Os melhores de 2020
Ilustração: Ilya Milstein Será repetir o óbvio ao dizer que este 2020 guardou o pior das expectativas que levantamos todo final ano para o tempo por vir. O mais doloroso, entretanto, é descobrir a esta altura, com quase todos os doze meses de reclusão, que pioramos um pouco mais como cidadão e como humanidade. Esses duros tempos podem ter produzido uma ou outra variação de ritmo em nós, mas, no geral, as perspectivas são nada animadoras. Não é um discurso fatalista, mas custa ser positivista numa ocasião quando assistimos a vigarice, o mau-caratismo, a desumanidade, o cinismo, o negacionismo gratuito, o medíocre, a parvoíce triunfarem. Ao mesmo tempo, toda a carestia desse tempo cobra o que mais nos falta: um desvio para a civilização e para o humano. Mas, este outro caminho se mostra, mais ou menos visível, não com expectativas e sim com atitude. O possível se realiza pela ação. E, uma alternativa para melhor, consiste numa reeducação dos sentidos; aguçá-los para a crítica, para o