Quando Tchekhov saiu à procura do inferno
Por Andrea Calamari
Anton Tchekhov tinha trinta anos, uma
credencial de jornalista, popularidade como escritor e os pulmões em parte destruídos
pela tuberculose quando partiu para uma viagem à Ilha de Sacalina, uma colônia penitenciária
situada no lugar mais inóspito e hostil da Rússia.
“Fazia muito tempo que não bebia
champanhe.” As últimas palavras de Anton Tchekhov são famosas, sua penúltima
frase teria sido pronunciada em alemão: Ich sterbe, “Estou morrendo”.
Cada biógrafo conta a cena de uma maneira diferente, o mesmo acontece com Olga
Knipper em suas memórias, a atriz com quem ele se casou há três anos e o médico
que chegou já tarde ao quarto de um hotel alemão. A versão que mais gosto é a
de Raymond Carver, porque não é verdade. Carver era um admirador de Tchekhov e,
num livro de contos, escreveu um — “Três rosas amarelas” — que traz o russo
como protagonista e conta sobre essa noite. Com a literatura acontecem essas
coisas e agora existem biografias que incluem detalhes sobre Tchekhov morrendo
de tuberculose que estão apenas nesse. Carregam a evidência dada pela ficção.
Certa vez, quando estava em Nice,
um editor pediu-lhe que escrevesse um conto “sobre um assunto tomado da vida no
exterior”; queria uma crônica de viagem, algumas notas ou comentários do grande
escritor russo, mas ele recusou a proposta com um argumento que define sua literatura:
“Só posso escrever de memória, nunca escrevo diretamente de vida observada.” A
esposa e o médico estavam naquela sala e viram os acontecimentos, Carver
escreveu de memória.
Anton Tchekhov nasceu há quarenta
e quatro anos no Império Russo, há vinte anos cospe sangue e agora acaba de
morrer em um quarto de hotel no Império alemão, aonde chegou na esperança de
superar os ataques de tosse com banhos termais. Todos sabiam que seus dias
estavam contados.
Sempre foi uma personagem tchekhoviana:
é possível ver suas ações, aí estão suas histórias e todas as cartas que
escreveu, mas não sabemos mais nada, só isso; nos contos de Tchekhov não
conhecemos as motivações das personagens, ele fez da concisão um estilo. Quando
já era um escritor reconhecido, o editor V. A. Tikhonov pediu-lhe que
escrevesse uma autobiografia para sua revista e a resposta de Tchekhov se
resumiu em cerca de duzentas palavras nas quais ele mostra algumas coisas: seu
diploma de médico, as histórias que escreveu e nada mais; porque o que é
importante, como em qualquer história de Tchekhov, é o que não é dito. Em
outras ocasiões, resumia ainda mais sua autobiografia: dizia que sua vida se
dividia em duas etapas, entre a hora em que o pai batia nele e a hora em que
ele parou de fazer isso.
Tchekhov dizia que, para escrever,
não é preciso ter medo de parecer idiota. Os biógrafos procuram em suas notas e
cartas as motivações do escritor (por que ele permaneceu solteiro a maior parte
de sua vida, qual era o verdadeiro relacionamento que ele mantinha com sua
esposa, por que eles viviam separados, como ele se dava com seus amigos, o
quanto ele admirava ou não a escrita de Tolstói), algo que Tchekhov lembra em
cada uma de suas personagens. Como se fosse uma delas, quando tinha trinta
anos, fama como escritor e uma tuberculose que o revirava na cama por dias a
fio, Anton Tchekhov, sem motivo aparente, decidiu cruzar o continente e fazer
mais de seis mil quilômetros em uma viagem incômoda, inútil, improvável, até a
ilha de Sacalina.
Numa narrativa, a vida de um homem
pode ser resumida em algumas cenas; a de Tchekhov poderia ser a de sua morte e
aquela viagem a Sacalina.
Sacalina é uma larga e comprida
ilha que se estende acima do Japão, como se fosse sua continuação para o norte,
interrompida pelo mar. Pertenceu à China, pertenceu ao Japão, foi disputada e compartilhada,
mas agora pertence aos russos, embora nos mapas japoneses ainda apareça como “terra
de ninguém”. A verdade é que desde 1875 o Império Russo está no comando e
transformou o território numa grande colônia penal: o clima e a geografia são
as grandes barreiras. “Em uma ilha separada do continente por um mar
tempestuoso, não parecia difícil encontrar uma grande prisão.” Sacalina é um
lugar impossível; já diz a lenda: quando os russos ocuparam a ilha e começaram
a maltratar seus habitantes nativos — os guilakos — um xamã a amaldiçoou,
declarando que nenhum lucro sairia dela.
Tchekhov sempre dizia que gostava
de andar sozinho, as mulheres o cobiçavam, mas ele, no caso de se casar, só o
faria se tivesse a garantia de que cada um dos dois poderia continuar a viver
como antes. Com Olga ele conseguirá isso, mas ainda faltam anos para
conhecê-la, agora se prepara para ir aos confins de um império exaurido mas ainda
persistente. Precisava de uma desculpa e usa seu diploma de médico para obter
autorização da Direção Geral das Prisões para viajar por interesses científicos
e literários: ele observará as condições de vida, fará um censo, falará com a
população local e depois escreverá um livro. Ninguém sabe por que ele decidiu por
essa viagem, nada tem lógica: tem fama, uma boa posição econômica e está doente
há anos e clima de destino vai matá-lo. A resposta dele é que agia assim porque
queria mudar.
Os preparativos para a viagem
haviam demorado mais de um ano: consultou obras e documentos, leu códigos,
regulamentos, artigos de jornais, memórias de viajantes; leu a história e
geografia da ilha, também comprou um mapa. “Passo o dia inteiro sentado, leio e
tomo notas. Na cabeça e no papel não há nada, apenas Sacalina”. Contam que,
enquanto preparava a viagem, um artista (N. é como o chamam) quis acompanhá-lo,
mas Tchekhov, já disse, gosta de viajar sozinho, diz que é a única forma
concebível de viajar e pede ajuda a um amigo afastar o pretendente: “Não tive
coragem de negar-lhe minha companhia, mas viajar com ele seria um verdadeiro
problema. Seja meu benfeitor, diga a N. que sou um bêbado, um vigarista, um
niilista, um brigão, que é impossível viajar comigo, que uma viagem em minha
companhia só o aborreceria”.
Em 21 de abril de 1890, Anton Tchekhov
embarca em um trem em Moscou com uma bagagem que inclui agasalhos, mapas e
notas sobre a ilha e sua maleta de médico. Depois o trem, virão trechos em
carruagens, barcos e a pé. O que no Saara é o deserto ou na Antártica é a neve,
na Sibéria é a taiga: um emaranhado de galhos, água e frio que não permitem
avançar adiante.
Em alguns meses chegará a Sacalina
e se tornará a única pessoa a ir para lá por sua própria vontade. O lugar é
digno da maldição do xamã: os passos dos condenados arrastando suas correntes,
as carroças com cavalos, os prisioneiros acorrentados a carrinhos de mão, os
trabalhos forçados na floresta, as tentativas de fuga para lugar nenhum,
crianças acorrentadas, mulheres livres que se trancam com seus homens, meninas
prostituídas, exilados, funcionários; além da fome, os percevejos, as pragas, a
miséria e o clima.
Anton Tchekhov com a família e amigos no ano quando partiu para Sacalina, 1890. |
Mas em Sacalina não há clima,
apenas mau tempo. Tchekhov diz que quando a natureza criou aquele lugar, “o que
menos tinha em mente eram os seres humanos e seu bem-estar”¹. As aldeias não
parecem assim: “Os habitantes locais constituem uma desordenada massa de
russos, poloneses, finlandeses e georgianos, famintos e esfarrapados, reunidos
ao acaso e contra a própria vontade, como depois de um naufrágio.” Todos são
pessoas que parecem desnecessárias, como se tivessem sobrado de algum outro
lugar.
Dois anos antes da viagem, em
1888, havia publicado seu primeiro grande sucesso, uma novela: A estepe,
uma história que se passa em uma época de extremo calor e seca. Enquanto
escrevia, refletia sobre sua própria escrita — o que fez durante toda a sua
vida em suas anotações e em suas cartas — porque não conseguia encontrar o tom
e se lamentava por não dizer tudo o que deveria dizer, mas sente que não pode
escrever de outra forma. Tchekhov vai descobrir que a objetividade é sua forma
de escrever: isso que chamam de estilo. Tem medo de não ser levado a sério como
escritor, embora já seja um profissional que vive do que ganha por seus contos.
Sempre dizia que a medicina era sua esposa e a literatura sua amante, porém se
dedicava profissionalmente à escrita e tratava os enfermos nas horas vagas. Contam
que quando chegava a sua casa de campo — passava muito tempo em Moscou e São
Petersburgo — fazia levantar uma bandeira para que todos soubessem que o médico
havia voltado e atendia gratuitamente aos pacientes que vinham ao seu encontro.
Quando foi para Sacalina,
entretanto, preferiu levar sua esposa com ele e não sua amante; embora tivesse
a intenção de escrever um livro sobre a viagem, não ia fazer literatura com
isso, sua formação científica ia prevalecer. Por isso não opta pela ficção: a
contundência do lugar o impedirá de fazer literatura.
Entre julho e outubro de 1890, percorre
e conhece a ilha, que também é uma prisão; conversa com prisioneiros, oficiais,
colonos, soldados, aborígenes; escreve sobre geografia, clima, flora, fauna,
história, higiene, alimentação, educação, religião. Também faz um censo que
ninguém lhe pediu para fazer: completa cerca de 150 fichas por dia em jornadas
de catorze horas por dia.
Fala com
todos: em meio disso descobre as formas de organizar o lugar, aprende que
quando os presos terminarem sua pena passam a ser colonos, anos depois serão
donos e depois camponeses; também que todos sonham em voltar ao continente e
que só o poderão fazer se tiverem uma conduta impecável e não tiverem dívidas
com o Estado (mas ninguém consegue deixar de dever a um Estado onipresente):
quase ninguém consegue autorização. As mulheres que chegam “em sua maioria, são
mulheres de temperamento forte, condenadas por crimes passionais e de caráter
conjugal” e se distribuem entre os homens levando em consideração a juventude e
a beleza. Eles as mostram como uma mercadoria: “A mulher é designada para a
casa de tal colono, em tal povoado, e se realiza o casamento civil”.
Em Sacalina, existem duas
instituições subsidiárias: a prisão e a colônia. A Rússia precisa dos
prisioneiros para colonizar e povoar aquele lugar, então “A prisão abriu mão
por completo das mulheres forçadas em favor da colônia. Ao levarem mulheres para
a ilha, não pensam em castigos nem em regeneração, mas apenas na sua capacidade
de ter filhos e de executar trabalhos agrícolas.” Tchekhov diz que na ilha as
mulheres têm lugar “inferior até mesmo a um animal doméstico” e que o pior
castigo que elas recebem (pior do que a fome, pior do que a tuberculose, pior
do que percevejos) são seus concubinos. “Em vista da enorme demanda, nem a
velhice nem a feiura nem mesmo a sífilis, na forma terciária, impedem que
alguém trabalhe na prostituição. Tampouco a idade precoce representa um
obstáculo.”
A prisão de Sacalina é muitas
prisões. Existe, por exemplo, as de Duê: a mais antiga, a mais suja, a mais pobre,
a mais perigosa. Aí, quando reina o silêncio, você pode ouvir o canto do “excêntrico
de Duê”, um prisioneiro que, desde a sua chegada, se recusa a trabalhar nas
minas de uma empresa com sede em São Petersburgo e não há punição, cela escura,
ou açoite que o tenha demovido: “Apesar de tudo, não vou trabalhar”, foi-lhe
ouvido dizer e no final os guardas o deixaram em paz. Agora, o excêntrico de Duê,
anda pelas ruas e canta. Ele vai tomar nota de tudo e depois escrever seu livro
porque Tchekhov quer que todos no continente saibam o que a Rússia faz com os
exilados neste lugar “onde a fuga não passaria de um sonho.”
Dos obstáculos que devem ser
superados para uma fuga, o mais terrível não é o mar, antes há a intransponível
taiga, o nevoeiro, os ursos, a fome, os mosquitos, o inverno: um homem mal
alimentado e exausto pela vida na prisão não dá para percorrer mais de cinco
quilômetros por dia sem saber para onde ir. A maioria dos fugitivos morre
algumas semanas depois, esgotados. Outros voltam com suas últimas forças e
imploram para serem encontrados por um vigilante. Por que eles continuam
fugindo? “A causa que impele o criminoso a procurar a salvação na fuga e não no
trabalho ou no arrependimento se encontra, de modo especial, na consciência da
vida, que, nele, não adormeceu.” Se alguém é um homem, não pode deixar de ter
desejos de fugir, diz Chekhov. O prisioneiro Altukhóv está na casa dos sessenta
anos e seu procedimento de fuga é conhecido: pega um pedaço de pão e se afasta
cerca de quinhentos metros do posto da guarda. Quando chega a uma colina, ele
se senta olhando para o horizonte e volta depois de alguns dias. Anos atrás, era
açoitado toda vez que voltava, mas agora não mais. Ele não é o único que foge
sem fugir: alguns gozam de uma liberdade por um mês, uma semana, outros só
podem passar um dia. Não pode ser pior, parecem estar dizendo, e depois fogem
porque ninguém pode tirar isso deles. “Olho para a margem do outro lado e dá a impressão
de que, seu eu fosse um forçado, fugiria de lá a qualquer preço, a todo custo”,
escreve Tchekhov.
Anton Tchekhov com funcionários do governo, ao sul de Sacalina, 1890. |
Na ilha, a autoridade policial
administra tanto a justiça quanto a punição, que são realizadas após um breve
exame médico que determina quantas chicotadas o preso em questão pode suportar.
Tchekhov pede para ver uma punição: serão noventa chicotadas; quando vão para o
número quarenta e três, ele sente que não pode continuar a ver, sai para
recuperar o fôlego, volta a entrar, volta a sair e outra vez a entrar. “Enfim,
noventa”, escreve ele. “Isso é pelo homicídio. Depois, pela fuga, vai ter mais
— me explicam quando voltamos para casa.”
Depois de três meses na ilha, ele
inicia um retorno que o levará oito meses: retornará de barco dando a volta
pelo Oceano Índico. Anton Tchekhov percorreu em poucos meses uma distância
equivalente à metade do círculo terrestre em todos os tipos de transportes em
condições duvidosas para um intelectual tuberculoso que se movia como um herói
de ação. Embora todos ao seu redor o tenham alertado sobre os riscos de um
projeto suicida, ele disse que essa “viagem ao inferno” havia melhorado a saúde.
“É uma coisa estranha. Tanto na viagem de ida para Sacalina quanto na viagem de
volta me senti perfeitamente bem, mas agora, em casa, o diabo é quem sabe o que
está acontecendo comigo”.
Retornou à vida entre o campo e a
cidade, aos acessos de tosse e à escrita. O livro de viagens demorou a
aparecer: entre 1893 e 1894 publicou pequenas crônicas em um jornal e no ano
seguinte publicou o livro A ilha de Sacalina. Notas de viagem, sobre o
qual não guardava nenhuma expectativa literária: via-o como um tratado em
ciências naturais e sociais. A verdade é que moldá-lo consumiu mais de cinco
anos de escrita para um homem que resolvia suas histórias em questão de dias.
A explicação é que era o livro de
um cientista e não de um literato. Não fez arte com isso: deu lugar à
contundência da realidade e tornou-se servo das coisas do mundo que, para Tchekhov,
não são aquelas usadas para fazer literatura. Isso é raro, porque o desprezo
pela lírica em seus contos pode nos fazer acreditar que a matéria-prima de sua
obra é a realidade, mas o cerne de seus textos está nas elipses, nessas
histórias que, como ele queria, não têm enredo nem final e parecem começar na
segunda página.
A escrita de contos levava algumas
semanas, as peças de teatro, alguns meses (“ah, por que escrevi teatro”, lamentava),
com Sacalina ele quer contar tudo e a escrita exige dele anos. O que nas suas
ficções mostra com poucas pinceladas muito precisas, na sua reportagem sobre a ilha
toma páginas e páginas porque pensa em leitores específicos: aqueles que não
querem — e deveriam — ver o que o Estado russo fazia com esses condenados que envia todo ano a Sacalina, esse inferno.
Este é o seu único livro de não-ficção e definitivamente não é o mais famoso de seus trabalhos, tampouco
saberemos o quanto a viagem influenciou sua vida porque o cronista se limitou a
contar os fatos. O ano da sua publicação foi também o ano da sua capitulação à
ideia do casamento. Havia decidido se casar, ainda não sabe com quem, mas sabe
como deve ser uma mulher para ele. Tem trinta e cinco anos, faltam três para ir
ao encontro de sua futura esposa e escreve a um amigo:
“Tudo bem, se você quer, vou me
casar. Mas com as seguintes condições: tudo deve ficar como antes, ou seja, ela
terá que morar em Moscou e eu no campo; eu cuidarei de visitá-la. Não suporto
esse tipo de felicidade que dura dia após dia, de uma manhã para a outra.
Quando alguém fala comigo um dia e outro sobre as mesmas coisas e no mesmo tom
de voz, tenho raiva... Prometo ser um marido maravilhoso, mas me dê uma mulher
que, como a lua, não apareça todos os dias em meu céu.”
Como se fosse uma biografia
encomendada, o que sabemos da vida de Tchekhov poderia ser resumido em cerca de
duzentas palavras:
Seu pai lhe deu grandes surras e só
parou quando se tornou chefe de família graças ao seu trabalho como médico e
escrevendo histórias engraçadas sob um pseudônimo. Sua letra era pequena. Confiava
no progresso, dizia que o problema com a Rússia é que é um país sem fatos, mas
cheio de opiniões. Deixava suas personagens sozinhas, dando-lhes sua própria
voz. Não os julgava. Nunca escreveu moralismos. Tossiu e cuspiu sangue por mais
de vinte anos, viajou para a Ilha Sacalina e contou ao mundo o que viu em um
livro que lhe custou mais trabalho do que qualquer outra linha que escreveu na
vida (tinha obrigação com a verdade). Tolstói o admirava e dizia que ele
caminhava como uma menina, as mulheres o seguiam, se casou secretamente com uma
atriz e na maioria das vezes havia milhares de quilômetros entre eles.
Olga está com ele em um quarto de
hotel, o médico que o trata o conhece de suas obras e agora está ao pé de sua
cama, ouvindo-o delirar: diz algo sobre alguns marinheiros e os japoneses
(talvez se lembre das disputas por causa Sacalina). Poucos minutos depois diz
que está morrendo, sua voz é frágil, não sabemos se ele ouve e entende quando o
médico pega o telefone para pedir uma garrafa de champanhe e três taças. Antes
de morrer, antes de dar o último suspiro, antes de se deitar de lado, antes de
tomar um gole, antes de levar a taça aos lábios, ele diz: “Fazia muito tempo
que não bebia champanhe.”
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Notas:
¹ Todas as citações de A ilha de Sacalina são as da tradução de Rubens Figueiredo publicada pela editora Todavia em 2018.
* Este texto é a tradução de “Cuando Chéjov salió a buscar el infierno”, publicado aqui, em Jot Down.
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