Boletim Letras 360º #431
DO EDITOR
Caro leitor, se você encontrou esta
publicação pela primeira vez, sinta-se em casa. Esta é uma coluna fixa, editada a cada sábado e até
quando for possível, com o interesse de reunir informações
copiadas na página do Letras no Facebook — ou não. Isso começou há 431 semanas, é
novinha em relação a um blog que se encaminha para o baile de quinze anos. À
medida que passa o tempo se criou outras seções — com recomendações variadas,
de livros a leituras aos arredores dos interesses do blog. Obrigado pela companhia!
José Saramago. |
LANÇAMENTOS
Os percursos de Alberto Manguel por sua própria biblioteca.
Grande declaração de amor aos
livros e à leitura, Encaixotando minha biblioteca fala sobre a
importância dos livros em nossa vida e como são fundamentais para o
desenvolvimento da sociedade. No verão de 2015, Alberto Manguel se preparou
para mais uma mudança: ele sairia de sua casa medieval no Loire, na França, e
passaria a morar em um apartamento em Nova York. Sua biblioteca pessoal, com
cerca de 35 mil volumes, teria que ser guardada. Nesse momento, o escritor
começa a relembrar sua relação com os livros e as bibliotecas (públicas e
privadas) que já passaram por sua vida, apresentando aos leitores uma elegia
apaixonada. As reflexões de Manguel variam amplamente, desde as adoráveis
idiossincrasias dos bibliófilos a análises mais profundas de eventos
históricos, como o incêndio da antiga Biblioteca de Alexandria. Com perspicácia
e carinho, o autor ressalta a importância dos livros e seu papel único para uma
sociedade democrática e engajada. A tradução deste livro é de Jorio Dauster e
sai pela Companhia das Letras.
Escritora húngara, descoberta
tardiamente fora de seu país, é lançada pela primeira vez no Brasil com romance
impactante sobre a relação tensa e misteriosa entre duas mulheres.
Uma escritora culta, com uma
relação nebulosa com as autoridades comunistas na Hungria moderna do
pós-Segunda Guerra Mundial, contrata Emerenc ― camponesa, analfabeta,
impassível, bruta e de idade indefinida ― como sua governanta. Emerenc mora
sozinha em uma casa onde ninguém pode passar da porta de entrada, nem mesmo
seus parentes mais próximos. Ela assume o controle do lar da patroa,
tornando-se indispensável, experimentando um tipo de amor ― pelo menos até o
tão desejado sucesso da escritora trazer à tona uma revelação devastadora. A
força sobre-humana de Emerenc, sua disposição para ajudar os outros e
fragmentos de sua biografia dolorosa constroem o mosaico do que parece uma
existência transpassada por segredos. Na relação de dependência desenvolvida
entre as protagonistas se encerram dúvidas e mistérios sobre a personalidade
daquela que personifica um país que já não existe mais. A cada nova informação
sobre a excêntrica governanta, emerge o cenário de uma Hungria ocupada e dividida,
e até a relação de Emerenc com seus pertences é questionada. Teria roubado dos
judeus ou ganhado os bens de uma família judia que ela havia ajudado a fugir?
Quem é essa mulher e por que ela está fechada a qualquer intimidade com seus
patrões? Todas as possibilidades são plausíveis até que as portas, metafóricas
e literais, sejam, por fim, abertas. Em um romance revelado tardiamente ao
grande público, mas muito debatido e elogiado pela crítica, Magda Szabó oferece
uma visão generosa sobre táticas de sobrevivência, sobre tudo o que pode ser
dito no silêncio e sobre o papel da autenticidade na arte e na vida. A porta
tem tradução de Edith Elek é publicado pela Intrínseca.
Pela primeira vez no Brasil, os
leitores terão acesso à poesia de Roberto Bolaño.
A universidade
desconhecida, com poemas reunidos pelo autor antes de sua morte, oferece
um panorama complexo de uma obra encantadora, urgente e radical. Roberto Bolaño
se tornou um fenômeno mundial graças aos seus romances, em especial 2666
e Os detetives selvagens. No entanto, o autor chileno sempre se viu, em
primeiro lugar, como um poeta. Escrevia versos desde cedo, em sua adolescência
no México, onde se aliou a outros jovens sem rumo e formou o grupo infrarrealista.
Em A universidade desconhecida, Bolaño compilou e ordenou poemas
redigidos da juventude à maturidade. Mas só depois de sua morte é que o livro
veio à luz. “Na formação de todo escritor, existe uma universidade desconhecida
que guia seus passos”, escreveu. “Ela não tem sede fixa, é uma universidade
móvel, mas comum a todos.” A universidade desconhecida é muito mais do
que o embrião de suas grandes obras. Os poemas aqui não apenas complementam a
visão de mundo do autor, mas sobrevivem por conta própria pela sua dicção
única, seu senso de melancolia, suas imagens apocalípticas e uma dolorosa
solidão. Com tradução de Josely Vianna Baptista, o livro é publicado pela
Companhia das Letras.
Uma nova reunião com a poesia
completa de Ferreira Gullar.
Toda poesia reúne os
dez livros de poemas de Ferreira Gullar, publicados ao longo de quase sessenta
anos — de A luta corporal, de 1954, até Em alguma parte alguma,
de 2010 —, tendo como base a edição revista pelo próprio poeta. No posfácio
escrito especialmente para este volume, Antonio Cicero destaca a vasta dimensão
da produção do autor de Poema sujo, que inclui “não apenas a beleza, mas
a contingência, a precariedade, a banalidade, a feiura, a morte mesma que fazem
parte essencial dessa experiência”. Com sua obra apaixonante, questionadora e
combativa, Gullar se consagrou como um nome incontornável na poesia de língua
portuguesa e no debate sobre literatura, artes e cultura do país. O livro é
publicado pela Companhia das Letras.
A Fósforo publica dois livros
com ensaios críticos de Vladimir Nabokov.
1. Lições de Literatura.
Após emigrar para os Estado Unidos em 1940, o escritor russo Vladimir
Nabokov encontrou na carreira de professor um meio de garantir a subsistência:
deu aulas de literatura em universidades até que o sucesso literário batesse à
porta com Lolita. Quase quatro décadas depois, os manuscritos dessas aulas
foram reunidos em dois volumes autônomos dedicados aos clássicos da literatura
europeia e russa. Aqui, Nabokov examina os clássicos Mansfield Park, de
Jane Austen; A casa soturna, de Dickens; Madame Bovary, de
Flaubert; O médico e o monstro, de Stevenson; No caminho de Swann,
de Marcel Proust; A metamorfose, de Kafka; e Ulysses, de James
Joyce. “São vidraças coloridas que se abrem sobre sete obras-primas”, diz o
escritor John Updike a respeito dessas extraordinárias aulas de Nabokov, que
tanto ensinam sobre os livros e seus autores quanto revelam sobre os segredos
da arte da escrita. Com tradução de Jorio Dauster, o livro tem introdução de
Fredson Bowers e prefácio de John Updike.
2. Lições de Literatura Russa.
Durante as décadas de 1940 e 1950, o escritor russo Vladimir Nabokov
realizou em universidades americanas uma série de cursos sobre alguns dos
pilares da literatura de seu país: Gógol, Turguêniev, Dostoiévski, Tolstói,
Tchekhov e Górki. Em 1981, as aulas foram reunidas em livro nos Estados Unidos,
graças ao editor Fredson Bowers, que organizou as anotações deixadas pelo autor
de Lolita. Publicadas anteriormente pela editora Três Estrelas e
esgotadas há tempos, essas lições preciosas são agora relançadas pela Fósforo.
Nelas, Nabokov analisa os principais livros e temas dos expoentes da literatura
russa do século 19, bem como seus métodos de criação. O escritor não se furta a
revelar sua admiração por Tolstói e demais predileções: “Aquele que prefere
Dostoiévski ou Górki a Tchekhov nunca será capaz de apreender a essência da
literatura e da vida russas”. Além de desfazer equívocos e chavões sobre a
Rússia e seus autores, Nabokov transforma essas lições em exercícios de
liberdade, opondo-se de maneira implacável e irônica aos dogmas da crítica
literária e às ideologias políticas. A tradução é de Jorio Dauster e o livro
inclui prefácio de Fredson Bowers.
A Penguin-Companhia publica
três títulos das irmãs Brontë com nova tradução e novos aparatos críticos.
1. Jane Eyre, de Charlotte
Brontë. Era outubro de 1847 quando, em Londres, só se falava sobre Jane
Eyre, escrito pelo misterioso Currer Bell (que mais tarde revelou-se pseudônimo
de Charlotte Brontë). Acusado de “jacobinismo moral” por advogar pela
igualdade, o romance foi fortemente debatido pelo circuito literário, bem como
pelos milhares de leitores que conquistou. A vida de Jane Eyre, pobre órfã
condenada a vagar por diferentes casas e famílias até encontrar seu próprio
pouso, emociona leitores há mais de dois séculos, versando sobre a educação de
uma preceptora e os desafios enfrentados por diferentes mulheres do século XIX,
independentemente da posição social em que se encontravam. Com uma maestria
narrativa ímpar sobre poder e conflito, Charlotte Brontë cria aqui um dos romances
mais emblemáticos da língua inglesa, que ultrapassa barreiras ao tocar em
questões universais e atemporais, como ambição, vingança, diferenças sociais e,
claro, amor. Com tradução de Fernanda Abreu, introdução de Stevie Davies e
prefácio de Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos.
2. O morro dos ventos uivantes,
de Emily Brontë. Pego desprevenidamente por uma tempestade, Lockwood, o novo
inquilino da Thrushcross Grange, se vê obrigado a procurar abrigo em Wuthering
Heighs. Lá, ele descobre uma história cheia de rancor e mistério, acontecida
anos antes. A intensa relação entre Heathcliff e os Earnshaw, a traição e a
trama de vingança prendem sua atenção durante sua estadia. Em uma narrativa
cada vez mais envolvente, ele é levado a pensar não só no passado, mas também
no futuro desses personagens. A violência da paixão impossível de Catherine e
Heathcliff, capaz de atravessar o tempo, não tem falhado em cativar a atenção
de leitores apaixonados desde sua publicação. Único romance escrito por Emily
Brontë, O morro dos ventos uivantes é uma obra-prima da literatura, um
livro sobre transgressões, desejos impossíveis e perda da inocência. Com
tradução de Julia Romeu, introdução de Pauline Nestor e prefácio de Cíntia
Schwantes.
3. A inquilina de Wildfell Hall,
de Anna Brontë. Gilbert Markham está intrigado com Helen Graham, a bela e
misteriosa mulher que acabou de se mudar para Wildfell Hall com o filho e sem o
marido. Gilbert é rápido em oferecer amizade, mas, quando o comportamento
recluso da inquilina começa a ser motivo de fofoca na cidade, ele se pergunta o
que mais pode haver na história daquela família. Quando Helen permite que
Gilbert leia seu diário, ele começa a entender os detalhes obscuros de sua
vida, seu casamento desastroso e a situação em que a vizinha se encontra.
Narrado com precisão e carisma, A inquilina de Wildfell Hall é uma
descrição poderosa da luta de uma mulher por independência na Inglaterra
vitoriana. Com tradução de Débora Landsberg e introdução de Stevie Davies.
O guia mais completo de umas
das aventuras mais famosas da fantasia.
Raramente um livro foi tão
amplamente lido e amado como O Hobbit, de J.R.R Tolkien. Desde sua
primeira publicação, em 1937, até os dias de hoje, essa pequena grande história
segue encantando novas gerações de leitores em todo o mundo. Como em todos os
clássicos, a repetição da leitura traz, a cada vez, novos detalhes e
perspectivas para a mente do leitor, e a Terra-média de Tolkien é uma vasta
mina de tesouros e conhecimento, suas raízes mergulhando profundamente no
folclore, na mitologia e na linguagem. O Hobbit é, portanto, um livro
ideal para anotações, pois além de oferecer uma história maravilhosa e
fascinante, ele é a porta de entrada para o mundo ricamente imaginado da
Terra-média. Em O Hobbit Anotado, a já consagrada narrativa de Tolkien é
acompanhada pelas fascinantes anotações de Douglas Anderson, possibilitando ao
leitor se aprofundar, não apenas na própria história, mas no modo como foi
escrita. Além disso, muitas das próprias ilustrações de Tolkien embelezam o
texto, assim como imagens de edições estrangeiras e mapas. O volume contém
ainda, poemas inéditos e detalhes das revisões feitas por Tolkien na primeira
versão do texto publicado, fornecendo um vislumbre incomum e privilegiado das
preocupações de um escritor excepcional e meticuloso. Com tradução de Reinaldo
José Lopes e Guilherme Mazzafera, o livro é publicado pela HarperCollins
Brasil.
O jornalista e escritor
português faz uma investigação íntima e brutalmente honesta sobre os efeitos da
perda da mãe na formação da sua identidade e de seu caráter.
Perto de fazer quarenta anos, Hugo
Gonçalves recebeu o testamento do avô materno dentro de um saco plástico.
Iniciava-se ali uma viagem, geográfica e pela memória, há décadas adiada. O
primeiro destino: a tarde em que recebeu a notícia da morte da mãe, em 1985,
quando regressava da escola primária. Durante mais de um ano, o escritor
procurou pessoas e lugares, resgatando aquilo que o tempo e a fuga o tinham
feito esquecer ou o que nunca soube antes sobre a mãe. Das férias da infância
aos desgovernados anos em Nova York, ele foi recolhendo os estilhaços do luto:
os corredores do hospital, o colégio de padres, uma cicatriz na perna, o escape
do amor romântico, do sexo e das drogas ou uma road trip com o pai e o irmão.
Gonçalves faz um relato biográfico sobre o afeto, as origens, a família e as
dores de crescimento, quando já cruzamos o arco da existência em que deixamos
de fantasiar apenas com o futuro e precisamos enfrentar o passado. E o livro é
também, inevitavelmente, uma homenagem à figura da mãe, ineludível presença ou
ausência nas nossas vidas. Mãe é publicado pela Companhia das Letras.
Um documento sobre um dos
principais centros de resistência do Brasil.
Palmares foi o maior e mais
duradouro assentamento de fugitivos da história da escravidão no Brasil. Os
mocambos, como eram chamados, formaram-se no início do século XVII nas matas do
sul de Pernambuco e resistiram até as primeiras décadas do século XVIII. Seu
líder mais famoso, Zumbi, tornou-se símbolo das lutas pela liberdade no Brasil.
Apesar da importância dos Palmares, os documentos sobre sua história ainda são
pouco estudados. A principal fonte utilizada pelos historiadores é um texto
conhecido como Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco.
Escrita para enaltecer o governador, a descrição do conflito é precedida por
informações sobre a história dos Palmares e da rede de mocambos que ali havia
se formado. A narrativa termina com o acordo de paz negociado entre uma
embaixada palmarista e as autoridades pernambucanas. Em 1859, uma cópia desse
documento foi publicada sem nenhuma informação sobre sua autoria, data de
produção ou localização do original, e poucos se interessaram em saber mais. Guerra
contra Palmares: o manuscrito de 1678 é o resultado de anos de pesquisa da
historiadora Silvia Hunold Lara e do filólogo Phablo Roberto Marchis Fachin, e
traz a transcrição das duas versões seiscentistas desse documento: a da
Biblioteca de Évora e a do Arquivo da Torre do Tombo, cuja descoberta permitiu
corrigir erros e lacunas da versão de 1859. Unindo filologia e história, o
livro analisa o contexto em que o documento foi escrito, fundamenta a
atribuição de sua autoria ao padre Antônio da Silva, e discute como esse texto
foi lido e interpretado pelos historiadores nos séculos XIX e XX. Guerra
contra Palmares: o manuscrito de 1678 contém ainda catorze documentos
inéditos que oferecem uma narrativa alternativa dos acontecimentos retratados. Organizado
por Silvia Hunold Lara e Phablo Roberto Marchis Fachin, o livro é publicado
pela Chão Editora.
Um romance desafiador do polêmico autor libanês, Rachid Al-Daif.
Como em outros livros seus, ele
batiza o protagonista e narrador do romance com seu próprio nome. Rachid, o
personagem, é um libanês recém-casado que se vê ameaçado pela ideia da
emancipação feminina. Ao se dar conta de que sua esposa usa a presença da TV na
casa dos pais como desculpa para ficar longe de casa, Rachid compra uma
televisão na esperança de atraí-la, mas à medida que o laço frágil que une o
casal se desintegra, a televisão passa a ocupar um lugar cada vez maior na sua
vida. Numa cena crucial, ele se vê sozinho assistindo ao filme Kramer versus
Kramer. Na ausência de legendas, Rachid se esforça para entender o que se passa
no filme e projeta o comportamento de sua esposa na personagem vivida por Meryl
Streep, que ao mesmo tempo que o cativa, também o apavora por representar um
esforço de libertação das mulheres que ele considera inaceitável. Rachid
Al-Daif constrói um personagem reacionário, por vezes repulsivo, e não tem medo
de mergulhar na mente desse indivíduo e descrever nua e cruamente sua
mentalidade, inclusive sua vida sexual, real ou imaginada. O livro foi
considerado pornográfico no mundo árabe e obteve um enorme sucesso tanto no
idioma original, como em outros idiomas. A tradução de E quem é Meryl
Streep? é de Felipe Benjamin Francisco. O livro é publicado pela Editora
Tabla.
Como testemunhas privilegiadas,
os irmãos Goncourt fornecem uma inestimável crônica das discussões estéticas e
literárias, da vida mundana de Paris, dos hábitos e princípios da
intelectualidade da época.
Nos dias de hoje o nome Goncourt é
mais conhecido quando se fala do prêmio literário mais importante da França ou
de uma rua e de uma estação de metrô de Paris. Todos eles homenageiam os irmãos
Edmond (1822-1896) e Jules (1830-1870) de Goncourt, inseparáveis na vida e na
literatura, autores de vários romances, dramas teatrais e estudos históricos,
hoje pouco lidos ou encenados, e presença quase infalível nos círculos
literários parisienses na segunda metade do século XIX. Foi na qualidade de observadores e
participantes do mundo das letras que se originou a obra-prima dos Goncourt, Diário
— Memórias da vida literária. Esta edição traz uma seleção dos melhores
trechos da obra, com tradução, organização, notas e introdução de Jorge Bastos.
O Diário, assim como toda a obra dos irmãos, foi escrito em conjunto até
a morte de Jules, vitimado pela sífilis. “É a nossa confissão de cada noite”,
afirma Edmond no prefácio. Por tristeza e solidão, Edmond chegou a pensar em
interrompê-lo, mas retomou a escrita por considerar que ambos formavam “um
único eu”, de personalidades diferentes, mas com a mesma visão do mundo. “Nosso esforço foi o de tentar levar nossos
contemporâneos à posteridade”, informa Edmond. Um esforço muito bem-sucedido,
como o passar do tempo mostrou. Ao Diário comparecem, em retratos muitas
vezes íntimos, os representantes de uma das épocas mais férteis da história da
literatura: Gustave Flaubert, Victor Hugo, Théophile Gautier, Alexandre Dumas
pai e filho, Charles Baudelaire, Émile Zola, Guy de Maupassant, Alphonse Daudet
e Stéphane Mallarmé, além do russo Ivan Turguêniev, para citar alguns dos mais
conhecidos. Estão presentes ainda figuras de outras áreas, como o pintor Edgar
Degas e o neurologista Jean-Martin Charcot, mestre de Sigmund Freud. Eles
surgem à vontade e com a língua solta em jantares no restaurante Magny e
encontros na casa da princesa Mathilde, prima do imperador Napoleão III,
alternadamente presidente e imperador da França. Como testemunhas
privilegiadas, os irmãos Goncourt fornecem uma inestimável crônica das
discussões estéticas e literárias, da vida mundana de Paris, dos hábitos e
princípios da intelectualidade da época, dos prostíbulos e bordéis, da chocante
misoginia e da visão da elite sobre os acontecimentos políticos de uma época de
revoluções e descobertas — o fonógrafo, a fotografia instantânea e a máquina de
escrever provocam espanto e encantamento nos autores. Nove volumes dos diários
foram publicados em vida por Edmond, que pretendeu divulgar apenas as “verdades
agradáveis”. Mesmo assim, amigos dos Goncourt protestaram contra menções a seus
nomes que julgaram ofensivas. A fofoca e a maledicência encontram terreno
fértil nas anotações do Diário, como ficou mais do que evidente quando
elas vieram a público na íntegra, 50 anos depois da morte de Edmond, por
determinação testamentária. Flaubert, um dos amigos mais frequentes na casa dos
irmãos, “tem um espírito grosseirão e empastado, como o corpo”. Para eles,
“falta charme à sua expansividade bovina”. Sobre Victor Hugo, os Goncourt dizem
que “tem ambição de se dizer pensador” mas o que mais lhe falta é pensamento.
Nem o Todo-Poderoso escapa das opiniões demolidoras dos irmãos: “As estações do
ano são tão mal adaptadas e é tão descompassado tudo que ficou a cargo da
Providência que, se Deus fosse um rei constitucional, nunca haveria de montar
um ministério que se sustentasse”. Vários trechos do Diário são pura
diversão, como nas anedotas sobre personagens da intelectualidade francesa. Uma
delas descreve o filósofo Auguste Comte, pai do positivismo, racional e ateu,
fugindo de um cemitério com medo de fantasma. Mas há também a presença da
agonia e da morte, a começar pela depauperação de Jules e, conforme o tempo
avança, pela despedida de muitos dos amigos célebres dos irmãos. Frequentemente
esnobes e amarguradas, as anotações dos Goncourt voltam repetidamente à
repercussão de suas obras, ora ignoradas, ora demolidas pelos críticos. No
entanto, eles continuam produzindo copiosamente, convictos de que são artistas
excepcionais e revolucionários, atribuindo a si mesmos a criação do naturalismo
na literatura. “Os críticos podem falar à vontade de Zola, mas não podem negar
que meu irmão e eu tenhamos sido os são João Batista da sensibilidade moderna”,
afirma Edmond. A tradução de Jorge Bastos é publicada pela Carambaia.
Esta edição bilíngue apresenta
uma ótima amostragem da poesia de Charles Simic e ainda traz três textos em
prosa que revelam o Simic ensaísta e memorialista, não menos importante que o
poeta.
Nascido na Iugoslávia, Simic
emigrou para os Estados Unidos na adolescência e se tornou um dos poetas mais
importantes de língua inglesa da atualidade. Segundo Regina Przybycien, “como
Joseph Conrad e Vladimir Nabokov haviam feito no romance, Simic fez da língua
inglesa a sua pátria, encontrou nela a sua voz poética, uma voz com sotaque,
que fala de vivências e sofrências em mundos diferentes: as do menino sérvio de
uma Europa Oriental varrida pelas tempestades da História e as do homem adulto
que sente o pulsar das grandes cidades da América nas quais para muitos a
promessa do grande sonho americano não se cumprira. Simic mostra uma
preferência e simpatia por personagens bizarras, outsiders em um mundo
incompreensível e às vezes hostil”. O livro é publicado pela editora 7 Letras.
Reunião póstuma de textos de
prosa e ensaios apresentam uma belíssima amostra da obra de um dos maiores
escritores do século XX.
Esta última coletânea de escritos
de W. G. Sebald, morto precoce e abruptamente em 2001, oferece reflexões
profundas sobre muitos temas comuns na obra do autor, como o poder da memória e
da história pessoal, as ligações entre imagens na vida e na arte ou a presença
de espectros em lugares e objetos. O livro abre com alguns textos que prestam
homenagem à Córsega, costurando o passado e o presente com elegância, e
examinando, entre outras coisas, o efeito constitutivo da ilha no seu cidadão
mais ilustre, Napoleão Bonaparte. Na segunda parte, composta de ensaios, Sebald
examina, por exemplo, como as obras de Günter Grass e Heinrich Böll revelam a
dificuldade dos alemães em lidar com o luto no pós-guerra; ou como Kafka faz
eco do próprio interesse de Sebald pelas presenças fantasmagóricas entre os
mortais; e como a literatura pode ser uma tentativa de restituição das
injustiças do mundo real. Nabokov, Jean Améry, Peter Handke estão entre os que
recebem uma leitura rica do escritor. Deslumbrante na sua erudição e acessível
na sua profunda sensibilidade, este livro póstumo confirma Sebald como um dos
grandes escritores modernos, que desvendou e expressou as muitas conexões
invisíveis que determinam as nossas vidas. Campo santo tem tradução de
Kristina Michahelles e é publicado pela Companhia das Letras.
Em seu romance de estreia, a
autora reúne personagens bem construídas, que atravessam momentos-chave da vida
com coragem e sensibilidade.
Domingo, o dia da semana
tradicionalmente dedicado ao descanso, é também um estado de espírito, lugar de
conforto ou dor, acolhida ou solidão. Neste livro, Ana Lis Soares condensa nas
narrativas das sete “personagens- -ilhas” a grandeza subjacente aos rituais
simples e rotineiros dos domingos. São sete trajetórias que se tangenciam para
formar um romance autêntico e precioso, em que, ao longo das horas de um
domingo, tais personagens tecem reflexões, lidam com perdas, elaboram
dificuldades e alegrias e percebem, no sofrimento ou no êxtase, a epifania de
estar vivo. Das bem traçadas linhas de Soares nascem Beatriz, que atravessa o
dia imersa em lembranças e desejos, sobretudo o de se reconectar com a filha,
Amanda; Bárbara, artista plástica fascinante, viva no corpo e no pensamento de
seu companheiro José; Sofia, que, prestes a dar à luz, se dedica a se
reconciliar com a memória do pai ausente; a adolescente Isabella, que lida com
o divórcio dos pais sem perder a ternura na relação com a avó, sua maior joia;
Omolara, que na força da ancestralidade buscou a ponderação para criar os
sobrinhos e se acalenta a cada conquista dos dois; Antônia, mãe de oito, avó de
seis, um coração pleno de amor e marcado pela crueza do assassinato de um
filho; Carolina, jovem enfermeira, que se fortalece para dar fim a um
relacionamento abusivo. Neste entrelaçamento de caminhos,
o movimento cíclico da vida, a passagem do tempo, a superação, o amor. Em um
dia pacato, como o domingo, uma existência inteira. Domingo é publicado
pela editora Instante.
Ao trazer a morte da mãe para o
centro deste relato, Noemi Jaffe, uma das principais vozes da literatura
brasileira, expõe de forma brutal as feridas do luto e o que é possível fazer
para vivê-lo.
Em fevereiro de 2020, aos 93 anos,
falece Lili, sobrevivente do Holocausto, mãe de três filhas e viúva. Sua doença
vinha se estendendo há tempos, mas isso não faz com que a dor de sua partida
seja menor. A banalidade da causa, “uma infecção nos pés”, é confrontada com um
sentimento de descrença. Como é possível que aquela que sempre esteve presente
não exista mais? Com domínio narrativo único e uma honestidade perturbadora,
Noemi Jaffe relata os primeiros dias após a perda da mãe, indo fundo em suas
lembranças e seus anseios para produzir uma história sobre a morte, mas também
sobre o que fica depois dela. Lili é publicado pela Companhia das
Letras.
Publicado originalmente em
1951, este segundo romance de Shirley Jackson é um thriller psicológico macabro
que retrata como poucos o medo da solidão e da própria consciência.
Natalie Waite tem dezessete anos e
só pensa em sair logo da casa dos pais e entrar na universidade; ela sonha em
ser livre. Seu pai é um escritor cheio de si, bastante dominador quando se
trata de Natalie e sua mãe. Contudo, quando a menina finalmente consegue ir
para a faculdade, as coisas não se desenrolam como o planejado e ela não
encontra a felicidade que tanto desejava. Pouco a pouco, todas as certezas de
Natalie evaporam, e ela não é mais capaz de compreender onde termina a
realidade e onde começa sua sombria alucinação. Inspirado pelo desaparecimento
de uma estudante universitária que vivia perto da casa de Shirley Jackson, O
Homem da Forca conta uma história assombrosa e inquietante sobre loucura e
obsessão. A tradução é de Débora Landsberg e é publicada pela Companhia das
Letras.
O novo título da coleção Arte
da Novela, publicada pela Grua Livros é A metamorfose, de Franz
Kafka.
Ao despertar certa manhã de sonhos
intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um
assombroso inseto. Este começo sem preâmbulos é dos mais famosos, impactantes e
influentes da literatura universal. Não é exagero dizer que é um divisor de
águas, transformando irreversivelmente o modo de se fazer literatura. Gregor
Samsa, um jovem sem vida social e sem férias, é um caixeiro viajante que
trabalha para sustentar os pais e sua irmã Greta, a quem sonha enviar para o
Conservatório para estudar violino. Ele acorda certo dia e percebe que está
transformado num inseto cheio de perninhas que não sabe bem controlar, um corpo
com uma casca grossa marrom, umas antenas que ele não sabe para que servem. Não
há drama, e ele pensa apenas que está atrasado para pegar o trem que jamais
havia perdido. Por seu atraso, perguntam do lado de fora do seu quarto se ele
está bem, mas sua voz em resposta é incompreensível para os outros. Quando é
visto pelo gerente da firma, que vai procurá-lo em casa, e pela família, em sua
nova condição, a estrutura familiar da qual é arrimo se altera drasticamente. A
metamorfose, publicado em 1915, é um marco não apenas na literatura, mas
nas artes, tendo influenciado o movimento surrealista, o teatro do absurdo,
além de inúmeros escritores. A nova tradução é de Bruno Gambarotto.
O novo romance de Natalia
Borges Polesso.
Segundo romance da ganhadora do
prêmio Jabuti Natalia Borges Polesso, A extinção das abelhas é uma
exploração profunda sobre a solidão. Uma história brutal sobre uma mulher, um
gato e um mundo em colapso. “As pessoas vão embora, e isso é uma realidade.”
Assim começa o novo livro de Natalia Borges Polesso. Nele, conhecemos a
história de Regina: depois de ser abandonada pela mãe, ela foi criada apenas
pelo pai, que faleceu quando a garota começava a entrar na vida adulta. As
vizinhas, Eugênia e Denise, cuidam dela como podem, oferecendo afeto, dinheiro
e uma vida em família que lhe faz falta. O círculo se completa com Aline, filha
do casal e amiga-irmã de Regina. Sua perspectiva de mudar de vida é diminuta.
Ao ver um anúncio na internet sobre camgirls, Regina decide tentar a
sorte. Então cobre a cabeça com uma máscara de gorila e encarna um lado seu que
não conhecia. Ao se expor para desconhecidos na câmera e revolver os desejos e
vergonhas desses homens, ela se defronta com os próprios sentimentos, fantasmas
há muito enterrados em seu inconsciente. Ao criar um universo que é tão
distópico quanto real, com uma galeria de personagens impressionantes que vão
da tragicômica velhinha Dona Norma à corajosa Aline, a autora de Controle
confirma seu domínio narrativo e constrói uma história sobre o colapso, mas
também sobre salvação. O livro é publicado pela Companhia das Letras.
Um relato memorialístico
pungente e sensível sobre ancestralidade, feminismo e antirracismo na criação
de filhos.
No mais pessoal e delicado de seus
livros, a filósofa Djamila Ribeiro revisita sua infância e adolescência para
discutir temas como ancestralidade negra e os desafios de criar filhos numa
sociedade racista. O relato se dá na forma de cartas a sua saudosa avó Antônia —
carinhosa e amorosa, conhecedora de ervas curativas e benzedeira muito
requisitada. A cumplicidade que sempre houve entre avó e neta é o que permite
que a autora rememore episódios difíceis, como a perda do pai e da mãe, as
agressões que sofreu como mulher negra no Brasil e os desafios para integrar a
vida acadêmica. Djamila também fala de relacionamentos amorosos e experiências
profissionais, das músicas, das leituras e das amizades que a acompanharam em
sua construção pessoal — e da percepção paulatina de que a memória das lutas e
das conquistas das pessoas negras que vieram antes de nós é a força que nos
permite seguir adiante.
REEDIÇÕES
Edição reúne livros da última fase da obra de Hilda Hilst.
Em 1989, inconformada com a
recepção de seus livros, Hilda Hilst afirmou que Amavisse marcava sua
despedida: “Não vou publicar mais nada, porque considerei um desaforo o
silêncio.” Mais tarde, o volume se consagraria como um dos títulos mais
celebrados de sua obra e seria incorporado à coletânea Do desejo, em
1992. A trajetória de Hilda na poesia se encerraria de fato poucos anos depois,
em 1995. Este volume inclui a produção final da poeta: Amavisse, Via
espessa, Via vazia, Alcoólicas, Do desejo, Da noite
e Cantares do sem nome e de partidas. Em tom metafísico, os versos
abordam a passagem do tempo, o fim do amor, os planos que não se concretizam,
as barcas afundadas, a proximidade da morte: “Há de viver na paisagem da
mente // Como a distância habita em certos pássaros / Como o poeta habita nas
ardências.”
EVENTO
Uma vasta programação para um
escritor cada vez maior.
Entre 16 de novembro de 2021 e 16
de novembro de 2022, uma vasta programação assinala o centenário de José
Saramago. A fundação que leva o nome do escritor português divulgou o que está
em curso em seis diferentes eixos: o da biografia; da leitura; das publicações;
e das atividades acadêmicas. Em todas, há contribuições conduzidas por
instituições, leitores e pesquisadores de várias partes do mundo. Do Brasil, há
várias ações em destaque. A realização do II Colóquio de Estudos Saramaguianos
(evento online entre os dias 16 e 18 de novembro deste ano organizado a partir
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Federal
Fluminense); e eventos na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul, na Universidade do Pará e na Universidade Federal do Paraná (em junho,
agosto e setembro de 2022, respectivamente). A Editora da UFPA prepara
publicação de um livro com textos de doutrina literária e social de José
Saramago, organizado pelo professor e comissário para o centenário Carlos Reis;
e a Revista de Estudos Saramaguianos prepara duas edições especiais para 2022.
Para saber todas as atividades, recomendamos visitar o site da Fundação José
Saramago aqui.
DICAS DE LEITURA
Chegamos à primeira metade de 2021.
E repetiremos a dose do que fizemos no ano anterior nesta seção de
recomendações de leitura: destacaremos alguns títulos que apareceram neste semestre
que precisamos acrescentar (por aqui já acrescentamos)
ao nosso radar de interesses. Começaremos com os títulos de poesia e no boletim
seguinte chegaremos à prosa.
1. Poemas (2006-2014), de
Louise Glück. Parece indispensável —
ainda que estas indicações não sigam um ranking — começarmos por este livro. Há
um esforço notável de todos os envolvidos na cadeia do livro em tornar acessível
a obra da escritora Prêmio Nobel de Literatura 2020 entre nós; como se sabe,
até agora, só tínhamos notícia de poemas esparsos publicados em revistas, blogs
e sites, como aqui no Letras na seleção proposta pelo nosso colunista
Pedro Belo Clara em tradução portuguesa, por onde a poesia de Glück tem sido
publicada com uma constância maior e primeira que no Brasil. Na edição apresentada
pela Companhia das Letras, o leitor encontrará os três dos primeiros livros da poeta
estadunidense e também os seus mais importantes: Averno (2006), Uma
via no interior (2009) e Noite fiel e virtuosa (2014). Um trabalho
de tradução de Heloisa Jahn, Bruna Beber e Marília Garcia.
2. A rosa de ninguém, de
Paul Celan. O livro tem tudo para integrar a lista das mais importantes traduções
deste ano: é um dos principais títulos de um dos nomes de relevo da poesia
alemã e estava há muito na lista de espera de muitos leitores. O poeta nascido
na Romênia começa a burilar os textos incluídos aqui ainda em 1958 e trabalha
pelo menos cinco anos até que venha a público — uma obra feita, nos dizeres da
sinopse de divulgação produzida pela Editora 34, casa que traz o livro até nós,
de uma língua decantada, atravessada pelo trauma e reforjada nas sombras e no
silêncio. A tradução brasileira é de Mauricio Mendonça Cardozo.
3. Meu anjo da guarda tem medo
do escuro, de Charles Simic. Recentemente outra antologia reunindo textos
de formas diversas do escritor sérvio também foi anunciada — Mestre dos disfarces,
pela editora 7 Letras como mencionado mais acima. Mas, esta se recomenda
ficou como a primeira que reúne entre nós uma amostra do trabalho de Simic. Organizada e traduzida por Ricardo Rizzo, autor também de um prefácio para
a antologia, aqui estão textos tocados pela “inescrutabilidade da vida cotidiana”
e pelas “observações de caráter metafísico”, repetindo os termos expressos na
sinopse oferecida pela editora Todavia, casa que publica este livro.
4. Risque esta palavra, de
Ana Martins Marques. Olhemos aos nossos arredores: Brasil afora multiplicam-se
de mil maneiras a aparição de novos livros e de muitos (alguns pretensos)
poetas. Um dos destaques, poderá ser repetir o óbvio e comum, está na
reaparição de Ana Martins Marques. Neste livro, “com clareza, inquietação e
extrema habilidade”, a poeta “mapeia os encontros e desencontros,
a paixão e o luto”. O livro é publicado pela Companhia das Letras; e a casa
editorial reeditou, junto com este, outro título da poeta mineira que estava
previsto desde antes do estourar da pandemia que agora atravessamos — A vida
submarina.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. Recomendamos nas Dicas de
Leitura a antologia com três livros de Louise Glück. A mesma casa editorial que
publica agora esta obra disponibilizada gratuitamente: o discurso de recepção ao
Prêmio Nobel de literatura em 2020. Neste texto, a poeta lembra que começou a
gostar de poesia quando tinha seis ou sete anos, numa época em que, sozinha,
brincava de promover competições para eleger “o melhor poema do mundo”. Ainda
na infância, Glück notou que um poema confirma sua força quando o leitor tem a
sensação de que a sua participação é crucial para que os versos se realizem. É
como se a voz íntima do poeta enfim alcançasse seu destinatário: “Os poemas que
mais ardentemente me atraíram ao longo de toda a minha vida são os […] de
escolha íntima ou de convergência, poemas para os quais o ouvinte ou leitor faz
uma contribuição essencial, como receptor de uma confidência ou de um protesto,
às vezes como cúmplice em uma conspiração.” Disponível aqui.
2. O site Literatura Br abriu um
projeto de publicar uma antologia aberta a poetas. A ideia conjuga dois
interesses: revelar poetas e assegurar a manutenção do site. Para saber todos
os detalhes e como colaborar com o financiamento da publicação visita aqui.
BAÚ DE LETRAS
1. No dia 13 de junho, Dia de
Santo Antônio, na tradição luso-brasileira, nasceu Fernando Pessoa. Destacar a
presença do poeta neste blog, seria, reservar toda uma edição deste Boletim. Fica,
para curiosidade do leitor, a tarefa de se aventurar pelos nossos labirintos e achar
coisas e mais coisas; para agora, destacamos três textos, bastante frequentado
pelos leitores: este pequeno perfil; este texto acerca do pensamento político
do poeta; e este sobre sua vivência com marketing da proibida Coca-Cola em
Portugal.
2. Claro, não deixaríamos de sublinhar
a data de hoje, 12 de junho, convencionado para esses lados como Dia dos
Namorados. Destacamos do nosso baú, duas posts: esta lista com treze livros que
trazem como elemento central uma história de amor — de todas as formas; e este texto de Ian McEwan sobre o tema que traduzimos em 2019.
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