum de nós voltará” (concluído em 1947 mas publicado em 1965), “Um conhecimento inútil” (fragmentos de 1946 que vieram à luz em 1970) e “Medida dos nossos dias” (escrito em 1970 e publicado em 1971). O primeiro relata a passagem por Auschwitz. O segundo une Auschwitz e o campo de Ravensbrück e o terceiro narra o que aconteceu, um quarto de século depois, a onze mulheres (e um homem) que ela conheceu no cativeiro. Delbo foi presa em março de 1942, aos 29 anos, com uma centena de membros da Resistência francesa, entre eles seu marido, Georges Dudach, que seria fuzilado após semanas de tortura em maio do mesmo ano. No mês anterior, em março de 1942, Delbo havia sido recolhida à prisão de Santé, em Paris. No mês seguinte, integrou o grupo de 230 mulheres oriundas de toda a França enviado a Auschwitz. Entre julho de 1943 e janeiro de 1944, esteve no campo agrícola de Raïsko e em janeiro de 1944, com mais sete mulheres, foi enviada a Ravensbrück. Após a libertação da França, Delbo integrou, em abril de 1945, o comboio para a Suécia organizado pela Cruz Vermelha do país. E depois, até a morte, viveu, como a maioria de suas companheiras, a impossibilidade de sair daqueles lugares. Todos esses nomes e datas aparecem raramente ou nunca em Auschwitz e depois. O tempo e o espaço dos campos de concentração são soberanos e impositivos na vivência de Delbo e de muitas de suas companheiras. Ao chegar ao campo polonês, ela já intui que ali sua vida passada se rompeu: “Era um lugar de antes da geografia. Onde estávamos? Ficaríamos sabendo — mais tarde, pelo menos dois meses depois; nós, as que dois meses depois ainda estavam vivas — que o lugar se chamava Auschwitz. Não lhe poderíamos dar nome.” É um período de distopia radical, tempo inapreensível e vazio mental — “Eu estava ausente demais para estar desesperada”. Estão presentes os sentimentos frequentemente abafados de um dia a dia de passos que se afundam na neve ou na lama, de carregar pedras, levar chibatadas de açoites e correias, sentir uma sede que endurece os lábios e a língua, ver mães esqueléticas com filhos pequenos que choram ou brincam de carrasco e prisioneiro — mas também, como um milagre, a montagem teatral de O misantropo, de Molière, numa noite de Natal, e, como um resquício de orgulho, a cena dos membros da Resistência que vão para a guilhotina cantando A marselhesa. Como escreve Seligmann-Silva no posfácio da edição da Carambaia, “esse magma traumático nunca pode ser inteiramente escrito e passa a marcar aquele que o atravessou”. Uma experiência que “desdiz o que o mundo simbólico significa em sua capacidade de nos estruturar tornando-nos aptos para a vida”. O campo de concentração desfaz em Charlotte Delbo o que julgava ter acumulado em suas quase três décadas de vida anterior, daí o título do segundo livro da trilogia, Um conhecimento inútil.

Livro reúne seis dezenas de textos sobre Chico Buarque.
 
Desdobramento da fotobiografia Revela-te, Chico (Bem-Te-Vi, 2019), Meu caro Chico cobre um longo arco temporal sobre a figura do compositor e escritor brasileiro. Há registros que remontam de 1966, uma crônica de Carlos Drummond de Andrade publicada no Correio da manhã, a 2021, os textos da cantora Carminho e do cantor Criolo, preparados para a edição. A coleção é variada; além de crônicas, estão ensaios, poemas e até publicações de redes sociais. José Saramago, Clarice Lispector, Luis Fernando Verissimo, Cacá Diegues, Rubem Braga, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Maria Rita Kehl, Glauber Rocha, Torquato Neto, Lula da Silva, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda, entre outros. “Meu caro Chico” é organizado por Augusto Lins Soares e publicado pela Francisco Alves.
 
Publicado em 1909, Sua alteza real é uma obra menos conhecida de Thomas Mann, mas que foi recebida com grande entusiasmo pelos leitores da época — ávidos pelo novo romance do autor do estrondoso sucesso Os Buddenbrook.
 
Com um tom de fábula e certa tendência à paródia, ele conta a história do grão-ducado de Grimmburg, espécie de microcosmo da Europa antes da Primeira Guerra Mundial, e de Klaus Heinrich, o divertido príncipe que de repente vê o mundo ultrarrígido de sua corte, dominado por tradições e hierarquias, confrontado com a visão pragmática do bilionário americano Samuel Spoelmann e, sobretudo, de sua filha Imma, uma mulher de espírito independente. Os dois jovens se aproximam aos poucos e, para além do encantamento, o príncipe passa a ter cada vez mais a clareza de que a salvação de sua estirpe pode estar na fortuna da moça — e num casamento fora do círculo aristocrático. Mann faz com esta sátira uma cuidadosa descrição da sociedade europeia em franca decadência, que vislumbra no vigor moderno do Novo Mundo uma possibilidade de rejuvenescer. A tradução de Luís S. Krausz é publicada pela Companhia das Letras.
 
Livro reúne várias leituras sobre a obra de Clarice Lispector.
 
Mais do que homenagear Clarice no ano de seu centenário, o objetivo da edição é apresentar uma série de leituras capazes de oferecer novas interpretações e perspectivas sobre a obra da autora que legou verdadeiros clássicos da literatura brasileira, como A paixão segundo G.H., A hora da estrela e Perto do coração selvagem, uma produção permeada de visões filosóficas, arrebatamento e múltiplos sentidos. Para isso, reuniram-se aqui grandes especialistas em diferentes aspectos da escrita clariciana, que reafirmam e atualizam a força dessa autora aberta a novas descobertas de leitoras e leitores de hoje, e do futuro. Como afirma o organizador Júlio Diniz: “Não se pretendia falar de Clarice como um monumento literário, aprisionado a um passado glorioso, nem tratar a sua obra como um arquivo já constituído. Queríamos celebrar a voz viva, presente e potente desta nordestina-ucraniana-judia-carioca-passageira-do-mundo, que marca em definitivo a literatura e a cultura em língua portuguesa no século XX.” Quanto ao futuro, Clarice reúne textos de Ana Kiffer, Antoneli Matos Belli Sinder, Beatriz Damasceno, Elizama Almeida, Evando Nascimento, Florencia Garramuño, João Camillo Penna, Lucia Helena, Lúcia Peixoto Cherem, Magdalena Edwards, Marcela Lanius, Margarida de Souza Neves, Maria Clara Bingemer, Nádia Battella Gotlib, Roberto Corrêa dos Santos, Silviano Santiago, Veronica Stigger, Vilma Arêas e Yudith Rosenbaum. E está publicado pela editora Bazar do Tempo.
 
O tão aguardado romance inédito de Valter Hugo Mãe que se passa no Brasil.
 
Chega ao Brasil o oitavo romance do autor português mais aclamado da atualidade. Em As doenças do Brasil, Valter Hugo Mãe retorna ao gênero após cinco anos e traz uma obra que se passa em solo brasileiro. Com artes de Denilson Baniwa e prefácio de Conceição Evaristo, o livro é uma verdadeira homenagem às pessoas dessa terra: os que aqui já estavam e os que vieram forçados; ambos fogem da fúria que extermina todos aqueles que não consegue escravizar. Ao contrário dos registros históricos sobre a colonização, o livro de Valter Hugo Mãe coloca a pessoa indígena no centro da narrativa, ao contar sob sua ótica percepções sobre a invasão e o genocídio promovido pelo europeu. Para isso, cria uma linguagem, um povo e toda uma visão de mundo com personagens e cenários inesquecíveis, em um romance exuberante e carregado de densidade lírica. O livro é publicado pela Biblioteca Azul.
 
Neste intrépido romance, José Luís Peixoto tem a ousadia de transformar em personagem ninguém menos que José Saramago.
 
Num movimento circular, que brinca todo o tempo com a ideia de ficção e realidade, um jovem autor em início de carreira tem a missão de escrever a biografia de seu mestre, um dos maiores escritores da língua portuguesa. Na Lisboa dos anos 1990, o jovem escritor José vê seu caminho se cruzar inúmeras vezes com o de outro autor, Saramago, depois de ser contratado para escrever sua biografia. Seja em feiras de livros ou reuniões com o próprio biografado, esses encontros são o início de uma história cujas fronteiras entre realidade e ficção se diluem o tempo todo. José Luís Peixoto, considerado pelo autor de Ensaio sobre a cegueira “uma das revelações mais surpreendentes da literatura portuguesa”, acompanha nesta Autobiografia tanto José quanto Saramago, dois personagens distintos mas complementares, que formam o reflexo labiríntico de um jogo de espelhos. Ao explorar os limites entre a vida e a literatura com uma prosa carregada de detalhes e lirismo, e ao mesmo tempo mergulhar fundo nas obsessões, Peixoto constrói intrincada narrativa que leva os leitores a um final inesperado. O livro é publicado pela Companhia das Letras.
 
Com apresentação de Chico Felitti e mais de 80 ilustrações de Pedro Meyer, eis a nova edição Cândido, de Voltaire.
 
Existe uma harmonia no universo? Tudo estará organizado do melhor modo possível? É o que sugere o mestre Pangloss aos moradores do castelo do barão de Thunder-ten-Tronckh. Nos limites da bela propriedade, Cândido, um jovem, recebe instrução moral e filosófica e vive uma vida encantadora. Ao apaixonar-se pela bela Cunegunda e ser flagrado beijando-a entre os bosques da Vestfália, o nobre bastardo é expulso de seu paraíso terrestre e forçado a dar início a uma odisseia na esperança de reencontrar sua amada. Cândido, ao passar por Lisboa, Avicena, Cádiz, Eldorado, Buenos Aires, Paris, Veneza, Constantinopla, é submetido a todo tipo de peripécia e se familiariza com os cantos mais obscuros da alma humana. Publicado em 1759, Cândido ou o otimismo foi um best-seller na Europa do século 18. Com ritmo rápido e humor mordaz, Voltaire fez uma sátira das questões que angustiavam o ser humano da época, e que ecoam até hoje. Divertido e sarcástico, o conto picaresco de Voltaire nos faz refletir sobre a vaidade e a selvageria humanas, a importância de cultivar um espírito crítico e a busca pela felicidade. Esta edição da Antofágica reúne posfácios de Ana Luiza Bedê e Rodrigo Brandão. Pedro Meyer compartilha um texto sobre as artes do livro e Carolina Selvatici compõe um texto sobre a experiência de traduzir o livro da sua vida.
 
PREMIAÇÕES LITERÁRIAS
 
O Prêmio Cervantes 2021 é da escritora uruguaia Cristina Peri Rossi.
 
Cristina Peri Rossi nasceu a 12 de novembro de 1941, em Montevidéu. Depois de censurada e perseguida durante a ditadura militar no seu país, quando teve a circulação da sua obra e até a menção do seu nome nos meios de comunicação proibidas, exilou-se na Espanha e na França e vive desde 1972 em Barcelona. Um dos últimos nomes da chamada geração do Boom Latino-Americano, ela publicou mais de quatro dezenas de obras entre poesia, romance, novela, conto, ensaio — uma carreira que se inicia ainda na década de 1960. Como tradutora, é dela algumas traduções de Clarice Lispector para o espanhol. Sua obra é escassa no Brasil; existiu a publicação de Espaços íntimos, um livro de contos saído pela Editora Gradiva, que circulou por aqui em 2017.
 
EVENTOS
 
Evento sublinha o centenário de José Saramago.
 
A partir do próximo dia 16 de novembro uma extensa agenda em torno da literatura de José Saramago começa a ganhar forma em várias partes do mundo. O célebre escritor, primeiro a receber o Prêmio Nobel de Literatura, é um dos mais quistos dos leitores no Brasil; sua obra é, neste país, uma das mais lidas e estudadas. Há várias maneiras de atestar isso: das reiteradas edições e novas impressões de sua obra pela Companhia das Letras ao conjunto variado de estudos desenvolvidos nas universidades brasileiras. É por uma iniciativa de duas instituições nossas, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), que as celebrações pelo centenário de Saramago principiam. O 2.º Colóquio de Estudos Saramaguianos está com inscrições abertas até o dia 15 de novembro. O evento acontece entre 16 e 18 deste mês e as atividades que reúne inclui mesas, conferências e sorteios de livros. Tudo online e gratuitamente. Detalhes sobre a programação, como se inscrever e participar estão disponíveis neste site e nas redes sociais da Revista de Estudos Saramaguianos
 
DICAS DE LEITURA
 
No passado dia 11 de novembro de 2021 cruzamos com os duzentos anos sobre o nascimento de Fiódor Dostoiévski. O escritor iniciou na literatura com a publicação de Gente pobre em 1846 e findou com Os irmãos Karamázov em 1880. Entre este arco de tempo passou para a história como um dos mais importantes autores da prolífica literatura russa. No Brasil, essa efeméride se marca por um acontecimento valioso: toda sua obra principal está traduzida direto do original, publicada e em circulação. Nas dicas de leitura deste Boletim, resolvemos destacar cinco obras que podem servir ao leitor para conhecer o multifacetado universo estabelecido por Dostoiévski. Destacamos obras de formas variadas.
 
1. Os irmãos Karamázov. Este é um dos cinco grandes romances escritos por Dostoiévski. Os outros são Crime e castigo, O idiota, Os demônios e O adolescente. Como dissemos em nossa conta no Instagram, este romance é apresentado como uma perfeita síntese das inquietações que deram forma a um dos universos literários magistrais da literatura. Aqui estão os principais impasses da natureza humana, tais como a moral e o livre-arbítrio. Este mais os quatro elefantes da obra dostoiévskiana estão traduzidos direto do russo por Paulo Bezerra e publicados pela Editora 34. Para quem não tem medo de mergulhar em livros que transformam uma vida, eis uma porta de grande acesso ao romancista.
 
2. Contos reunidos. A antologia reúne 28 contos, do primeiro ao último texto dessa forma narrativa. A grande maioria desse material ficou inédita entre os leitores brasileiros até 2017, quando o trabalho de uma força tarefa de tradutores coordenada por Fátima Bianchi, também organizadora da coletânea, apresentou este livro. Na descrição sobre a vivência de Dostoiévski na prosa curta, se diz que este é foi seu verdadeiro laboratório de experimentação para o romance. Encontra-se aqui os brotos que resultarão em obras como o citado Os irmãos Karamázov ou o seu mais conhecido romance, Crime e castigo. Contos reunidos está publicado pela Editora 34 e oferece ainda material de suporte para compreender o valor desses textos no desenvolvimento da literatura dostoiévskiana.
 
3. Memórias do subsolo. Dostoiévski foi mestre também na arte da novela. O leitor encontra encantadoras peças do tipo em Um jogador, O sonho de um homem ridículo, Niétotchka Niezvânova, A senhoria e O eterno marido. Este é talvez, com Crime e castigo, seu mais conhecido trabalho ficcional. Considerado um salto entre o incipiente escritor e o de valiosa maturidade, o escritor russo forja aqui uma figura que prenuncia alguns dos conceitos e novos rumos para a história do pensamento, como por exemplo, a construção da ideia de inconsciente por Sigmund Freud. Situado numa região limiar entre a aparência e a verdade, este homem subsolo atira contra tudo e contra todos, implode os modelos estabelecidos revelando a partir de uma consciência niilista a hipocrisia da condição humana com uma sinceridade nunca vista na literatura. A tradução de Boris Schnaiderman está publicada pela Editora 34.
 
4. Escritos da casa morta. Dostoiévski depois de escapar de uma sessão de fuzilamento — estratégia no plano de sustar os prisioneiros acusados de atentar contra a ordem e a moral do Estado — esteve dez anos preso e condenado a trabalhos forçados na Sibéria. Desse período, levantou uma variedade de dados antropológicos que resultaram num amplo e rico painel da vida e dos costumes dos presos encarcerados em Omsk; além de colher situações que rompem quaisquer dos limites alguma vez pensados pela humanidade, o escritor oferece um afresco da psicologia dos indivíduos. Na edição da Editora 34, com tradução de Paulo Bezerra, o leitor encontra rico material de apoio importante para esclarecer algumas minúcias da obra, com alguns textos da época de publicação do livro — entre 1860 e 1862.
 
5. Crônicas de Petersburgo. Este foi um dos trabalhos mais recentes da leva de publicações da obra de Dostoiévski no Brasil. Fátima Bianchi traduz pela primeira vez os escritos redigidos em 1845 para a revista de humor O Trocista, uma das atividades que serviria para a condena que resultou no livro recomendado acima. A coluna ainda alcançou cinco edições entre abril e junho de 1947 e se chamavam exatamente pelo título agora publicado entre nós. “Com um senso de observação fora do comum, o narrador destes folhetins — talvez ‘o único flâneur nascido em solo petersburguense’, diz ele — mergulha intensamente na alma da cidade e de seus moradores, no período que vai do final do inverno à chegada do verão.” — descreve a sinopse oferecida pela Editora 34.
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
1. Vários nomes importantes das nossas artes se desafiam a ler poemas de Melancolia, livro do poeta Carlos Cardoso, vencedor do Prêmio APCA 2019. Entre as gravações, estão as de Patrícia Pillar, Othon Bastos e Marco Ricca. Os vídeos estão disponíveis aqui.

2. No texto sobre o novo livro de Chico Buarque, Os anos de chumbo e outros contos, Pedro Fernandes se referiu ao conto “Ulisses”, escrito pelo ainda jovem para o Suplemento Literário do jornal O estado de São Paulo. O texto de 1966 reaparece no ano seguinte na revista Manchete com algumas notas de Otto Maria Carpeaux, José Condé e Lago Burnett, que chamou o texto de “uma crônica, quase um poema”. Você pode ler esse material aqui.
 
BAÚ DE LETRAS
 
1. A presença de Fiódor Dostoiévski no arquivo do Letras é significativa. Remonta desde alguns anos próximos a origem do blog. A primeira entrada, um recorte biográfico sobre o escritor feito a partir das informações disponibilizadas na incipiente web de então, data de 2009, e segue de alguma maneira o curso da aparição das traduções da sua obra entre nós. Quem se interessar, fizemos um apanhado desses textos neste fio em nosso Twitter.

2. Melancolia, de Carlos Cardoso, foi publicado em 2019 pela editora Record. Na ocasião, o editor do Letras, Pedro Fernandes, escreveu sobre o livro aqui

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