Boletim Letras 360º #411
DO EDITOR
1. Saudações, leitor! Na segunda-feira,
25, retornamos com as postagens diárias aqui no blog. Aproveito a ocasião, para
refazer o convite que divulgamos há algumas semanas nas redes sociais do Letras
e que registrei aqui na edição anterior deste boletim. Falo sobre a
chamada para novos colunistas. Se já conhece o blog (ou passou a conhecer
agora) e tem interesse em compor nossa equipe, então, envie sua inscrição.
2. É simples. O interessado deve enviar pelo correio eletrônico blogletras@yahoo.com.br
até o dia 1º de fev. de 2021 o seguinte: um resumo biográfico que contenha seu
nome, fale sobre experiência de leitura e com a escrita (se já publicou, onde,
quando, como ― essas coisas) e sobre o interesse em compor a equipe de
colunistas do Letras (qual sua relação com o blog, desde quando o
conhece, como conheceu etc.); e três textos (exceto conto, crônica e poema)
observando as normas de publicação do Letras. Elas estão disponíveis aqui.
3. Os resultados devem sair até o final de fevereiro.
4. Obrigado pela atenção. E vamos
às notícias da semana publicadas em nossa página no Facebook? Boas leituras!
Gonçalo M. Tavares. Foto: Gonçalo Rosa da Silva. Uma das obras mais ambiciosa do escritor português ganha 1.ª edição no Brasil. |
LANÇAMENTOS
Chega ao Brasil livro de um dos mais inventivos escritores da literatura portuguesa contemporânea perpassa várias formas artísticas
Neste inigualável Atlas, Gonçalo M. Tavares atravessa a literatura, o pensamento e as demais formas de arte, da dança à arquitetura, usando palavras e imagens para tratar de temas como identidade, tecnologia, morte e relações amorosas; esmiuçando os conceitos de cidade, racionalidade, alimentação e muito mais. Ampliando fragmentos, o autor mapeia e põe ordem à confusão do mundo, com discurso ilustrado por fotografias d’Os Espacialistas, coletivo de artistas plásticos. Um livro para ler e ver, com sua narrativa delineada pelo próprio leitor-espectador, através de reflexões visuais que nos conduzem pelo labirinto que é o mundo onde vivemos. Atlas do corpo e da imaginação é publicado pela Dublinense.
Mulheres abandonadas. Depois de
publicar contos, Natalia Timerman comprova a versatilidade de sua escrita num
mergulho de fôlego no mundo psíquico de sua protagonista.
Desde sempre, a literatura é
permeada de poemas e ensaios, histórias trágicas de figuras fascinantes, como
Medeia e Dido, que se desfazem diante do abandono masculino. Emma Bovary e Anna
Kariênina, personagens inesquecíveis, também sucumbem. A mesma Simone de
Beauvoir de O segundo sexo escreveu A mulher desiludida,
antologia de contos sobre personagens despedaçadas, uma delas por essa mesma via.
No século XXI, Elena Ferrante atualiza a tradição, criando personagens que
definham ou enlouquecem depois de dispensadas ― é o caso de Olga, em Dias de
abandono, que se vê confrontada com novas questões: Como pode uma mulher
padecer “de amor” nos anos 2000? A própria ideia de abandono já não soa
anacrônica em nossos dias. Agora é a vez de Natalia Timerman e seu Copo
vazio. O romance conta a história de Mirela, uma mulher inteligente e
bem-sucedida, que acaba submergida em afetos perturbadores quando se apaixona
por Pedro. O livro perscruta a vulnerabilidade de sua protagonista sem
constrangimentos. Há algo de ancestral, talvez atemporal, no sofrimento de
Mirela, que ecoa a dor de todas essas mulheres. Mas há também elementos
contemporâneos: a forma de vida nas grandes cidades e as redes sociais são
questões que acentuam os dilemas. Mirela tem emprego, apartamento, família e
amigos, porém parece ser bastante solitária. Quando conhece Pedro, ela se
preenche de energia e entusiasmo, e fica obcecada não só por ele, mas por essa
versão de si mesma. O que fazer quando ele desaparece de repente, sem
explicações? Depois de publicar contos, poemas e ensaios, Natalia Timerman
comprova a versatilidade de sua escrita num mergulho de fôlego no mundo
psíquico de sua protagonista. O livro é publicado pela editora Todavia.
O terceiro romance de Chico
Lopes junta apaixonados por literatura vivendo desadaptados com suas ideias.
Uma cidade pequena, no interior
paulista nos anos 1990, sufoca dois amigos, ambos apaixonados por Literatura.
Bruno e Siqueira são casos à parte, vivendo desadaptados com suas ideias e
aversões. A eles se junta Otávio, homossexual proscrito da classe dominante, em
noites nos bares da cidade, tentando encontrar alguma vida entre muralhas. A
repressão sexual, o machismo, o racismo são seguros prenúncios de um
conservadorismo que voltaria à tona com toda força na atualidade. Sob o Governo
neoliberal daqueles anos, sopros de novidade tecnológica e um partido
modernizador mal se sustentam contra o sólido atraso dos fazendeiros. A
nostalgia dos anos 1960 retorna através do pai desconhecido de Bruno, hippie de
identidade sul-americana imprecisa que um dia passou por Verdor. Em torno do
trio Bruno, Siqueira e Otávio, circularão personagens num mosaico muito preciso
de preconceitos, desilusões e ignorâncias, especialmente na esfera da política
municipal de cartas marcadas e nas diferenças de classe hipocritamente
mascaradas. A ponte no nevoeiro é publicado pela editora Laranja
Original.
Margo Glantz faz uma viagem
pelo mundo e por suas emoções (tanto as profundas, eco da memória, quanto as
banais, dos burburinhos cotidianos).
Este livro ― de gênero
inclassificável e que em suas mais de duzentas páginas possui apenas um único
parágrafo ― inicia-se e é movido pela seguinte pergunta: “Ao ler as notícias,
como decidir o que é mais importante?” A partir daí, nesse universo cheio de
novidades, Margo Glantz faz uma viagem pelo mundo e por suas emoções (tanto as
profundas, eco da memória, quanto as banais, dos burburinhos cotidianos), e nos
mostra através de um mosaico ora trágico ora cômico a complexa tarefa que
enfrenta o indivíduo que quer se estabelecer no mundo e, pior ainda, entender o
que está acontecendo ao seu redor. Em E por olhar tudo, nada via, Glantz
recorre a uma das maiores marcas de sua obra narrativa: a escrita fragmentária.
Herdeira de uma tradição que vai de Walter Benjamin a David Markson, a
escritora mexicana coloca na mesma página os horrores do ISIS e os vícios de
Charlie Sheen; o exílio dos beija-flores de seu jardim e as consequências do
ecocídio que ocorre em escala planetária; os aforismos de Kafka e relatos
terríveis de feminicídios no México e outros países ao redor do mundo; a
descoberta de um sistema solar próximo ao nosso e a extinção das abelhas.
Usando sua sensibilidade e erudição como pontas de lança, Glantz nos oferece
uma colagem de emoções, imagens, dados e reflexões que em seu eco estrondoso
nos obriga a parar ao longo do caminho para refletir sobre a melhor maneira de
continuar na árdua tarefa de caminhar por este mundo. A tradução de Paloma
Vidal é publicada pela Relicário Edições
O Van Gogh que surge destas
páginas não é apenas o gênio instável e atormentado, mas um artista consciente
dos mínimos aspectos de seu ofício, ao qual se via ligado como a uma
predestinação religiosa.
A obra crítica de Rodrigo Naves
caminha em tensão permanente entre as noções de forma e história. Seu livro A
forma difícil, lançado originalmente em 1996, é um marco na interpretação
da arte brasileira. A partir de leituras minuciosas das obras de Guignard,
Volpi, Debret e Amilcar de Castro, Rodrigo discute a dificuldade de emancipação
da forma moderna na arte brasileira. Em seus ensaios, a análise da
materialidade específica de cada trabalho é sempre o ponto de partida. Não é
diferente nesta poderosa interpretação da obra de Van Gogh. Atento à fatura expressiva
das icônicas telas do artista holandês, Rodrigo procura entendê-las à luz da
ideia de salvação, profundamente enraizada na formação protestante do pintor
(seu pai era pastor de orientação calvinista e ele próprio foi pastor
assistente). As consequências críticas do argumento são inúmeras — e contribuem
para uma imagem mais nuançada da trajetória do artista, refém de incontáveis
estereótipos associados à genialidade e à loucura. O Van Gogh que surge destas
páginas não é apenas o gênio instável e atormentado, mas um artista consciente
dos mínimos aspectos de seu ofício, ao qual se via ligado como a uma
predestinação religiosa. A liberdade de referências típica dos mais prendados
ensaístas, o rigor da análise formal — devedor de exigentes leituras de estética
—, a limpidez do estilo, a originalidade dos pontos de vista, a assertividade
das opiniões, o espírito de provocação, todos esses predicados da influente
obra de Rodrigo Naves se fazem presentes neste ensaio. Como nos quadros do
pintor holandês, vaza luz das páginas deste livro. E ela nos ajuda a enxergar
com mais nitidez os enigmas do mundo lá fora. Van Gogh. A salvação pela
pintura é publicado pela editora Todavia.
Livro apresenta, pela primeira
vez aos leitores brasileiros, a poesia de Edith Södergran.
Atenções esparsas é
uma coleção de aforismos publicada pela primeira vez em 1919 que, na presente
edição brasileira, inclui o primeiro manifesto nórdico da literatura. Para
Södergran, aforismos são expressões de autoconsciência e altivez do novo Eu
modernista. Esse Eu moderno nasce aqui, porém, como mulher. Cada aforismo
apresentado está carregado de sentimentos líricos. Muitos são genuinamente
provocativos, no sentido mais próprio do termo ― o que sem ser óbvio e nem o
mesmo para todos, faz com que cada leitor em algum momento ou outro só
compreenda a provocação ao senti-la. Traduzido e apresentado por Cecilia
Schuback, Atenções Esparsas chega pela primeira vez ao Brasil mais de 100 anos
depois e em edição especial da USINA.
Em um misto de mito, história e
memória, Morte na água é uma das obras-primas de Kenzaburo Oe, que
trabalha com maestria ao desenvolver a narrativa de um trauma pessoal que é
também o trauma de uma nação.
Conhecido por sua aguda capacidade
de observação da alma humana, Kenzaburo Oe é um dos principais romancistas
contemporâneos. Ganhador do prêmio Nobel de literatura, seus livros angariam
leitores em todo o globo. Em Morte na água, acompanhamos o escritor
Kogito Ch?k? – alter ego do próprio Oe – em sua luta pela inspiração para seu
próximo livro, que o leva de volta à sua cidade natal em busca de informações
que expliquem melhor a morte de seu pai. A intenção de Kogito é escrever um
romance a partir do que coletar, mas ele acaba se vendo em meio a questões
muito mais profundas que envolvem desde traumas pessoais até descobertas que
remontam à Segunda Guerra Mundial. O relacionamento turbulento entre pai e
filho emerge com toda força, além da culpa de Kogito por não ter estado
presente na noite em que o pai se afogou. É Asa, sua irmã, quem traz para a
narrativa um grande baú vermelho que pode conter as explicações que o
protagonista tanto procura. Ao analisar a busca por um legado particular mas
também nacional, Kenzaburo Oe constrói um romance inesquecível sobre traumas
pessoais e coletivos, e sobre como as narrativas que construímos para nós
mesmos podem se mostrar frágeis. A tradução é de Leiko Gotoda e publicada pela
Companhia das Letras.
Livro reúne cinco ensaios de
Paul Valéry.
O grande poeta Paul Valéry
(1871-1945) foi também um ensaísta com vasta e importante produção. Escreveu
sobre os mais variados assuntos – desde a dança, passando pela pintura, pela
política e pela filosofia. Estão reunidos nesse livro seus mais relevantes ensaios
de filosofia. O leitor verá que é amplíssimo o leque de interesses do ensaísta.
Há textos sobre autores como Nietzsche e Edgar Allan Poe, sobre o ofício do
cirurgião, o corpo e o sonho. Há também um primoroso estudo sobre Leonardo da
Vinci e a filosofia. Nesse conjunto de reflexões de filosofia se destacam os
textos sobre Descartes. À primeira vista pode parecer intrigante o interesse do
poeta pelo pensador que fundou o racionalismo na Filosofia Moderna. A leitura
dos ensaios sobre o grande filósofo mostra que Valéry mergulhou fundo em sua
obra e operou uma espécie de transmutação de tudo que tem sido dito sobre
Descartes. São cinco ensaios que obrigam o leitor a deixar de lado o já
conhecido para se aventurar na descoberta de um novo Descartes. A força de
pensamento encontrada nos ensaios de Valéry explica-se pelos caminhos livres na
filosofia que a poesia entreabre. Se fosse possível resumir em uma fórmula,
Valéry explora o que há entre o Ser e o Não-ser. Ele incorpora ao pensamento
uma dimensão temporal, de modo que é possível afirmar que a sua é uma filosofia
do sendo. A arte de pensar é publicado pela coleção Ensaios
Contemporâneos, coordenada por Eduardo Jardim. A tradução é de Marcia Sá
Cavalcante Schuback.
O romance entre os cinco
melhores livros de autores com menos de 35 anos numa seleção anual promovida
pela prestigiosa National Book Foundation, nos Estados Unidos.
Vencer é mesmo importante? Falhar
é uma falta mortal? Tais indagações atravessam este romance de estreia de
Anelise Chen, uma nova e original voz na ficção contemporânea, que figurou em
2019 entre os cinco melhores livros de autores com menos de 35 anos numa
seleção anual promovida pela prestigiosa “National Book Foundation”, nos
Estados Unidos. Tudo começa quando um dos melhores amigos de faculdade de
Athena (a narradora) comete suicídio. O evento transtorna sua vida a tal ponto
que ela começa a se perguntar o quanto estamos presos às narrativas de vitória.
Algo que lhe é especialmente caro e relevante, pois está desenvolvendo uma
pesquisa na área de esporte — o que ela acreditava que a poderia salvar do
cinismo. Nessa mistura de escrita personalíssima, meditação sobre perdas e
ganhos e uma série quase infindável de episódios em torno da história dos
esportes, Esforços olímpicos seduz pelo brilhantismo narrativo. É, além disso,
uma profunda reflexão sobre não se deixar abater pelas inevitáveis derrotas
propiciadas pela vida. A tradução de Esforços olímpicos é de Rogerio W.
Galindo e é publicada pela editora Todavia.
Uma editora para George Orwell
no Brasil.
Pelo menos oito casas editoriais
anunciaram entre o final de 2020 e início deste ano a publicação dos principais
romances de George Orwell ― 1984 e A revolução dos bichos. A
febre se motiva pela entrada da obra do escritor em domínio público. Agora,
além desses títulos, a editora Camelot publica o que é uma coleção de títulos
pouco conhecidos entre nós, apesar de já publicados no Brasil. Entre eles,
estão: Na pior de Paris e Londres (1933), o primeiro romance, quando
Orwell ainda seguia seu nome original, Eric Arthur Blair, e que relata o drama
da fome nas classes miseráveis em duas das cidades-polo da Europa; A flor da
Inglaterra, livro publicado em 1936, e que acompanha a vida de Gordon
Comstock, um poeta frustrado, revoltado contra o capitalismo; e O caminho
para Wigan Pier (1937), romance que mostra o trabalho numa mina de carvão
em condições insalubres e toda a vida miserável em seu entorno. Além desses
títulos, a casa edita também Um pouco de ar, por favor (1939) e Dias
na Birmânia (1934).
Edição bilíngue reúne os mais
importantes poemas de um dos maiores poetas de língua inglesa, John Keats.
Nascido em Londres em 31 de
outubro de 1795, John Keats é sem dúvida um dos mais importantes poetas da
língua inglesa. Costuma-se dizer que teria sido até maior que Shakespeare se a
tuberculose não o houvesse levado prematuramente aos vinte e seis anos. Nos
legou em apenas sete anos de trajetória poética verdadeiras obras primas como
“Ode a um rouxinol”, “Ode a um vaso grego”, “Ode à melancolia”, “No mar”,
“Escrito no cimo de Ben Nevis”, “Ao outono”, entre outras. No longo poema
“Véspera de Sta. Agnes”, os versos se sucedem num solene fluxo imagético,
engendrado como uma insólita montagem cinematográfica. Em Keats, o preciosismo
e a ornamentação de linguagem mesclam-se à invenção verbal e à melissonância do
verso como dificilmente podemos encontrar em outro poeta inglês. Esta tradução
de Alberto Marsicano e John Milton, caracteriza-se, antes de tudo, pela extrema
fidelidade e alta definição do significado poético, revelando o profundo
sentido filosófico que imanta estes versos. Apresentamos aqui alguns dos mais
inspirados escritos deste poeta cujo nome “estava escrito em água”. Da poesia
é publicado pela editora Iluminuras.
A Coleção Jornalismo Literário,
editada pela Companhia das Letras, ganha novo título.
Muito antes de escrever suas
obras-primas, 1984 e A fazenda dos animais, o jovem George Orwell
trocou a Inglaterra pela Espanha, onde alistou-se à milícia socialista POUM
para enfrentar os fascistas liderados por Franco. A experiência, narrada com
honestidade e sem recorrer a artifícios romanescos, é a matéria de Homenagem
à Catalunha, livro que rendeu os primeiros momentos de fama do autor. A
edição conta com tradução de Claudio Alves Marcondes e posfácios de Lionel
Trilling e Christopher Hitchens, inéditos em português.
Inédito no país, o público
brasileiro passa a ter à disposição um dos textos inaugurais do teatro
pós-dramático e da dramaturgia de Botho Strauss.
No verão de 1975, integrantes de
uma associação artística se reúnem para um vernissage. Ao caminharem pelos
corredores da exposição, amigos, casais e desafetos observam não apenas as
obras, mas também a si mesmos. Moritz, o diretor do grupo e curador da mostra,
que planeja abri-la ao público em seguida, tem como empecilho Kiepert, membro
importante da associação que pretende impedir a estreia. Essa intenção, embora
justificada pela crítica à curadoria, na realidade mais parece ser motivada
por razões pessoais. Partindo dessa premissa dramática, bem como da observação
das telas dispostas na mostra (sobretudo pinturas pertencentes ao chamado
realismo), Trilogia do reencontro tematiza as inter-relações (ou a
ausência delas) de indivíduos mergulhados em suas próprias subjetividades,
espelhando assim a fratura dos vínculos pessoais e afetivos de um setor intelectualizado
da classe média. Inspirada em Os veranistas, de Maksim Górki, a peça
coloca, ainda, a questão das representações, isto é, das realidades oferecidas
pela pintura, pelo teatro, pela fotografia e pela literatura, como seu mote
central, construindo, a partir dos diálogos entre os personagens, um tratado
filosófico sobre arte e, sobretudo, sobre os realismos. Inédita no país, o
público brasileiro passa a ter à disposição um dos textos inaugurais do teatro
pós-dramático e da dramaturgia de Botho Strauss que, não obstante o papel que
representou para o teatro contemporâneo, ainda permanece quase desconhecido no
Brasil. A tradução é de Alice do Vale e o livro é publicado pela Temporal
Editora.
REEDIÇÕES
Lançado pela primeira vez no
início dos anos 2000, Jesus Kid ganha agora uma nova edição, completando
assim a coleção dos romances de Lourenço Mutarelli pela Companhia das Letras.
Escritor de livros de faroeste,
Eugênio está passando por uma fase difícil. Ele é famoso pelos romances
estrelados por Jesus Kid, mas faz algum tempo que suas vendas estão indo
de mal a pior. A luz no fim do túnel parece ser o convite de um diretor de
cinema: ele quer que Eugênio escreva um roteiro de filme. Contudo, para escrever
esse roteiro, Eugênio deve ficar três meses isolado em um hotel de luxo, sem
poder sair nem ter contato com o mundo que conhece. Partindo dessa premissa,
Mutarelli constrói uma crítica mordaz ao mercado editorial e ao mercado do
cinema ― por onde circula há anos. Trazendo para Eugênio muito de sua própria
personalidade, o autor mostra como a parte comercial da cultura pode ser
perversa com aqueles que nela atuam.
A Companhia das Letras reúne
numa caixa suas duas edições especiais para 1984 e A fazenda dos
animais.
Dois dos romances mais
emblemáticos do século XX, reunidos em uma caixa especial para colecionadores.
Em um projeto gráfico com capa em tecido, corte impresso e ensaio visual das
artistas brasileiras Regina Silveira e Vânia Mignone, as novas edições de 1984
e A fazenda dos animais trazem apresentação do crítico Marcelo Pen e
ensaios que dão conta da história da recepção crítica dos romances desde o seu
lançamento. São textos inéditos no Brasil de autores como Golo Mann, Irving
Howe, Raymond Williams, Thomas Pynchon, Homi K. Bhabha, Martha C. Nussbaum,
Bernard Crick, Edmund Wilson, Harold Bloom, Daphne Patai, George Packer, entre
outros, verdadeiros guias de leitura para mergulharmos no universo de Orwell. A
fazenda dos animais conta também com nova tradução, feita por Paulo
Henriques Britto, e um texto exclusivo relembrando a história das edições
brasileiras do romance e abordando ligações entre política e literatura ― e o
que levou o livro a ter sido conhecido como A revolução dos bichos no país.
Um dos romances moçambicanos
mais renomados do século XX, ganha reedição na coleção de bolso da Companhia
das Letras.
Rami é uma esposa fiel e
subserviente. Ela faz o que manda a tradição, mas nem assim consegue ser amada
por Tony, com quem é casada há vinte anos. Certo dia, Rami descobre que o
marido tem várias amantes ― e filhos ― por todo o Moçambique, e decide
conhecê-las uma a uma. “Eu, Rami, sou a primeira-dama, a rainha mãe. […] O
nosso lar é um polígono de seis pontos. É polígamo. Um hexágono amoroso”, diz.
A partir desse encontro surpreendente, todas terão suas vidas completamente
transformadas. De origem humilde, Paulina Chiziane foi a primeira mulher
moçambicana a publicar um romance ― apesar de não se considerar romancista, mas
uma contadora de histórias. Em Niketche, ela mistura bom humor,
consciência social e lirismo para traçar um vigoroso painel da condição
feminina e da sociedade de seu país.
OS LIVROS POR VIR
Novos livros de Patricia
Highsmith em edição.
No dia quando se passam cem anos
do nascimento de Patricia Highsmith, 19 de janeiro de 2021, a editora
Intrínseca anuncia para o mês de abril a publicação de dois novos títulos da
escritora estadunidense. São eles: O talentoso Ripley e Ripley
subterrâneo. Os livros formam parte da série de consagrou o reconhecimento
de Highsmith. Formado por cinco romances, a obra acompanha o aparecimento e a
construção da vida dissimulada, ou da mentira como forma de vida. Recentemente,
a casa editorial, reeditou Em águas profundas.
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