Para o meu coração num domingo, de Wisława Szymborska
Por Pedro Fernandes Wislawa Szymborska. Foto: Judyta Papp Há uma variedade de possíveis ao alcance do poeta e todos eles materiais para um poema. Todo poema, mesmo que rarefeito, ainda é um acontecimento. Mas, a ruptura total com uma espécie de sagração da poesia foi, sem dúvidas, a mais importante das revoluções criativas colocada em curso desde sempre. Agora, se o mundo como um reino infinito, do ínfimo ao transcendente, dos materiais visíveis aos imaginativos, pode significar a grande conquista do poeta, ampliaram-se os desafios. Quer dizer, nada se tornou mais fácil; quanto mais a criação se aproxima do mundo material maior se revela a sua complexidade. Afinal, o poético nunca é pura transferência de um mundo para outro. Tudo pode resultar num poema, mas a sua autonomia exige do criador certo domínio que consiste basicamente no convívio ao natural com sua própria técnica. Não se trata de saber os temas possíveis ao poema e sua organização formal e estrutural e sim de estabelecer