Entre Croce e Sainte-Beuve: Carpeaux e os caminhos da crítica
Por Guilherme Mazzafera No que constitui uma de suas primeiras reflexões em terras brasileiras sobre o ofício da crítica literária, Otto Maria Carpeaux procura qualificar dois termos-chave de seu vocabulário crítico, expressos no título do ensaio: “Situação e presença: algumas reflexões sobre a crítica literária”. 1 Ao propor uma reavaliação radical dos conceitos históricos postulado por Charles Sainte-Beuve e Benedetto Croce, Carpeaux estabelece uma oposição entre tais abordagens: “Sainte-Beuve parte do homem e Croce parte da obra, e parece que estes dois métodos levam a triunfos e a derrotas igualmente opostos.” Sainte-Beuve seria incontestável no que se refere ao passado literário, impregnando sua recepção até o presente vivido por Carpeaux. Por outro lado, seria surdo às manifestações da atualidade, pós-1830, ignorando autores como Stendhal, Balzac, Hugo, Flaubert, Musset e Nerval. Croce, por outro lado, embora tenha sido por muito tempo “o juiz e a consciência da literatura conte