Boletim Letras 360º #419
DO EDITOR
1. Saudações, caro leitor! O
assunto terrível que tornamos público nesta sexta-feira, 19 de março de 2021, foi
outro ataque disparado contra este blog. Desde há algum tempo os leitores sabem
das reiteradas mensagens de ódio enviadas contra obras e autores. Desta vez, a
ideia saiu da escrita para a ação de invadir, adulterar e deletar publicações.
2. O problema foi verificado. E
desde há dois dias que o trabalho tem sido o de comparar textos com as versões
salvas nos backups e restituir o que foi deturpado ou apagado. É um trabalho
lento para duas mãos com um tempo muito exíguo. Mas, saiba, será contornada a
situação.
3. Desde já, aproveito este espaço
para, em nome do Letras, agradecer a todos que escreveram seu apoio e
seus votos de força pelo trabalho aqui desenvolvido, em meio a um país integralmente
dilacerado pela dor da morte, pelo imperativo do ódio gratuito e pela agonia da
ignorância. Muito obrigado!
4. Abaixo, as notícias apresentadas
durante a semana na página do blog no Facebook e o conteúdo das demais seções
de leitura criadas em momento posterior à existência deste Boletim. Obrigado
também pela companhia nesta longa travessia. Boas leituras!
Ambrose Bierce. Foto: Arquivo Bettmann. |
LANÇAMENTOS
Um livro reúne mais de duas
dezenas dos melhores contos de Ambrose Bierce.
Grande contista da literatura de
todos os tempos, narrador multifacetado e muitas vezes genial, Ambrose Bierce,
desaparecido há mais de um século, ainda não tinha sido apresentado ao leitor
brasileiro num volume que contemplasse os primeiros passos, o desenvolvimento e
as máximas alturas de sua obra ficcional. A antologia A estrada enluarada e
outras histórias reúne 21 das melhores criações do autor. Estão aqui não
apenas os contos célebres e frequentemente antologizados, como “Uma ocorrência
na ponte de Owl Creek” e “Chickamauga”, mas também algumas joias inéditas em
tradução brasileira, como “D.T.” e “O pavor de Pernicketty”; não apenas os
contos de terror e de guerra, mas também as narrativas que passeiam pela ficção
científica, pelo mistério policial, pela fábula, pela filosofia, pela
psicologia, pela poesia, pelo humor e até mesmo pelo amor. Acima de tudo,
aparecem em cada página o que Bierce considerava os três fundamentos essenciais
da arte literária: a imaginação, a imaginação e a imaginação.
Novo livro de Carlos Cardoso
entre o que há de melhor na poesia brasileira contemporânea.
Nesta reunião de poemas, que
incluem textos do início da produção literária do autor, Carlos Cardoso mostra
sua força no contraste entre a poética da depuração e do verso discursivo,
alinhavando referências religiosas e sacrílegas para criar uma poesia do
despojamento, transparente, descalça. Da apresentação de Italo Moriconi: “Sol
descalço nos permite descortinar as fontes mais originárias da
sensibilidade poética de Carlos. Se Melancolia evidenciava maturidade técnica e
temática, composta por um corpo orgânico de poemas em torno do tema-título e
das metáforas que o representavam (a principal sendo a figura da pedra), o presente
volume é mais como um palimpsesto, em que podem ser discernidas camadas
diferentes da evolução do poeta. Um poeta que não luta com as palavras, como
Drummond. Apega-se a elas como boias salvadoras em pleno perigo de naufrágio.
Temos aqui uma poesia rascante, sem concessões ao sentimentalismo banal, mas
que não deixa de mirar o amor.” E, ainda, nas palavras de Marco Lucchesi, que
assina o texto de orelha: “Sol descalço reúne uma diversidade
concentrada de tendências que confirma, uma vez mais, o percurso atento e
sensível de um sol intenso e delicado.” O livro é publicado pela editora
Record.
Romance publicado no ano da
morte de Romain Gary ganha tradução no Brasil.
Apesar da popularidade, Romain
Gary foi por muito tempo mais lido na França do que em outros países. Era como
se sua obra fosse uma joia nacional que os estrangeiros demoraram a descobrir.
Alguns de seus livros só recentemente foram traduzidos para o inglês. O mesmo
aconteceu no Brasil, onde a redescoberta de sua obra teve início há pouco
tempo. As pipas foi publicado no ano da morte do autor, em 1980. Mesmo
sendo o último de uma vasta galeria de romances, preserva intactos os atributos
que garantiram a fama do escritor: a delicadeza do olhar infantil, a capacidade
de contar uma grande história por meio de dramas cotidianos, a força poética
das imagens, o carisma dos personagens. Ludo é um menino que cresce em uma
pequena fazenda na Normandia sob os cuidados de seu tio, um fabricante de
pipas. Numa propriedade aristocrática perto dali, passava os verões a jovem
polonesa Lila, por quem Ludo se apaixona. O livro acompanha a trajetória dessa
dupla improvável em meio à eclosão da Segunda Guerra. Com personagens que
apostam tudo na luta para manter vivas as esperanças, As pipas é o apelo
poético de Romain Gary a toda forma de resistência. Ele próprio um herói de
guerra, dedicou parte importante de sua vida à tentativa de dar forma ficcional
à tragédia da Europa conflagrada e descobrir o lirismo por trás da barbárie.
Como este livro atesta à perfeição, ele conseguiu. A tradução é de Júlia da
Rosa Simões; o livro é publicado no Brasil pela editora Todavia.
Nova edição e tradução de um
dos textos mais lembrados de Nikolai Gógol.
E se, um belo dia ao acordar, você
não encontrasse mais o seu nariz? Em uma manhã como qualquer outra, um
barbeiro, conhecido pela quantidade de sangue que faz jorrar do rosto de sua
clientela, toma seu café da manhã. Ao afundar a faca sobre um pão recém-assado,
encontra um ingrediente que não estava na receita: um nariz. Do outro lado da
cidade, seu cliente, o assessor colegial Kovaliov, acorda e dá de cara com uma
panqueca. Não em seu prato, infelizmente — trata-se de seu próprio rosto no
espelho, liso como uma massa corrida, carente de qualquer resquício de um
nariz. Publicado em 1836, O nariz reúne o que há de mais marcante na
escrita de Nikolai Gógol: a comédia, a cultura popular, a sátira política e a
crítica à burocracia. A insólita história de um duplo, permeada pelo
fantástico, absurdo e pelo grotesco, tem como cenário a fria e burocrática
cidade de São Petersburgo. A nova edição da Antofágica ganhou notas e nova
tradução direta do russo por Lucas Simone e ilustrações de Nicholas Steinmetz.
Com apresentação de Tamy Ghannam e posfácios assinados por Raquel Toledo e Inti
Queiroz.
Novo livro do poeta Mahmud
Darwich no Brasil.
Onze astros reúne seis
longos poemas de Mahmud Darwich e foi publicado originalmente em árabe em 1992,
pela editora Al-Awda, de Beirute. A pátria ocupada e a nação usurpada pelo
invasor estrangeiro, o exílio interno de quem se vê desterritorializado dentro
do próprio país, ou o exílio de quem se encontra fora da terra natal, são
alguns dos temas presentes nos poemas de Onze astros. Darwich foi o poeta mais
popular e proeminente do mundo árabe, admirado também em muitos países onde sua
obra foi traduzida. Era considerado o poeta nacional da Palestina. A tradução
de Michel Sleiman é publicada pela editora Tabla.
O novo romance de Diego
Kullmann.
Em Naufrágios, três
narradores percorrem a história, as ruas e a tragédia ambiental do antigo
balneário fluminense de Atafona, no norte do estado do Rio de Janeiro. Os
relatos dos protagonistas oscilam entre o ritmo silencioso e tempestuoso das
ondas que devoram, a cada ano, cerca de três metros de suas margens. Diego
Kullman apresenta uma cidade misteriosa de elementos quase mágicos, percorrendo
momentos cronológicos diferentes, nos quais seus habitantes se entregam de
forma simbiótica a um destino conformado e dissimulado de naufrágio(s). Se em As
esquecidas ermâncias de Destino o autor estreou com uma narrativa poética
capaz de fazer um rebuliço nos sentidos, suas palavras em
"Naufrágios" também se revelam como “rabiscos de inventariar mundos”,
tornando o leitor livre para navegar em sentidos próprios. Neste novo livro
igualmente sedutor de Diego Kullmann, prefaciado por Marcelo Moraes Caetano, as
três histórias trespassam as inundações da cidade e mergulham nos universos
particulares de seus personagens, que se confundem com os gritos mudos de um
lugar de feridas abertas, sem socorro que as estanque, num espaço-tempo
paralelo ao da realidade do leitor. O livro é publicado pela editora
Jaguatirica.
Uma jornada em que as forças
humana e da natureza ditam as reviravoltas.
Patrick Sumner retorna para casa
depois de viver os horrores da Guerra dos Sipaios, na Índia. Sem perspectivas,
embarca em um navio baleeiro no qual também viaja um arpoador vil com quem ele
logo entra em colisão. Para piorar, o capitão do navio quer colocar em prática
um plano que envolve muito mais do que caçar. À medida que a bestialidade
humana e a força da natureza ditam as reviravoltas desta jornada, Sumner precisará
fazer o impensável para sobreviver. Com tradução de Daniel Galera, o livro de
Ian McGuire é publicado pela editora Todavia.
Terry Eagleton e o sentido da
vida.
“Os filósofos têm o hábito
irritante de analisar perguntas em vez de respondê-las”, escreve Terry
Eagleton, que, nestas páginas, faz a pergunta mais importante que qualquer um
de nós já fez e tenta respondê-la. Qual é, pois, o significado da vida? Nesta
investigação astuta, espirituosa e estimulante, Eagleton mostra de que maneira
pensadores ao longo dos séculos — de Shakespeare e Schopenhauer a Marx, Sartre
e Beckett — resolveram a questão. Recusando-se a se contentar com o insosso e
monótono, Eagleton revela — com uma mistura de humor e rigor intelectual,
muitas vezes irreverente, mas com um objetivo muito sério em mente — de que
maneira a questão se tornou particularmente problemática nos tempos modernos.
Em vez de encarar o tema de frente, nos refugiamos dos sentimentos de “falta de
sentido” em nossas vidas, preenchendo-os com uma infinidade de coisas
diferentes: desde futebol e sexo, até religiões New Age e fundamentalismo. Por
outro lado, observa Eagleton, muitas pessoas instruídas acreditam que a vida é
um acidente evolucionário sem significado intrínseco. Se nossas vidas têm
sentido, é algo com que conseguimos preenchê-las, não algo com que já vêm
prontas. “É provável que muitos leitores deste livro desconfiem da expressão ‘o
sentido da vida’, assim como não acreditam em Papai Noel”, escreve Eagleton.
Mas ele afirma que, em um mundo onde precisamos encontrar significados comuns,
é importante que comecemos a responder à pergunta que precede todas as
perguntas; e, para concluir, ele sugere sua própria resposta: essa não é uma
questão metafísica, mas ética. Não é algo separado da vida, mas o que faz valer
a pena viver — ou seja, uma certa qualidade, profundidade, abundância e
intensidade de vida. O sentido da vida. Uma brevíssima introdução é
traduzido por Pedro Paulo Pimenta e publicado pela Editora Unesp.
Coletânea exclusiva de contos
do autor de O amante de Lady Chatterley.
Nesta coletânea exclusiva, estão
incluídos os seguintes contos: “As filhas do pastor”, “O espinho na carne”, “Um
estilhaço de vitral”, “O oficial prussiano” e “O cigano”. Este último, que dá
título ao livro, surpreende pela lucidez do ponto de vista do autor, ainda na
década de 1920. É por meio da história da jovem Yvette, filha do vigário,
oprimida pela avó e pelas tias e pressionada pelo homem que quer lhe desposar,
que Lawrence questiona o posicionamento da sociedade. Quando a moça sai de sua
rotina e permite-se ter sentimentos por um misterioso cigano que cruzou seu
caminho, suas crenças são colocadas em xeque e ela compreende ser protagonista
de sua própria vida. O desejo permeia todas as histórias, aparecendo como importante
direcionamento na vida dos personagens. Lawrence retrata o sexo como algo
natural, parte da essência humana e que conecta o homem à natureza, tendo por
isso sido considerado imoral pela sociedade da época. Sua obra, muito mais
profunda do que a obscenidade à que foi reduzida então, traz ainda
questionamentos de caráter social e o contraste da industrialização com a vida
no campo e com as tradições. Mesmo tendo sido escrita no início do século XX, a
obra de D. H. Lawrence permanece atual e instigante. Com tradução de Alexandre
Pinheiro Torres e Maria Célia Castro, o livro é publicado pela editora José
Olympio.
Um curso para entrar na
literatura russa.
Feito para todos que se interessam
por literatura russa, este ensaio busca responder uma pergunta: por que
seguimos, ao longo de décadas, lendo, discutindo e admirando os russos? Dos
precursores até a literatura pós-soviética e dos emigrados, abordando teatro,
prosa e poesia, Irineu Franco Perpetuo nos conduz por séculos de criação
artística, iluminando e contextualizando a obra de autores como Púchkin,
Dostoiévski, Tolstói e Tchékhov. Como ler os russos é publicado pela
editora Todavia.
O ponto final da aclamada
trilogia de Rachel Cusk.
Faye está no avião, e os leitores
da trilogia de Rachel Cusk não têm dúvida de que o passageiro da poltrona ao
lado vai contar uma história, assim como na cena de abertura de Esboço.
Ao reproduzir histórias alheias, instigar reflexões em torno de autoria e
subjetividade dos relatos, Mérito consegue intensificar o impressionante
controle narrativo que marca toda a série — e consolida Cusk como uma das mais
importantes escritoras da atualidade. A tradução é de Fernanda Abreu. O livro é
publicado pela Todavia.
Livro reconstrói os bastidores
do polêmico julgamento em tribunais israelenses sobre o destino de um espólio
de Franz Kafka.
Quando Franz Kafka morreu, em
1924, seu amigo leal Max Brod não conseguiu cumprir a última instrução de
Kafka: queimar seus manuscritos restantes. Em vez disso, Brod dedicou sua vida
a defender o trabalho de Kafka, resgatando seu legado da obscuridade e da
destruição física. Quase um século depois, uma batalha legal internacional
eclodiu para determinar qual país poderia reivindicar a propriedade: o estado
judeu, onde Kafka sonhava em viver, ou a Alemanha, onde as três irmãs de Kafka
morreram no Holocausto? Benjamin Balint oferece um relato emocionante do
polêmico julgamento nos tribunais israelenses — repleto de dilemas legais,
éticos e políticos — que determinou o destino dos manuscritos de Kafka.
Traduzido por Rodrigo Breunig, O último processo de Kafka: A disputa por um
legado literário é publicado pela Arquipélago Editorial.
Nova edição e tradução de O
jardim dos Finzi-Contini.
O destino de parte dos
protagonistas deste livro está anunciado nas primeiras páginas: os campos de
concentração nazistas. Mas tudo se passa num enorme jardim na cidade italiana
de Ferrara. À medida que a Segunda Guerra desponta, a relação da jovem Micòl
Finzi-Contini com o narrador deste livro mostra suas limitações. Mas são essas
mesmas limitações que fazem desse caso de amor não correspondido um dos mais
pungentes da literatura moderna. A tradução é de Maurício Santana Dias. E o
livro é publicado pela Todavia.
REEDIÇÕES
Aclamada obra de Rachel de
Queiroz, Memorial de Maria Moura, ganha reedição.
Romance maduro de Rachel de
Queiroz, Memorial de Maria Moura traz todas as características
literárias que consagraram a escritora, a primeira mulher a entrar na Academia
Brasileira de Letras. Narrado no Brasil rural do século XIX, o livro conta a
saga de Maria Moura, personagem forte e sertaneja. Ainda nova, Maria Moura
passa por experiências dolorosas. Perde o pai e depois a mãe. O padrasto a
alicia e a violenta. E mais: sua terra, herdada, se encontra sob ameaça de
primos inescrupulosos. O agreste, a seca e a solidão poderiam ser os únicos
companheiros dessa jornada. Maria, porém, é um retrato da vontade e do desejo
da mulher nordestina, que entende o lugar de submissão em que a sociedade e a
família querem colocá-la, mas não aceita se contentar com ele. À sua volta
reúnem-se personagens apaixonados e leais, que clamam por participar de sua
luta por justiça. O sertão, a liberdade, a violência, a disputa por terras, a
religiosidade, a vontade e a emancipação feminina, a amizade e o amor são
grandes temas de Rachel de Queiroz, todos tratados nessa obra-prima, escrita
quando a autora já contava com 82 anos. Não por menos, Memorial de Maria
Moura ganhou o Prêmio Jabuti de Ficção do ano de 1993 e, no seguinte, foi
adaptada para uma minissérie homônima na Rede Globo, com Glória Pires no papel
da protagonista. O livro reeditado pela José Olympio é ilustrado pelo
gravurista Ciro Fernandes.
Nova edição de um livro que é
uma aula de jornalismo e literatura de Gabriel García Márquez.
Colômbia, década de 1990.
Encurralado por um poderoso esquema montado contra o narcotráfico, perseguido
pelas autoridades de seu país e pela comunidade internacional, Pablo Escobar, o
poderoso senhor da droga, recorre, como retaliação, ao sequestro de vários
jornalistas, entre os quais se encontram familiares de importantes
personalidades do cenário político. Abordando um tema explosivo, Gabriel García
Márquez fez uma pesquisa minuciosa antes de escrever este livro. Colheu
depoimentos de dezenas de pessoas envolvidas no drama de sequestros ocorridos
na Colômbia em 1990, incluindo o de uma amiga próxima. Notícia de um
sequestro é um livro jornalístico, uma reportagem, que narra as diversas
facetas da dramática situação vivida na Colômbia, especialmente a guerra do
tráfico de drogas e mostra o horror que não se limita apenas à sociedade
colombiana, mas que se espalha por toda a América Latina. Gabriel García
Márquez, prêmio Nobel de Literatura, lança mão de um estilo de reportagem e
assim oferece ao leitor muita ação ao focar sua narrativa tanto no cotidiano
dos cativeiros como nas negociações entre traficantes, nos dramas dos parentes
das vítimas e em como isso afeta a vida dos cidadãos colombianos. A tradução de
Erico Nepomuceno ganha reedição pela editora Record em abril de 2021.
DICAS DE LEITURA
Neste sábado é celebrado o #indiebookday.
Dia do livro independente. Trata-se de uma ação fomentada pela editora alemã
Mairisch com interesse de propiciar visibilidade ao trabalho das editoras
independentes; tudo começou em 2013 e logo foi seguido por editores do setor no
mundo inteiro, incluindo o Brasil. Para sublinhar a data, as dicas apresentadas
nesta seção levam o leitor ao encontro de alguns trabalhos recentes editados
por editoras independentes daqui.
1. Festas galantes, de Paul
Verlaine. Este livro escrito entre 1867 e 1868 ganha uma nova tradução direta
do francês. Ao que consta, existia entre nós apenas uma versão continuamente
reeditada mas há muito fora de catálogo realizada por Onestaldo de Pennafort,
um dos nossos poetas entregues ao sono do esquecidos. Trata-se de uma obra, a do poeta francês,
ainda profundamente marcada pelas influências do romantismo e do parnasianismo.
Aqui, estava inspirado pela pintura de Jean-Antoine Watteau, o que faz a poesia
repousar livre, ricamente colorida e musical, diferente, portanto, da atmosfera
pesada do livro de antes, Poemas Saturninos, seu primeiro título. A nova
tradução é do também poeta Ricardo Silvestrin, conta com prefácio de Leonardo
Antunes, as inspiradoras artes de Watteau e é editada pelo selo Class, da
editora Bestiário.
2. Irmão de alma, de David
Diop. O escritor francês iniciou sua carreira literária com a publicação de L’Attraction
universelle. Este romance, que enlaça o tempo histórico da Segunda Guerra
Mundial com as questões coloniais, data de 2018 e é o segundo trabalho do
gênero. Entre nós, sua primeira tradução — por Raquel Camargo. A narrativa acompanha
um instante-limite decorrente de uma das manobras de guerra no front envolvendo
dois escaramuçadores senegaleses entre os que lutavam sob bandeira francesa. O
livro foi publicado no Brasil pela editora Nós.
3. Vida à venda, de Yukio
Mishima. A obra do escritor japonês muito que esteve entre os interesses editoriais
brasileiros, mas são vários os inéditos que ainda desconhecemos. Até o final de
2020, este era um desses títulos. É um dos últimos escritos antes da sua morte;
apareceu entre maio e outubro de 1968 na Playboy do Japão; quando
reeditado em 2015 logo se tornou um Best-Seller, alcançando uma adaptação numa
série de dez capítulos para televisão. A narrativa se desenvolve em torno de um
desiludido publicitário que, depois de um suicídio fracassado decide colocar a
vida à venda. A tradução direta da língua japonesa é de Shintaro Hayashi
e foi publicada pela editora Estação Liberdade.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. Assim como não se sabe da obra
de Onestaldo de Pennafort, também o aniversariante deste 19 de março, Menotti
Del Picchia, é, quando muito citado pela sua atuação na Semana de Arte Moderna
de 1922. Lembramos o poeta paulista nestes quatro poemas disponibilizados pelo blog da Revista 7faces.
BAÚ DE LETRAS
1. Nesta semana, publicamos um
texto sobre um romance anunciado numa das edições do Boletim Letras 360º e
depois recomendado na seção Dicas de Leitura de outra desta publicação. Falamos
sobre Senhores do orvalho, livro que nos apresentado pela primeira vez
em 1954 pela mão de Jorge Amado. A nova tradução foi editada em 2020 pela
editora Carambaia. Pois bem, aproveitamos para recordar a tradução deste texto
sobre o autor Jacques Romain, considerado introdutor do modernismo na prosa
haitiana.
2. Recobrando o assunto da chegada
do livro Rodrigo Breunig ao Brasil pela Arquipélago Editorial, O último processo de Kafka: A disputa por um
legado literário, o Letras acompanhou entre 2011 e 2012 o andamento da
novela em torno dos arquivos originais do escritor. Podem recordar na sequência
em três posts: (a) aqui, quando a questão foi citada; b) depois, quando
encaminhada, incluindo as especulações sobre o desfecho do caso; e (c) e aqui
quando resolvida.
* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
Comentários
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joaquim