Boletim Letras 360º #425
DO EDITOR
1. Caro leitor, espero que você esteja, dentro do possível, são
e seguro. A seguir, estão as notícias apresentadas durante a semana na página
do blog no Facebook e o conteúdo das demais seções de leitura criadas em
momento posterior à existência deste Boletim. Reitero os agradecimentos pela
companhia do nosso trabalho. Boas leituras!
Nona Fernández. Foto: Massimiliano Minocri. Obra da escritora chilena chega ao Brasil. |
LANÇAMENTOS
As cores para um perfil sobre Paul Cézanne.
Em seus últimos anos de vida,
recluso em Aix-en-Provence, no sul da França, e dedicando todas as suas
energias à pintura, Paul Cézanne (1839-1906) vive uma das mais belas, profundas
e vigorosas aventuras da arte moderna, influindo de maneira decisiva no rumo
das artes plásticas do século XX e descortinando possibilidades que, ainda
hoje, estão longe de terem se esgotado. Michael Doran, pesquisador do
prestigioso Courtauld Institute, de Londres, coligiu, comparou, reuniu e
anotou, em Conversas com Cézanne, os principais testemunhos daqueles que
conviveram com o pintor entre 1894 e 1906, e registraram não só a forma e o
conteúdo de suas conversas, a veemência de seus pontos de vista, a
originalidade de suas concepções, mas também seu cotidiano, seus hábitos e
idiossincrasias, seus procedimentos diante do motivo pictórico e até a
ordenação das cores em sua paleta. Por meio de cartas, artigos de jornal,
relatos de conversas e ensaios críticos e biográficos, Conversas com Cézanne
traça o retrato vivo de um gênio ao mesmo tempo emotivo e arredio, ardente e
cerebral, dado a explosões de cólera ou de generosidade, com um amor desmedido
à vida e à pintura. A um só tempo sábio, decidido, mas profundamente
desconfiado de si e dos outros, “o Cézanne que emerge destas conversas e
testemunhos é” — no dizer de Paulo Pasta que assina o posfácio deste livro ―,
sem dúvida alguma, “a figura excepcional da pintura moderna”. Com tradução de
Julia Vidile e texto de posfácio de Paulo Pasta, o livro é publicado pela
Editora 34.
Livro vencedor do Women’s Prize for Fiction 2018 com tradução inédita no Brasil.
Isma é a irmã mais velha. Aos 19
anos, com a morte da mãe, passou a olhar pelos irmãos menores, os gêmeos Aneeka
e Parvaiz, muito ligados entre si. Ingleses muçulmanos de ascendência
paquistanesa, eles moram na periferia de Londres. As irmãs usam hijab, um
tecido ao redor da cabeça que cobre as orelhas, pescoço e o cabelo. Aos 28
anos, Isma decide pela realização de seu projeto pessoal e se muda para cursar
doutorado nos Estados Unidos. A bela e irriquieta Aneeka, então com 19 anos,
estuda direito com bolsa de estudos na prestigiosa LSE. Parvaiz, que trabalha
como ajudante em uma quitanda e com um gravador sai a recolher os sons do
mundo, é recrutado pelo Estado Islâmico. Sai em busca do legado daquele pai
ausente que não conheceu, um jihadista que morreu enquanto era transporta do a Guantánamo,
prisão norte-americana na ilha de Cuba. Nos Estados Unidos, Isma trava amizade
com Eamonn, filho do deputado do parlamento britânico Karamat Lone, que se
torna Ministro do Interior. Karamat vive o conflito interno entre sua origem e
sua ocidentalização e britanismo autoimposto, que considera seu legado. De
volta à Londres, Eamonn leva uma encomenda para a família de Isma e conhece
Aneeka, por quem fica completamente encantado. Nacionalismo e cidadania são um
privilégio, não um direito de nascença, nesta história em que se acompanha não
apenas a devastação de duas famílias, mas também tocantes histórias de amor
incondicional e sacrifícios. Entre irmãos, entre pai e filho, entre amantes. Ao
adaptar a tragédia Antígona, de Sófocles, para Inglaterra contemporânea,
Kamila Shamsie construiu um romance pujante e arrebatador, vencedor do Women’s Prize for Fiction 2018. Lar em chamas é traduzido por Lilian
Jenkino e publicado pela Grua Livros.
A estreia no Brasil de uma das
mais prestigiosas ficcionistas chilenas da atualidade.
Em fins de 2019, a poeta e cantora
Patti Smith em turnê no Brasil realizou um encontro público no Sesc-Pompeia, em
São Paulo, no qual falou sobre suas paixões, inspirações e também de suas
leituras. Era a primeira vez em que eu ouvia falar em Nona Fernández, uma das
mais prestigiosas ficcionistas chilenas da atualidade, e em Space Invaders,
agora traduzido pela Editora Moinhos. Movida pelo entusiasmo de Patti e pelo
desejo de conhecer a obra de Fernández, não sosseguei até ter um exemplar dessa
novela e fui surpreendida por uma narrativa não apenas inventiva e de grande
refinamento estético, mas que agregando contundência e leveza (entendida aqui
como o valor proposto por Italo Calvino em suas lições) fala das profundas
marcas da ditadura de Pinochet ainda hoje e em como o ato violento é um petardo
altamente destrutivo lançado em direção ao futuro. Alinhado a outras obras de
ficção sobre a memória da ditadura, Space Invaders é uma história de
afeto pessoal e de afecção política e trata do que há de residual e
fragmentário na memória infantil, como um artefato de várias camadas ou um
jogo, como o próprio título evoca, entre a objetividade e dureza do real e a
subjetividade em fricção com o vivido, o imaginado, e o sonho. É com alegria
que saúdo essa edição e a chegada de Nona Fernández para os leitores
brasileiros. (Micheliny Verunschk) Com tradução de Silvia Massimini Felix, o
livro é publicado pela Editora Moinhos.
E esse interesse
literário-artístico pelo assassinato?
Crimes de assassinato sempre
despertam a curiosidade pela torpeza, motivações e características que envolvem
os fatos e as investigações. Muitas vezes, chamam a atenção os procedimentos
minuciosos ou as circunstâncias inesperadas que os envolvem. O assassinato
como obra de arte total foi organizado e traduzido pelo estudioso de
literatura Alcebiades Diniz Miguel, reunindo narrativas brilhantes de alguns
casos. Em seu Posfácio, o tradutor discute esse tipo de evento, seus fetiches e
a arte de contá-los com arte. Dividida em duas partes, a primeira, “A teoria”,
traz os três famosos ensaios de Thomas De Quincey sobre os crimes da Ratcliff
Highway em Londres, “Do assassinato como uma das Belas-Artes”, que tanto
influenciaram outros escritores, principalmente Edgar Allan Poe, menos pela
ironia e mais pela análise fria, detetivesca mesmo, da cena e do modus operandi
do perpetrador. Na segunda parte, “A prática”, um conto de José Fernández
Bremón (“Um crime científico”), outro de Guillaume Apollinaire (“O marinheiro
de Amsterdã”) e a série de artigos de Robert Desnos (“Jack, o Estripador”)
mostram como a semente lançada por De Quincey germinou, dando origem a
diferentes frutos. Que o leitor prove desses frutos sem se preocupar, pois não
se trata aqui de lutar com monstros, ou se deixar seduzir por eles, mas do ato
mais inegavelmente humano: buscar sentido nas coisas, mesmo em uma carnificina,
transformando a informação fria e a especulação sensacionalista dos jornais em
arte literária. O livro é publicado pela Editora Perspectiva.
Numa escrita ágil, nas crônicas
Dostoiévski combina uma ironia afiada e um lirismo comovedor.
Há muitas maneiras de ler este
livro. Uma delas é reconhecer no texto que Dostoiévski redigiu na juventude
para anunciar a revista de humor O Trocista (logo interditada pela
censura) e nos folhetins publicados no jornal Notícias de São Petersburgo,
em 1847, alguns traços de estilo — a dicção veloz, a mescla de registros, a
aguda análise psicológica — que mais tarde se tornariam marcas inconfundíveis
do autor de Crime e castigo. Outra é simplesmente se deliciar com estas Crônicas
de Petersburgo e se deixar levar pelas mãos do genial escritor, que
apresenta ao leitor a sua cidade. Como diz Fátima Bianchi, professora da
Universidade de São Paulo, que traduziu e apresenta este volume, Petersburgo
aqui não é apenas o lugar da ação, mas sim a grande protagonista. Com um senso
de observação fora do comum, o narrador destes folhetins — talvez “o único
flâneur nascido em solo petersburguense”, diz ele — mergulha intensamente na
alma da cidade e de seus moradores, no período que vai do final do inverno à
chegada do verão. Numa escrita ágil, que combina uma ironia afiada e um lirismo
comovedor, Dostoiévski nos introduz a uma metrópole caótica, inconstante,
repleta de construções incongruentes, uma verdadeira miscelânea, mas onde, “em
compensação, tudo é vida e movimento”. O livro é publicado pela Editora 34.
A chegada ao Brasil da obra da
escritora boliviana Giovanna Rivero.
O ruído da terra estrangeira, o
fantástico e o macabro emaranhados no cotidiano, a crueldade de que só a
família é capaz. Tramas de vingança e reconciliação circundam o abismo da morte
e do trauma, em uma prosa intrépida e sensível, que extrai do dia a dia uma
beleza brutal. Os seis contos longos que compõem a estreia em livro no Brasil
da boliviana Giovanna Rivero são um chamado a outras vidas possíveis; expurgo e
oração. Com textos de Carola Saavedra e
Paloma Franca Amorim, tradução de Laura del Rey, Terra fresca da sua tumba
é o primeiro livro da autora lançado no Brasil, em coedição das editoras
Incompleta e Jandaíra.
O livro de estreia do poeta
Jonas Leite.
Quem anseia vivenciar a
experiência literária do tempo entrega-se ao desafio de abstrair a essência de
tudo. É uma abstração que não permite a reprodução de sentidos infalíveis, mas
uma condição subjetiva e experimental que faz brotar efeitos muito sutis.
Talvez, ensaiar esses efeitos só seja mesmo possível poeticamente. Itinerário
do Tempo consegue provocar essas sensações de forma muito peculiar, pois o
tempo aqui tanto pode parecer o que encerra a sua costumeira designação quanto
pode se apresentar como um contínuo desafio de qualquer condição estabelecida.
As primeiras palavras da obra, que versam sobre a cor cinza do dia emulando as
estrelas da noite, parecem, portanto, ser uma condição do poeta e de sua
relação com esse tempo. É nesse sentido que, como sugere o próprio título, a
obra causa uma extasiada sensação de movimento, como se, em cada verso,
existisse um caminho, um “feixe de luz” qualquer, capaz de nos provocar uma
série de impressões, frutos da experiência do eu lírico e de sua relação com o
meio que observa. Nessa relação, não há nada que seja absoluto, até porque a
sensatez do poeta, que reconhece no tempo a sua primeira musa, está na
sagacidade de transcender, com a escolha das palavras, aquilo que está posto.
Mas é também um fato que esse mesmo poeta acaba por aceitar, por vezes, a
condição exterior, resignando-se. Assim, a expressão de um sentimento que
parece beirar a frustração não significa por si um desalento, mas a simples
manifestação de um acontecimento. Essa leva de sensações causadas pelos versos
da primeira parte se faz ainda mais desconcertante quando chegamos à noite dos
ébrios. A partir desse momento, o poeta apresenta a sua segunda musa, e as
linhas dos poemas vão se adentrando cada vez mais em um erotismo inesperado.
Daí em diante, o que vivenciamos com a leitura é uma espécie de êxtase
ilusório, em que a experiência real se confunde com os desejos e a imaginação
do poeta. Nesse jogo, há um certo consagrar do outro que acaba sendo muitas
vezes descompassado pela imposição do eu, e, no final, talvez sejam apenas os
versos que vençam. Por fim, o dualismo sensorial é a peculiaridade mais
estarrecedora de Itinerário do Tempo, pois a relação do eu com o outro e
a experiência do tempo qualitativo (interior) e do tempo quantitativo
(exterior) nos conduzem a esse caminho sem uma direção fixa, mas não
completamente sem rumo. Ou seja, mesmo que o tempo pareça nos oferecer um
espaço para as vontades e intenções, ele, por fim, há de se revelar inelutável.
(Iá Niani) O livro é publicado pela editora Pedro & João Editores.
Livro reúne quase todos os
contos de B. Kucinski.
Nestes últimos dez anos, B.
Kucinski tornou-se um nome central da produção literária contemporânea. Foi
finalista dos prêmios Portugal Telecom e São Paulo de Literatura de 2012 e
também, em 2015, o Prêmio Jabuti com o livro de contos Você vai voltar pra
mim e outros contos, publicado pela extinta editora Cosac Naify. A
cicatriz e outras histórias traz todos os contos de Você vai voltar pra
mim, organizados de forma independente dentro do livro. Há outras cinco
partes, organizadas tematicamente: I. Histórias dos anos de chumbo, II.
Instantâneos, III. Outras histórias, IV. Kafkianas, V. Judaicas. Ao todo, são
pouco mais de uma centena de contos, em que B. Kucinski revela-se um escritor
que domina completamente o gênero. Nos debates em torno do gênero, um paralelismo
com a luta de boxe, apresentado pelo escritor argentino Julio Cortázar, é hoje
incontornável para a apreciação de um bom conto. Segundo esse paralelo, o
romance seria a expressão de vitória por pontos, o conto seria a da conquista
por nocaute. Se, em ambos os casos, o escritor está diante de uma luta, há
também um adversário, que aceita, voluntariamente, participar dessa luta: o
leitor. O escritor de contos que não nocauteia o leitor é um fracassado; o
leitor, por outro lado, que crê ter vencido um escritor, ou seja, que não
termina essas leituras com o gosto amargo de ter sido jogado ao chão da
realidade ou da reflexão, é igualmente um derrotado. A agressividade
estilística de B. Kucinski se movimenta, como também acontece a escritora Lygia
Fagundes Telles, igualmente bem nas lutas curtas do conto ou nos combates mais
longos do romance. Aqui, no entanto, o leitor vai entrar num ringue em que,
logo no início, sentirá a tensão de que o nocaute pode vir a qualquer momento.
A objetividade de B. Kucinski, no entanto, pode dar ao leitor a falsa ilusão de
que resistirá ao combate. A cicatriz e outras histórias é a terceira
obra de B. Kucinski publicada pela editora Alameda. O autor lançou pela casa A
nova ordem (2019) e Júlia (2020).
Novo título na publicação obra de Oduvaldo Vianna Filho.
Luiz Vivacqua é sociólogo, mas trabalha em uma agência de publicidade dirigindo filmes dos mais diversos produtos cotidianos. Certa madrugada, transtornado pela substituição de seu colega de trabalho na agência, bem como pelas condições de sua vida pessoal — casamento iminente, frustração como criador de propagandas e pouca credibilidade em seu ofício —, ele passa a proferir um longo monólogo em torno da crise sobre seus próximos passos. Regado a álcool e cocaína, faz diversos telefonemas para seus conhecidos e suas ex-amantes, tenta se conectar com outras pessoas via radioamador, grita da janela, canta e se debate com questões do contexto político-econômico brasileiro da época e com suas escolhas pequeno-burguesas. A edição da Temporal para Corpo a corpo contém texto de apresentação da professora e pesquisadora Maria Sílvia Betti (org.), posfácio de Rosangela Patriota, docente da Universidade Presbitariana Mackenzie, fichas técnicas das apresentações profissionais da peça, fotografias da montagem de 1995 realizada pelo grupo TAPA, em São Paulo, além de sugestões de leitura a respeito da obra do autor.
REEDIÇÕES
Nova edição da monumental obra
de Octavio de Faria.
Assim, com um pé nesse mundo novo
e outro no antigo, travava-se para essas almas a luta decisiva — esse combate
ingrato que quase sempre revestia um aspecto ridículo e deformante da
verdadeira realidade. Nos últimos anos do colégio, Ivo, Roberto e Carlos
Eduardo despertam para esse novo mundo de sensações e sentimentos em meio a uma
sociedade em que o pecado da carne se faz medida de afirmação do homem, e em
que impera a miséria moral. Cada um dos jovens trava a seu modo o combate
contra o apelo da natureza, contra aqueles processos subterrâneos que, lenta e
silenciosamente, transformam as primeiras paixões em desejo cego e repulsivo,
que os guiam ao tortuoso labirinto do pecado. Um escolhe trilhar o áspero
caminho da castidade; outro, entrega-se à vida devassa dos prazeres insaciáveis
da carne; um último, defronta-se com o abismo do desespero. Mundo dos mortos
é o primeiro livro da reconhecida série formada por treze romances e intitulada
“Tragédia burguesa”. É também a Magnum Opus de Octavio de Faria. O livro
é publicado pela editora Sétimo Selo.
DICAS DE LEITURA
A edição passada deste Boletim
Letras 360.º, findou por abrir algum caminho para os três livros aqui recomendados.
Não por alguma relação com o tema ou o conteúdo dos livros então indicados, mas
pelo valor e capricho editorial. São eles:
1. Carlos & Mário.
Correspondência de Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Dois
nomes dois mais importantes do nosso modernismo, esses dois tiveram mais em
comum que o sobrenome. É com o escritor paulista que o iniciante mineiro vai se
consultar para falar sobre sua obra; dali se desenvolveu um convívio
interessantíssimo. E todo ele foi rastreado pelas conversas por cartas nesta
edição organizada por Lélia Coelho Frota. O material recolhido não é apenas
alinhavado pelas presenças dos textos, mas por um rico trabalho de contextualização,
inclusive visual. Publicada pela editora Bem-Te-Vi, com prefácio e notas de
Silviano Santiago, esta é uma das edições indispensáveis para qualquer leitor
interessado na literatura brasileira.
2. Enciclopédia negra. Este
livro foi organizado por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz.
É, sem dúvidas, aos interessados em conhecer algo a mais dos silêncios da nossa
história, um trabalho fundamental. Porta de acesso para se buscar novos
caminhos que agora se tornam ainda mais urgentes. Os 416 verbetes que formam um
painel sobre mais de cinco centenas de personagens são ilustrados pelas mãos de
um grupo também amplo de artistas. Publicação da Companhia das Letras.
3. Viagem pitoresca e histórica
ao Brasil, de Jean-Baptiste Debret. A edição mais recente deste trabalho é
a publicada pela editora da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Reúne a iconografia completa da Missão Artística Francesa de 1817 que
documentou aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira. São
mais de uma centena de litogravuras do acervo da Biblioteca Nacional completada
com a coleção da Chácara do Céu. Esse material se completa com um conjunto de
textos escritos por Debret e forma uma crônica acerca de alguns temas
fundamentais para uma compreensão do nosso país durante o império: eventos
políticos, costumes de época, a arquitetura do Rio de Janeiro, a paisagem do
Brasil, e os múltiplos grupos que formavam a sociedade de então.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. No verão de 1952, os poetas
John Ashbery, Frank O’Hara e James Schuyler colaboraram com os diretores
Harrison Starr e John Latouche num curta em homenagem à pintora Jane
Freilicher, amiga em comum do grupo. Uma versão preliminar do filme Presenting
Jane Freilicher, teve estreia a 25 de fevereiro de 1953, no Theatre de Lys
em Nova York, acompanhada pela leitura ao vivo de um roteiro de James Schuyler.
A trilha sonora do filme nunca foi concluída e o filme permaneceu desaparecido
até 2013, quando foi redescoberto — junto com os outtakes — pela
biógrafa de Ashbery, Karin Roffman, graças à inestimável ajuda de Harssion
Starr. Veja o curta e os outtakes aqui.
2. Os registros do interesse de
Roberto Bolaño em ser poeta — e reconhecido como tal — estão em várias partes.
E o escritor chileno, autor de alguns dos mais importantes romances da
literatura chilena, também escreveu poesia. Esta semana, marco do seu
aniversário, a Revista 7faces recomendou esta post no seu blog com a tradução
para quatro poemas de Bolaño.
3. Neste mais de um ano de
necessário isolamento social, multiplicaram-se os projetos de conversas online
através das redes sociais. Um deles, coordenado por Alê Griot, recebe no seu Instagram
figuras apaixonadas pelos livros e pela leitura. Chama-se “Não me apresse que
eu estou lendo”. No dia 30 de abril de 2021, a partir das 19h, ele entrevista o
editor do Letras, Pedro Fernandes. A conversa ficou registrada aqui.
4. O livro de estreia do poeta
Jonas Leite, Itinerário do tempo, publicado pela Pedro & João
Editores e anunciado na primeira parte deste Boletim está disponível também em
versão eletrônica gratuitamente aqui.
BAÚ DE LETRAS
E para continuar o embalo com a
recordação sobre o aniversário de Roberto Bolaño, três entradas no blog em
torno de outras três datas natalícias passadas durante a semana:
1. No dia 30 de abril de 1883, nasceu o escritor Jaroslav
Hašek. No blog, este breve perfil sobre o autor de As aventuras do bom
soldado Švejk.
2. No dia 29 de abril de 1863, nasceu Konstantinos Kaváfis.
No blog, este breve perfil sobre o poeta, acompanhado de um conjunto de poemas.
3. No mesmo dia 29 de abril, mas
em 1936, e em Buenos Aires, nasceu Alejandra Pizarnik. Uma busca pelo nome da
poeta argentina em nosso blog levará o leitor a várias publicações sobre sua
obra e algumas das questões em torno de seu universo criativo. Destacamos duas:
esta, a mais recente, uma leitura sobre o poema “Encontro”; e esta outra, a
mais antiga, notas para um perfil biográfico sobre Alejandra.
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